Erling Haaland e Andreas Schjelderup - Foto: IMAGO

Muita tensão: por que o Noruega-Israel promete ser muito mais do que um jogo

Duelo deste sábado de qualificação para o Mundial 2026 com medidas especiais de segurança, dadas as tensões políticas entre os dois países, sobretudo devido à guerra em Gaza

Cada vez mais perto de garantir a qualificação para o Mundial 2026, a Noruega recebe este sábado Israel, em Oslo, num jogo que promete ser muito mais do que isso, dadas as tensões políticas entre os dois países, sobretudo devido à guerra em Gaza.

A Federação Norueguesa de Futebol (NFF) tem sido nos últimos anos uma organização com uma voz bastante crítica sobre os problemas da sociedade. Foi, por exemplo, um dos primeiros organismos a denunciar os maus-tratos aos imigrantes que construíram as estruturas para o Mundial 2022, no Qatar. Agora, tem também tido voz ativa no conflito entre Israel e o Hamas.

Desde logo, foi anunciado em agosto que a NFF vai doar a totalidade das receitas do encontro deste sábado para ajuda humanitária em Gaza, nomeadamente à organização Médicos Sem Fronteiras. Uma medida que, de resto, não caiu bem junto dos responsáveis israelitas. «Esperamos que o dinheiro não vá parar a terroristas ou caçadores de baleias», referiu ironicamente a federação israelita, numa declaração citada pelo The Athletic.

Além disso, a presidente da NFF – e também membro do Comité Executivo da UEFA –, Lise Klavenesse, afirmou abertamente que Israel deveria ser excluído do futebol internacional, tal como a Rússia foi após a invasão da Ucrânia.

Mas a hostilidade para com Israel, devido à guerra em Gaza, não é só da parte da NFF, mas sim da sociedade norueguesa no geral. Têm sido vários os protestos contra o ataque israelita à Palestina nos últimos meses, e por isso mesmo foi preparado um protocolo de segurança especial para a partida de sábado, noticia o The Athletic. A lotação do estádio foi reduzida em dois mil e 500 assentos, para 25 mil lugares, e todas as bandeiras e faixas devem ser previamente autorizadas, embora pequenas bandeiras palestinianas sejam permitidas.

Os noruegueses sublinharam que se trata de um evento desportivo, não de uma manifestação política. No entanto, tudo isto dificilmente acalmará os ânimos – a receção da Noruega, do benfiquista Andreas Schjelderup, a Israel tornou-se um dos encontros mais quentes entre o futebol e a geopolítica.

A Organização das Nações Unidas (ONU) já classificou de genocídio o ataque de Israel à Faixa de Gaza. As estimativas apontam para que o exército israelita já tenha matado mais de 67 mil pessoas na Palestina no âmbito da resposta ao ataque do Hamas de 7 de outubro.