Palestina também joga na Europa
Em apenas dois dias Oslo, capital da Noruega, esteve nas notícias. Primeiro, sexta-feira, o Comité Nobel anunciou o Prémio Nobel da Paz, atribuído à venezuelana Maria Corina Machado, uma ‘desfeita’ a Donald Trump, que ‘deu tudo’ para acabar com uma dezena de guerras, e efetivamente mediou um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mas já não a tempo de ser considerado para a escolha do Comité.
Por falar em Israel, no dia seguinte a seleção jogou ali mesmo na qualificação para o Mundial 2026 naquela que, segundo o jornal The Guardian, foi «o evento desportivo com mais segurança na Noruega desde os Jogos Olímpicos de Inverno de 1994».
Antes da goleada de Haaland, Schjelderup e companhia (5-0) foram implementadas na capital medidas antiterrorismo e foi estabelecida uma zona de exclusão aérea sobre o Estádio Ullevaal.
Houve detenções, manifestações na rua e dentro do estádio, com várias bandeiras palestinianas mostradas, a tarja «deixem as crianças viver», e a federação norueguesa foi desafiante ao decidir que as receitas do jogo seriam doadas aos Médicos Sem Fronteiras que trabalham em Gaza.
Noruega terminó haciendo el trabajo que no hizo la FIFA. Le ganaron 5 a 0 a Israel y lo dejaron prácticamente afuera del mundial. Hoy el estadio estuvo lleno de banderas Palestinas en rechazo absoluto al genocidio. La Federación además confirmó que los ingresos de las entradas… pic.twitter.com/D4HYlcSSs1
— Martín Dandach (@MartinDandach) October 11, 2025
A mensagem passou: é incómodo ter Israel a disputar a qualificação na Europa, e foi-o sobretudo nos últimos meses, altura em que seguramente a aprovação israelita pela opinião pública baixa muito. É assim desde 1992, ano em que Maccabi de Telavive e Hapoel Petah-Tikva fizeram história ao tornarem-se os primeiros clubes israelitas nas competições europeias. Nunca como este ano se notou a insatisfação, em setembro verbalizada pelo treinador de Itália, Gennaro Gattuso, que lamentou ter ficado no mesmo grupo que os israelitas dada a tensão extra que acarreta. Israel joga na Europa, mas sábado a Palestina também jogou.
Israel jogará ainda em Itália, havendo a expectativa de que se o recente acordo alcançado entre as partes em conflito ajuda a aliviar a pressão.
Outro incómodo chegou também dos Estados Unidos. Parece difícil de crer que um país que tanto se quer fechar e persegue e detém imigrantes nas ruas, vai dentro de meses receber um evento com 48 seleções mundiais – os iranianos, qualificados, já estão com medo de não ter vistos. A disseminação do envio de tropas da Guarda Nacional para várias cidades americanas, nomeadamente Chicago, levou à passagem do Argentina-Porto Rico daquela cidade para Miami, onde a campeã do mundo já ia jogar. Como estarão as coisas em junho? Trump já aflorou que gostaria de mudar algumas cidades-sede, resta saber o quanto conseguirá a FIFA aguentar.