António Salvador, presidente do SC Braga, em conversa com Pedro Pinto - Foto: Summit
António Salvador, presidente do SC Braga, em conversa com Pedro Pinto - Foto: Summit

«É inconcebível um clube como o SC Braga ter de fazer seis jogos para chegar à Europa»

António Salvador, presidente do SC Braga, falou sobre o 'ranking' no Portugal Football Summit e afirmou que ter começado cedo a temporada prejudicou a prestação na Liga

António Salvador, presidente do SC Braga, esteve durante a manhã deste sábado no Portugal Football Summit e abordou a urgência em Portugal subir no ranking, afirmando que o clube tem tido grande destaque nos últimos anos e também esta temporada, lamentando o facto do quarto lugar não dar apuramento direto para a UEFA Europa League, o que custou caro à equipa na Liga.

«Se analisar, o SC Braga nas últimas décadas esteve permanentemente na Europa, ainda recentemente esteve na Champions, foi o quarto classificado e teve de fazer seis jogos para entrar na UEFA Europa League. Chegámos ao ponto hoje, entre campeonato com oito jornadas disputadas, mais oito jogos europeus, são 16 jogos na temporada. Tivemos de começar a época cedo, a 17 de junho, para podermos entrar na Liga Europa, e isso tem um custo, uma preparação, e que estamos provavelmente a pagar na Liga. Tivemos mudança no treinador, com novos princípios, e não tivemos tempo para trabalhar. O que é inconcebível é um clube como o SC Braga, para entrar nas competições europeias, tenha de fazer seis jogos para lá chegar, isso diz muito do ranking no futebol europeu», começou por dizer, em conversa com Pedro Pinto, não colocando objetivos na competição e fazendo avisos em relação ao ranking.

«Vai depender muito do que vamos fazer daqui para a frente e se podemos ser competentes na competição. O SC Braga tem feito seu caminho, em oito jogos tem sete vitórias e um empate, e vai depender do que nós e os outros clubes vão fazer para alcançar o sexto lugar, ou sujeitarmo-nos a recuar e até ficar em 8.º», atirou, afirmando que seria muito grave se um clube português não ter acesso à Europa numa temporada.

«As receitas das competições europeias são importantíssimas para todos, não só para o SC Braga, porque são fundamentais para o desenvolvimento dos clubes. Mas a questão da competitividade… que possa haver sete oito clubes fortes na Europa, também trazem outro dinheiro para os clubes que não competem. A UEFA distribuiu a maior receita de solidariedade para os outros, é um desígnio para que possamos ter cinco equipas para alcançar o ranking que necessitamos e que não temos alcançado até hoje», afirmou, pedindo alterações drásticas no futebol português.

«O que impede é o que dizemos há quatro anos: o futebol português tem de ser alterado, tem de se alterar os quadros competitivos, temos de ter um campeonato mais equilibrado, ter equipas mais fortes para as competições europeias e nos últimos cinco anos há uma competição nova, a Conference, mas a só uma equipa entrou e o Vitória fez uma prestação ótima. Santa Clara falhou e perdemos muito em virtude de não ter equipas na competição. O SC Braga tem feito o seu trabalho ao longo de 20 anos, tem pontuado muito nesses anos e era bom que houvesse mais equipas fortes para podermos ter o melhor ranking possível, para trazer mais receita para Portugal», explicou, enaltecendo a aposta na formação e no futebol feminino, e nas infraestruturas.

«É importantíssima, e a visão que eu tive para o clube era criar infraestruturas, criar grande academia, definir grande projeto de formação e é um dos grandes pilares do crescimento do clube, e económico. Todos os clubes estão muito assentes na base da venda dos seus jogadores de formação e o SC Braga definiu esse caminho a médio longo prazo e hoje em dia é um clube que orgulha o país, a cidade, e isso é um ato contínuo e vamos investir ainda mais para que possamos ser cada vez melhores. Futebol feminino? É para continuar a aposta. O SC Braga foi um dos primeiros clubes a apostar, é um clube que já ganhou tudo o que havia para ganhar, tem apostado muito fortemente na sua formação. 300 miúdas na formação e foi campeão sub-19, sub-13 e isso diz bem da aposta», garantiu.