«Proença? Dizem que é um deus, mas nada fez pelo futebol português»
- Caso seja eleito presidente do Benfica, como é que vai resolver o problema com Pedro Proença?
- Eu não vou resolver problema algum, quem criou os problemas foi o presidente da Federação. E não foi só ele, acho que o Benfica devia ter tomado uma posição nas eleições da FPF. E logicamente aquele manto verde que está lá. Tinha também de ser azul, vermelho, verde, tinha que ser... Não podia ser de uma cor só.
- Frederico Varandas disse que Proença fez um mapeamento na Federação das afinidades clubísticas e 38 por cento dos órgãos sociais eram do Benfica.
- Nem quero falar disso. Mas Frederico Varandas está a fazer um trabalho extraordinário. Ele zelou pelos interesses do Sporting, nós é que não zelámos pelos nossos. E o FC Porto também não zelou. Eu já contei o que se passou na Liga há uns anos, fui eu que liguei para o presidente Pinto da Costa e disse-lhe: ‘temos de nos juntar, temos que falar seriamente sobre isto’. E ele disse íamos resolver o problema. Encontrei-me eu, o Domingos, o Antero, o António Salvador e o Júlio Mendes no Hotel das Lágrimas em Coimbra.
- Sem ninguém do Sporting…
- Naquela altura era impossível falar com Bruno de Carvalho. Na reunião eu disse que tínhamos de acordar uma coisa: ninguém do FC Porto ou do Benfica poda ficar nos órgãos sociais. Ou seja, não há interesse algum. Aquilo foi de tal forma tão transparente que quando nos reunimos a segunda vez, pronto, ficou logo decidido. Ele queria uma determinada pessoa [para presidente da Liga], eu disse que esse homem era do FC Porto e não podia ser. ‘Então escolhe tu’ e eu indiquei o nome de Luís Duque, cuja entrevista que ele dera a A BOLA estava a ler nesse dia. Para a Assembleia Geral foi moeda ao ar entre o [António] Salvador e o Júlio [Mendes]. E o Salvador foi o presidente da Assembleia Geral. O resto dos órgãos sociais foram os outros clubes que trataram disso tudo.
- Mas defende um modelo de moeda ao ar?
- Eu não defendo moeda ao ar, defendo é que o Benfica tem de zelar pelos seus interesses. Neste momento não zelou e foi altamente prejudicado. Não tenho dúvidas nenhumas. Alguém vai acreditar que não foi prejudicado gravemente?
- Mas um erro de arbitragem é um facto, outra coisa é o que está por trás…
- Nada estou a insinuar. Mas sei bem as ligações que estas pessoas todas têm, não sou anjo algum. Eu sei o que é que tive que lutar para, na realidade, também andar livre e ter a certeza que as coisas iam caminhar às direitas. Não estava a ser ultrapassado. E o Benfica, neste momento, foi largamente ultrapassado e não sei como é que vai recuperar.
- Mas sabe que os seus rivais dizem que o Benfica ultrapassou em demasia…
- Acha? Basta olhar para as equipas do Benfica para ver se o Benfica tinha necessidade de alguma coisa.
- Mas como serão as relações a partir de dia 25, se vencer as eleições?
- Já disse 30 vezes, logicamente que a minha relação com ele não vai ser uma relação boa. Será possível que andou toda a gente distraída, que não percebia que havia um manto verde ali metido? É só Sporting, Sporting, Sporting. Isto foi feito propositadamente. Não digam, como ouvi agora o Sr. Pedro Proença dizer, que só está lá gente competente. Então o Benfica não tem gente competente, o FC Porto não tem gente competente, o SC Braga não tem gente competente, são tudo uma cambada de incompetentes? Para a Federação, se calhar é preciso ser sócio do Sporting para ser competente.
- Mas isso lá vai com uma mudança de pessoas em determinados cargos, ou a mudança tem de ser muito mais profunda?
- De certeza que não vai haver ambiguidades. Quem é que é o Presidente do Conselho de Arbitragem? Quem é que manda na arbitragem? Hoje a Federação é o senhor Pedro Proença, pronto. Dizem que é um Deus, eu acho que não foi, acho que nada fez para o futebol português, pelo menos na minha ótica. Promoveu-se muitíssimo bem com o dinheiro dos clubes. E agora, olhe, com aquele evento que houve ali [Football Summit], dava para o orçamento que os clubes da segunda divisão ambicionam, que é ter um milhão e meio de euros. Dava para o orçamento deles, compreende? Aquilo foi para quê? Serviu os interesses do futebol português? Temos almoços, jantares, apresentações, as pessoas até levam um papelinho na mão para saberem o que dizer. Se for para os tribunais, digo-lhe a verdade toda, comigo nunca mais terá mais descanso.
- Quem manda na arbitragem, afinal?
- Pedro Proença. Estava lá bem escrito. Até hoje não teve a humildade de chegar cá abaixo e dizer ao Benfica que houve um erro crasso naquele jogo [final da Taça de Portugal]. Mas como foi possível o Benfica não ter notado isto, meu Deus? Não é que eu tenha alguma coisa contra o Sporting, nada tenho, vamos lá ver claramente. Até admiro o trabalho que Varandas está a fazer.
- A arbitragem devia ser independente, no seu entender?
- Os árbitros devem ser independentes. Quem fizesse mal seria responsabilizado. Agora, o que se tem passado é precisamente o contrário. Eu até estou convencido que se não fosse esta pressão toda que houve o SC Braga não teria tido aquele penálti em Alvalade a favor aos 90 minutos.