Palavras de Tiago Pinto, antigo dirigente das águias, na zona mista do Portugal Football Summit

«Os benfiquistas não vão gostar, mas tenho grande admiração por Varandas e Villas-Boas»

Antigo diretor desportivo das águias, e atualmente do Bournemouth, abordou vários temas na zona mista do Portugal Football Summit, com destaque para a sua antiga equipa

Depois da sessão no Portugal Football Summit, em que falou da vida e do trabalho de um diretor desportivo com Pedro Pinto, Tiago Pinto, que passou no Benfica e está atualmente no Bournemouth, abordou o momento do clube, a poucos dias das eleições, entre outros temas, como a chegada de José Mourinho e o despedimento de Bruno Lage.

«É uma situação sempre difícil para mim posicionar-me, porque vocês como sabem, eu tenho uma relação pessoal com o Bruno Lage e ele acabou de ser despedido do Benfica e, como meu amigo, obviamente eu não fico satisfeito. Agora, obviamente nós não podemos tratar o José Mourinho como qualquer treinador. O José Mourinho é o melhor treinador da história do futebol português, um dos melhores treinadores da história do futebol mundial e por isso não há dúvida nenhuma que neste momento histórico do Benfica… eu acho que tem tudo para funcionar bem e neste momento o Benfica se calhar precisava deste tipo de liderança e eu desejo honestamente que o Benfica ganhe sempre e que o José Mourinho ganhe, que é a única maneira de eu ver o meu pai e a minha família contentes», começou por dizer, na zona mista, afirmando que não sabe em que votar.

«Eu, como sócio, obviamente que esperava ser informado, ver projetos e ver coisas. Aquilo que eu vejo, sinceramente, é que já estamos agora na fase do ataque pessoal, também é uma coisa muito normal nas eleições, e a única coisa que eu sei é que no final do dia o Benfica é quem fica a perder. E por isso é que eu acho que, independentemente do meu benfiquismo, será muito difícil algum dia eu entrar nessas dinâmicas. Votaria em qual candidato? Neste momento, como você depreende pelas minhas palavras, eu não consigo votar em ninguém», afirmou, criticando os candidatos.

«Sim, mas não vou andar a comentar aquilo que os candidatos prometem. Prometem treinadores, prometem dirigentes, prometem jogadores, prometem muita coisa. Aquilo que eu verdadeiramente gostava de saber é, como lhe disse, as questões que são essencialmente importantes para o Benfica. E no meu entender, o Benfica tem uma situação económica difícil. O Benfica nos últimos oito anos, e atenção, eu fiz parte disso também, o Benfica nos últimos oito anos ganhou dois campeonatos e acho curioso que as pessoas em termos de campanha falam de tudo menos daquilo que poderia ser o projeto desportivo do Benfica e a situação económica do clube», explicou, elogiando Amorim, treinador do Manchester United.

«Ruben, obviamente, encontrou uma situação muito difícil num clube que é um gigante, mas como ainda agora veio a público o dono do clube falar… eles confiam no trabalho dele, já há coisas do ponto de vista do ADN que tu já consegues ver que as coisas estão a mudar e eu desejo que ele faça as coisas bem, que vão bem e sinceramente acredito que as coisas vão correr bem», disse, elogiando ainda os presidentes dos clubes rivais, Frederico Varandas e André Villas-Boas, sendo que ambos também estiveram no Summit.

«Eu tenho, e se calhar os adeptos dos Benfica não vão gostar de ouvir dizer isto, eu tenho uma grande admiração pelo André Villas-Boas e pelo Frederico Varandas. Acho que são dois presidentes com coragem, são dois presidentes com liderança e são dois presidentes que têm feito um bom trabalho no clube deles. Há uma coisa que eu não entendo, é que toda a gente quer mudar o futebol português, mas depois chegamos aos problemas de sempre, que é a arbitragem e estas ‘cabeçadas’, e todos fazem o mesmo. Por isso, aquilo que eu sei é que o futebol português, para evoluir, o Benfica, o FC Porto e o Sporting têm de ter diálogo e têm de parar definitivamente com a degradação pública do futebol português», pediu, numa altura em que muito se tem falado da situação do futebol português.

«Porque se todos os dias e todas as semanas nós tivemos o FC Porto a atacar o Benfica, o Sporting a atacar o FC Porto, nós estamos a deteriorar o produto. Como é que nós queremos vender um campeonato em que os presidentes dos clubes estão sistematicamente a atacar-se? Dito isto, repito, eu acho que neste momento histórico [Summit], com os presidentes que existem, até porque são de uma nova geração, eu acho que tínhamos uma oportunidade espetacular para mudar isto. O problema é que as poucas vezes que eu ligo a televisão é sempre a mesma coisa, por isso», finalizou.