Pepe a falar no Portugal Football Summit com Pedro Pinto - Foto: Summit
Pepe a falar no Portugal Football Summit com Pedro Pinto - Foto: Summit

Pepe quer voltar ao FC Porto, mas não tem «saudades de jogar, para já»

Antigo jogador dos dragões esteve no Portugal Football Summit e abordou a sua carreira

Pepe foi uma das figuras de destaque deste último dia do Portugal Football Summit e, para além da Seleção Nacional, também abordou a sua ligação com o FC Porto, no qual terminou a carreira e no qual passou antes de chegar ao Real Madrid, revelando que, um dia, quer regressar ao clube português.

«Eu tenho uma relação com o FC Porto muito bonita. Em 2004, depois de vencerem a Champions, tive a oportunidade de ir para um clube grande em Portugal. O primeiro ano não foi fácil, mas depois adaptei-me à exigência, abriu-me as portas da europa, moldou-me a ser um vencedor e sou muito grato ao que o FC Porto me deu, a cidade. Deu-me uma mulher, três filhos e é uma cidade que tenho muito carinho. Ao deixar o clube, não é fácil para um jogador. Chega esse momento e ter de colocar um ponto final na sua carreira. Aí sinto que poderia ter jogado mais, mais um ano ou outro, mas se calhar as circunstâncias da vida não deixaram, o mais importante é que um dia possa voltar a esse clube e possa dar um contributo, ao clube e à cidade», começou por dizer, em conversa com Pedro Pinto, abordando este final de carreira, passado com a família.

«É uma fase na vida que é muito importante a família. Eles também compram aquilo que tu queres para o futuro e a partir dos meus 30 anos comecei a reparar. Procurei sempre esses anos todos respeitar aquilo que era o descanso, alimentação, o treino. Era um trabalho muito difícil para quem passa os 40 anos, de 24 horas por dia, sempre a pensar nos 90 minutos», explicou, lembrando o início de carreira em Portugal, no Marítimo.

«Aos 18 anos tinha um sonho de ser jogador e de poder fazer um jogo que passasse para a televisão para a minha mãe ver. Tive a oportunidade de vir para Portugal cedo, acolheram-me muito bem, o princípio é sempre muito complicado, deixar os pais, irmãos, a tua origem, mas a Madeira e Portugal abraçaram-me. Fiz grandes amigos. Foi um trabalho de sacrifício, resiliência, acreditei e não defraudar as pessoas que sempre acreditaram em mim. Era um jogador muito intenso, porque acreditei sempre que o trabalho compensava. Fui ver que perder também faz parte, desde que coloques tudo em campo e com rigor, desporto é isso mesmo», afirmou, falando também de ter representado o Real Madrid.

«É verdade, tive essa oportunidade dez anos, para mim no melhor clube do mundo. Exigência brutal, as pessoas e aquelas que têm noção da pressão do Real… nós aprendemos isso muito no Real. Eu falo por mim, quando ganhava no Real até tinha medo da vitória, porque daqui a três dias era outro jogo exigente e não importava se jogávamos contra Bayern ou Man. United, mas se jogássemos com uma equipa média da LaLiga… Eram jogadores com qualidade e no seu melhor nível. Estar 10 anos nesse registo… aprendemos que cada jogo é importante. Quando ganhava um jogo, parecia que não podia desfrutar, portanto procurávamos ser muito lineares para ter os pés bem assentes no chão», garantiu, contando que agora pratica ciclismo para continuar a viver essa adrenalina que tinha sentia dentro de campo.

«Essa personalidade nunca se perde, saudade de jogar… para já não. Dei sempre o meu melhor, mas agora a adrenalina… aprendi e ando um pouco de bicicleta, amador de ciclismo, e dá muito isso, essa guerra contigo. Corro bastante, mantenho-me saudável. Já joguei nas Legends, mas o futebol nunca sai da nossa essência, vai estar sempre presente e porque acredito que sou uma mais-valia para ajudar os mais jovens», finalizou.