Pepe recorda autocarro de França no Euro 2016: «Deixou-me com raiva...»
Reformado já há pouco mais de um ano, Pepe esteve presente na tarde deste sábado no Portugal Football Summit e aproveitou para recordar a sua carreira, e também o seu percurso na Seleção Nacional, na qual o maior êxito foi conquistar o Euro 2016, além da primeira Liga das Nações. O internacional português lembrou essa final com a França e o autocarro dos franceses...
«Eu vim para a Seleção no Euro 2008, fiz dois jogos. Portugal andou sempre próximo. Quando chegámos ao jogo de 2016, depois de uma época superdesgastante e que eu no meu clube tinha sido super vitoriosa, estava ali tão próximo… tínhamos de deixar tudo lá dentro. Eu fui fazer a conferência antes e vimos o autocarro da França, praticamente preparado para o dia seguinte, então isso foi um sinal que me deixou com raiva, triste, mas com raiva, no sentido de amanhã vou dar tudo e foi a partir daí que comecei a passar a palavra ao selecionador. E começámos a passar a palavra nas palestras para mostrar a foto, começámos ali a ganhar o jogo nesse sentido, porque na vontade os franceses não podiam ganhar, ninguém podia. E foi isso que nós jogadores e os emigrantes em França sentiram, e que foi espalhando para Portugal», começou por dizer, em conversa com Pedro Pinto, agradecendo o apoio incansável dos adeptos lusos.
«Sinto felicidade, porque os emigrantes portugueses foram uma peça fundamental. Chegávamos às 3 horas da manhã e tínhamos 15 mil pessoas à espera, quando acordávamos cansados para treinar e sentíamos esse calor das pessoas. Cansado e ter de treinar bem, com 3, 4 horas de sono não era fácil, mas a partir daí passámos essa mensagem, sentíamos a felicidade deles para nós e começámos também a sentir uma responsabilidade de retribuir isso para eles. O mar de pessoas que víamos na televisão em Portugal, foi para mim muito bonito e é uma felicidade que não encontramos palavras», afirmou, lembrando a primeira vez que conheceu Cristiano Ronaldo e a parceria que tinham em termos de liderança no grupo.
«É engraçado, porque conheci primeiro a família do Cris na Madeira. E quando ele vem em 2003, vim fazer uma pré-temporada no Sporting, e passado um ano, aí conheci-o. E a nossa relação começou aí, fazíamos dois treinos por dia com 17 anos, ele saía com uma maçã para fazer ginásio [risos]. Isso já demonstra quem é o atleta, porque não é fácil tantos anos no futebol e estar a bater recordes. O próprio treinador dele disse que é dos mais rápidos da sua equipa. E a minha relação foi construída a base disso, dois líderes têm sempre de dar exemplo, não impõem a sua palavra, mostram aos colegas o que têm de fazer. Tanto eu e o Cris foi isso, no exemplo, na hora dos horários, descanso, recuperação, respeito e vontade de querer ganhar sempre. Então isso começa a cultivar o grupo de trabalho, somos 23 jogadores com a sua forma de ser, mas o que importa é que estamos a representar o nosso país. O importante é ganhar e que cada um dê o seu melhor para conseguir o resultado», explicou, garantindo que não fala com ele sobre o Mundial 2026, para já.
«Eu estive lá dentro, eu não falo com ele sobre isso. Quando estávamos lá dentro era o dia a dia. Quando chegamos a uma certa fase da vida não pensámos muito no futuro, temos a experiência para poder pensar no jogo de hoje e no de terça, porque damos um passo em estar no Mundial. Quando estivermos lá vamos ter tempo para falar, para debater, das seleções que podemos defrontar, e olhar ponto por ponto, forte, menos forte, para poder ver se consegue esse título importante para Portugal», finalizou.
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