Suárez marcou, de penálti, o golo do Sporting - Foto: IMAGO

Sporting: revolução do general sem medo traída por dois tiros fatais (crónica)

Rui Borges mexeu muito na equipa e voltou a mexer ao intervalo num plano que merecia mais. Suárez empatou de penálti mas Hojlund disparou certeiro e não deixou o leão tomar o poder

NÁPOLES - Uma revolução em outubro foi o que Rui Borges fez, general sem medo que surpreendeu em Nápoles e operou mudanças que tinha avisado não ter receio de fazer. E quase conseguiu o golpe que seria pelo menos um empate no terreno do campeão de Itália, que teve de suar e no fim sofrer para ganhar. O treinador leonino elaborou bem o plano mas dois tiros de Hojlund acabaram por atraiçoar o rumo que o jogo parecia ter. E não era a derrota leonina…

A revolução foi no onze que Rui Borges apresentou: do jogo com o Estoril, coincidência ou não com o puxão de orelhas que o treinador deu à equipa após a escassa vitória (1-0) e pobre exibição, sobraram seis jogadores: Rui Silva, Gonçalo Inácio, Maxi Araújo, Morten Hjulmand, Geovany Quenda e Trincão. O técnico disse que não teria problemas em tirar nove ou dez… tirou cinco: Vagiannidis, Debast, Morita, Pedro Gonçalves e Luis Suárez. Mudança drástica da Liga para a 2.ª jornada da UEFA Champions League, com oportunidade para João Simões bravo no miolo, jovem que esta temporada tinha apenas três minutos jogados, dois no 2-1 com o Famalicão e um no 3-0 ao Moreirense. Também para Ioannidis na frente, Fresneda como lateral-direito, Quaresma a central e Geny de volta mas desta vez na esquerda.

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Ao todo, quatro do onze foram formados na Academia Cristiano Ronaldo e entraram de início no Diego Armando Maradona – Quaresma, Inácio, Simões e Quenda –, e Geny Catamo também para lá foi recrutado ao Amora depois de ter chegado de Moçambique. Rui Borges também sem medo de recorrer à prata da casa.

Mas se no onze leonino houve revolução, dentro de campo a batalha começou pacifica. Mais bola para os da casa mas nem por isso grandes oportunidades. Na saída do Nápoles, Trincão juntava-se a Ioannidis a condicionar Lobotka. Na dos leões a tentativa de jogar pelas laterais que aos poucos foi sendo travada. Toada mornada, equilíbrio sobretudo do Sporting na tarefa defensiva. Até aos 36’, quando Hojlund deu o primeiro tiro certeiro, tinha havido boa iniciativa dos leões pela direita com Quenda e Fresneda aos 12’; do outro lado De Bruyne a chegar uma nesga atrasado a cruzamento da direita aos 15’. Pouco mais houve de perigo.

E foi precisamente na vez de o Sporting ter bola que se desequilibrou e muito suave permitiu o contra-ataque entre Lobotka, De Buyne e o dinamarquês a bater Rui Silva, que aos 41’, noutro desequilíbrio, evitou o 2-0 a Politano.

Era preciso reequilibrar na transição ataque-defesa, Rui Borges lançou logo ao intervalo Pedro Gonçalves e Luis Suárez para os lugares de Ioannidis e Geny Catamo e a ideia seria desequilibrar na frente, dado o poder de segurar a bola do colombiano e o jogo associativo que promove com Pote e Trincão.

Continuava a ter mais bola o Nápoles mas o melhor do Sporting estava para vir, foi avançado no terreno num assalto ao poder que se tinha instalado. Aos poucos a revolução, que ao intervalo recuperou os soldados Pote e Suárez, ameaçava os donos da casa e a investida de Maxi Araújo resultou no penálti que Suáez atirou certeiro aos 62’.

Cinco minutos depois Debast e Alisson também chamados ao combate, que este pelotão estava convencido que ate podia sair de Nápoles com a vitória. Pedro Gonçalves disparou aos 76’ mas não decorou a senha de golo e o tiro saiu por cima. Estava o Sporting não apenas perto do empate como até de algo mais… Mostrava-se na altura a equipa mais equilibrada e madura, até que a traição surgiu na saída em falso de Rui Silva a um cruzamento em que Hojlund (79’) aproveitou para acertar no alvo.

Um leão nunca se rende, este não se rendeu e até podia ter sorrido mais uma vez não fosse Milinkovic-Savic ter feito o papel de guarda do palácio do poder num cabeceamento de Hjulmand aos 90+4’. O Sporting saiu derrotado mas não rendido, porque a jogar assim e com adversários deste calibre promete conseguir o objetivo de seguir em frente – o play-off é objetivo – neste Liga dos Campeões