Cristiano Ronaldo bisou mas desta vez os golos só foram quase decisivos... Foto - MIGUEL NUNES
Cristiano Ronaldo bisou mas desta vez os golos só foram quase decisivos... Foto - MIGUEL NUNES

Já com dois pés no Mundial… houve triste sina no final (crónica)

Seleção esteve a perder, depois a ganhar e acaba a empatar e a adiar a qualificação para o Campeonato do Mundo. Cristiano Ronaldo assumiu-se como cabeça de lista nacional, bisou mas não chegou, porque aos 90+1’ Szoboszlai provou que não se deve deixar para amanhã o que podia ter ficado arrumado hoje…

Estava quase: aos 90’ Portugal tinha não um, mas os dois pés no Mundial, porém triste sina no final adiou a qualificação que em Alvalade se dava já como praticamente certa. Cristiano Ronaldo assumiu-se como presidente e cabeça de lista nesta candidatura portuguesa a marcar presença no campeonato do Mundo, com os dois golos nacionais, mas Szoboszlai aos 90+1’ gelou a festa lusitana e adiou-a para novembro.

Portugal não se assume como um simples candidato, vai nas sondagens bem colocado e perfila-se como favorito à vitória final como nunca antes se tinha assumido mas não pode facilitar como muitas vezes facilita, com jogos em que peca na finalização e depois chora as mágoas de uma vitória que lhe escapa por entre as fisgas dos dedos. Como esta terça-fera.

Sentia-se a vibração em Alvalade. Era mais um jogo de Portugal nesta data FIFA, o segundo no estádio lisboeta, mas não era mais um jogo, era o duelo que podia valer a qualificação de Portugal para o Campeonato do Mundo. Da vitória com a Irlanda – 1-0 no sábado –, o selecionador nacional tinha prometido duas ou três mudanças no onze e se Roberto Martínez o admitiu mais depressa o fez, Nélson Semedo no lugar de Diogo Dalot na lateral-direta e a obrigatoriedade de substituir Gonçalo Inácio na zonal central da defesa, devido à lesão do defesa do Sporting, que foi dispensado e abriu a porta do onze a Renato Veiga. Não chegou às três mas foram duas as mudanças operadas pelo selecionador nacional.

Olhos postos nas quatro linhas de Alvalade, ouvidos à escuta no Irlanda-Arménia, que vitória lusa e derrota ou empate arménio serviam a festa. Com olhos na baliza despertou Portugal para o jogo, Cristiano Ronaldo a ameaçar pela primeira vez aos 5’ num remate perigoso por cima que no entanto apenas enganou o que para os húngaros começa a ser tradição quando jogam contra a equipa das quinas: marcar primeiro. Szalai, aos 7’, finalizou de cabeça ao segundo poste no canto que se seguiu ao perigo que Sallai levara dois minutos antes à baliza de Diogo Costa – 5.ª vez em 16 jogos que os magiares marcam primeiro frente a Portugal, embora sem conseguirem vencer qualquer encontro.

Das bancadas veio o mote: aplausos, gritos de ‘Portugal, Portugal’ e a Seleção Nacional a pressionar alto para encostar a Hungria atrás. Os húngaros já tinham as linhas bem fechadas, porém ameaçando sempre que a bola lhes assentava nos pés, saídas rápidas e sempre ameaçadoras a avisarem a Seleção Nacional para não se distrair quando era preciso correr para trás.

Vitinha pegava no jogo, procurando ora os espaços interiores ora a largura na alas, onde Nuno Mendes e Nélson Semedo furavam a ajudar a criar superioridade e perigo e ambos com assistências para golos. Ter Vitinha é meio caminho andado até à área adversária e ter Cristiano inspirado na zona de finalização é o outro meio caminho que falta percorrer. Pois esta terça, como é hábito nos jogos decisivos que valem carimbos para grandes competições, o cabeça de lista da equipa nacional estava letal, venenoso como cascavel a empatar aos 22’ e a gritar do fundo da alma o 2-1 aos 45+3’, que numa ocasião destas Portugal tinha de ir na frente para intervalo – e na Irlanda a Arménia não ganhava…

Para a segunda parte veio Ronaldo com mais um recorde, 41 golos em fases de qualificação para mundiais, o guatemalteco Carlos Ruiz, que marcou 39, ultrapassado já em dois. E veio Portugal com mais vontade de fazer o terceiro do que segurar a vantagem, como se exige a um verdadeiro candidato à cadeira do poder. Uma, duas, três vezes a bola a rondar as redes magiares por Nélson Semedo, (50’), Pedro Neto (53’) e Cristiano (58’) mas sobretudo quando Rúben Dias e Bruno Fernandes, aos 60’ e aos 61’, atiraram com estrondo ao poste. Estava a triste sina do adiamento da qualificação a começar a ser escrita e os golos decisivos de Ronaldo a deixarem de os ser…

Martínez mexeu, tirou Bruno Fernandes, Pedro Neto e Ruben Neves e lançou Francisco Conceição, João Félix e Palhinha. Também Gonçalo Ramos no lugar de Ronaldo, já esgotado, mas a ouvir a merecida ovação da noite. E depois Nuno Tavares para a vez de Nuno Mendes.

Na direita, Conceição ainda tentou espalhar brasas mas Portugal perdeu chama e ligação, sem no entanto parecer comprometer a festa… Até que um sinal da barra meteu a Seleção em sentido, Szalai a ter o mesmo azar dos ferros que antes tinha tido Rúben Dias e Bruno Fernandes.

Em Alvalade já se festejava, porque da Irlanda escutava-se o eco da derrota da Arménia. Tudo corria bem até que Szoboszlai deu lição a Portugal, empatou e fez ver à Seleção que não deve festejar antes de tempo, sobretudo quando não fecha o jogo como devia fechar... Portugal deixa para novembro o que podia ter feito esta terça-feira. Só falta um ponto mas podia estar já tudo fechado…

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