Lançado por Vítor Pereira e ex-Portimonense: a história do guarda-redes que surpreendeu a Europa
«Se houvesse mais um penálti eu defenderia», dizia o guarda-redes do Lille, Berke Ozer, que no terreno da Roma defendeu três vezes um penálti aos 81 minutos, evitando o empate dos italianos, em jogo da Liga Europa. Afastou o remate de Dovbyk e o árbitro mandou repetir; o ucraniano voltou a atirar para o mesmo lado e nova parada; nova repetição, avançou Soulé... mas o resultado foi o mesmo.
Ninguém sabia quem ele era, mas foi lançado por Vítor Pereira no Fenerbahçe, chegou a jogar no Portimonense e até substituiu Baiyndir, hoje jogador do Manchester United de Ruben Amorim.
Quem é este guardião que o mundo começou a conhecer como especialista em defender penáltis? É um dos mais promissores jogadores turcos, que antes de uma carreira com ascensão incrível começou a procurar ser feliz noutros desportos. Ozer nasceu e cresceu em Izmir. Um menino feliz, com aptidões físicas invejáveis, que parecia ser bom em tudo. Começou por experimentar a ginástica, jogou basquetebol e ainda escolheu a natação. Mas foi mais forte o chamamento do futebol e nas camadas jovens do Bucaspor começou a jogar a central, já que a altura aconselhava que essa fosse a posição ideal.
Tinha Ozer 11 anos quando um treinador olhou para ele e para o jeito que tinha entre os postes. Disse-lhe que talvez fosse boa ideia começar a jogar a guarda-redes. Para ele não foi desconsideração ou castigo, foi um chamamento, porque a paixão pela baliza já lá estava.
Em 2013, houve a fusão da academia do Bucaspor com o Altınordu e ninguém mais passou a ter dúvidas. Estava ali um guarda-redes com potencial enorme. O talento era evidente e levou-o a assinar o primeiro contrato profissional em 2016, aos 16 anos.
Os gigantes estavam atentos e o Fenerbahçe nem hesitou em contratá-lo por quatro milhões de euros em julho de 2018. Mas tardou a afirmação e depois de não ser inscrito nas competições da UEFA foi emprestado ao Westerloo, da Bélgica, por dois anos.
No lugar de Bayindir
Até que finalmente se estrou na Superliga pelo Fenerbahçe, frente ao Konyaspor, em outubro de 2021. Quem o lançou? Vítor Pereira, que viu Brayndir lesionar-se e fez avançar o menino que chamou à primeira equipa.
A partir daí foi sempre a subir. Vítor Pereira sabia que nunca roubaria a titularidade a Altay Bayindir, esse mesmo que é jogador do Manchester United de Ruben Amorim, e por isso entendeu que era justo dar-lhe minutos noutro contexto e foi aí que o convenceu a ir para o Portimonense, onde concluiu a temporada e fez dois jogos com Paulo Sérgio, treinador que passou pelo Sporting.
Regressou, terminou contrato com o Fenerbahçe, aceitou assinar pelo Eyupspor e as repetidas exibições de qualidade permitiram-lhe a estreia na seleção da Turquia, frente aos Estados Unidos, em junho de 2025.
Anteontem, correram mundo as imagens a defender os penáltis da vitória ao Lille na Liga Europa e também aí há fortes ligações a Portugal, não fosse ele companheiro de Tiago Santos, André Gomes, Rafael Fernandes e Félix Correia.