Técnico das águias cumpre a quinta temporada na Luz nesta segunda passagem no Benfica     Fotografia André Carvalho/A BOLA
Técnico das águias cumpre a quinta temporada na Luz nesta segunda passagem no Benfica Fotografia André Carvalho/A BOLA

Norberto Alves: «Os bons jogadores portugueses que lutam têm espaço»

O Benfica recebe, esta terça-feira, os espanhóis do Gran Canaria em jogo de arranque do Grupo H da Liga dos campeões em que as águias participam pela quarta vez consecutiva e o técnico dos encarnados faz uma análise do adversários, das exigências da competição, fala da nova equipa e defende o número de estrangeiros que podem atuar na Liga portuguesa por equipa

«Vamos ter aqui uma das grandes equipas da Liga ACB, de Espanha, uma das melhores. No domingo, contra o Real Madrid, acabou por perder por 10 pontos [81-71, no arranque do campeonato], mas discutiu o jogo. O Gran Canaria é um conjunto típico do que é a ACB: muito física, rápida, gosta de correr, e ​é bastante boa ​a defender. O que quer dizer que é fundamental procurarmos jogar o nosso modelo de jogo, que passa por ser rápido», começou por explicar o treinador Norberto Alves sobre o arranque do Benfica, esta noite [20h30], na Liga dos Campeões 2025/26.

Quarta participação consecutiva dos tetracampeões nacionais na prova, o que os mantém como o único clube português a ter disputado a fase de grupos no último modelo da competição. Porém, esta temporada com uma nova satisfação, dispensados de ter de passar pela fase de qualificação, acabando integrados no Grupo H, onde também se encontram os franceses do Le Mans Basket e os sérvio do KK Spartak.

«Importante também é aquilo que parece menos, mas que a este nível é decisivo; não nos superarem na luta dos saltos. Eles têm jogadores com 2,13m, 2,08m…, é difícil dizer qual é que é o mais baixo. Teremos que ser muito físicos a defender, ou seja, a defesa vai ser decisiva. Vamos ter de igualar ou superar a fisicalidade deles, e procurar marcar nos primeiros segundos do ataque. Não querer jogar muito em cinco contra cinco, mas ​quando o fizeram ser​em muito coletivos», vai analisando,

«Não foge muito do que tem sido a equipa do Benfica dos últimos anos, mas agora com jogadores diferentes, alguns que chegaram há pouco tempo, mas em termos de filosofia de jogo, não alterámos nada, garante o técnico de 57 anos, há cinco temporadas na Luz, depois de já ter passado pelo clube entre 2003/04 e 2005/06.

«A qualidade destas equipas que vêm jogar contra nós, são de países fortíssimos. Espanha, França e Sérvia, são potências do basquetebol  e não podemos ter maus momentos muitas vezes e que se prolonguem no tempo» vai contando sobre os cuidados a ter na competição, enquanto no campo as águias vão aquecendo.

«Vou dar um exemplo nos jogos de preparação que fizemos, pois era importante jogar contra este tipo de equipas. Contra o Juventut de Badalona, ganhámos três períodos e só perdemos um. Mas, no fundo, perdendo esse, mal, refletiu-se na parte final. Portanto, há que procurar estar sempre no jogo, não os deixar fugir, levar a partida para os momentos finais, para nos momentos finais para termos as nossas chances de poder ganhar».

O treinador da equipa de basquetebol do Benfica, Norberto Alves, 2024-25. Foto SL Benfica
Foto SL Benfica

«Eles são favoritos, ninguém tem dúvidas sobre isso, mas a nós não nos importa, temos é que fazer o nosso jogo, procurar ser muito solidários ali dentro, mesmo com jogadores que não se conhecem tão bem, porque estão há realmente pouco tempo uns com os outros, mas darem tudo os 40 minutos. E se for a prolongamento, mais 5 minutos, o que for necessário. Não podemos ter maus momentos», reforçou sobre um conjunto que em 2024/25 foi 7.º na fase regular da ACB (18 clubes) e acabou eliminado pelo Valência, finalista vencido pelo Real Madrid, na ronda inaugural do play-off.

Questionado se o Benfica está mais forte esta época do que na anterior, Norberto mostra-se satisfeito e confiante depois de ter mudado metade do plantel. «A primeira impressão que temos confirma aquilo que quando os recrutamos, falámos e tentámos recolher o máximo de informações. É gente com muito caráter, muito trabalhadora. Precisam de algum tempo para saber jogar  melhor uns com os outros, o que é o normal, mas os objetivos são os de sempre, é chegar ao fim e ganharmos nós. Enfim, jogadores diferentes, mais jovens, pois pensámos que era importante rejuvenescer um pouco a equipa».

«Podem dar essa energia suplementar, mas o fundamental é que foram contratados para uma filosofia de jogo coletiva. É sempre assim que o Benfica tem atuado nos últimos anos. Que sejam jogadores que, quando atacam, não se preocupem muito com os pontos que marcam no final, mas em jogar bem coletivamente. E que na defesa nunca se poupem. A esse nível, e sendo uma equipa com muita gente nova, é difícil nesta altura comparar com épocas anteriores».

Fotografia André Carvalho/A BOLA

«Somos diferentes. É uma diferença que, no fim, queremos que se traduza numa igualdade, que é igualar o que fizemos nas últimas épocas, que é ganhar», acrescenta.

Na passada temporada as águias apenas conseguiram vencer um jogo em casa para a Liga dos Campeões, contra os alemães do Niners Chemnitz (79-68) e conseguiram ter mais dois/três encontros equilibrados, no entanto Norberto Alves conta que tem sentido algumas diferenças nos adversários. «Sentimos que, relativamente à primeira participação na Champions, este vai ser o nosso quarto ano, desta vez de uma forma direta, mas nas outras através da qualificação, que agora os adversários já não olham para nós da mesma maneira».

«Penso que a participação da Seleção [no EuroBasket] foi extremamente positiva e que foi importante os clubes portugueses andarem na Europa. Deram aos jogadores nacionais que jogam cá e que foram à Seleção esse confronto e ​de saberem que têm que estar sempre a jogar nos limites. Isso foi muito importante. E, não sou dono da verdade em nada, mas apenas confirmou uma coisa que fui dizendo há uns anos, quando defendi o aumento do número de estrangeiros. Que ia deixar a liga mais competitiva e que se iria refletir na Seleção Nacional. As pessoas dizem que os jogadores portugueses têm menos espaço. Não, os bons jogadores portugueses que lutam por isso têm espaço», rematou.