Lenços brancos, lugar à disposição e culpa das eleições: tudo o que disse Lage
Apesar de ter estado a vencer por 2-0 aos 15 minutos, o Benfica perdeu em casa frente ao Qarabag (2-3), que venceu pela primeira vez na UEFA Champions League, com uma reviravolta já perto do fim. No final do jogo, e também durante, Bruno Lage foi alvo de vários assobios e também lenços brancos e, em conferência de imprensa, colocou o seu lugar à disposição.
- Entrou bem no jogo e em vantagem por 2-0. Como se explica o que aconteceu?
- Afirmar que não foi a noite que queríamos oferecer aos nossos adeptos. Eles mereciam muito mais, mereciam os 90’ à imagem do que foram os primeiros 30’. A primeira mensagem vai para eles, porque fizemos tanto e tão bem para estar presente na Champions. Não mereciam esta primeira noite europeia. Depois recuperar o que disse há uns tempos: eu nunca serei um problema para o Benfica. Tenho consciência de que o Benfica já me proporcionou tantas alegrias e uma carreira que eu considero bonita, nunca serei um problema. Por isso, quando o presidente sentir que não tenho o apoio dos adeptos, e eu sou o maior responsável por isso, quando o presidente sentir que eu sou o principal causador do rendimento da equipa, quando sentir que a minha mensagem não passa aos jogadores ou que os jogadores não estão comigo, ou quando o presidente sentir que eu não sou, neste momento, a pessoa ideal para o lugar, o Benfica só me paga até esse dia.
- Soa a um discurso de despedida.
- Não, não, não. Nunca serei um problema para o Benfica. Não é despedida de nada, tenho a motivação que tenho, sempre no máximo, temos de ser autocríticos e perceber o momento que estamos a viver, quer fora de campo, quer fora de campo. E o que eu não quero é ser um problema para o Benfica. Sabíamos para o que vínhamos, vocês perceberam desde o primeiro dia quando falámos nesta época, com planeamento que tínhamos de fazer, hoje não é dia para voltar a fazer isso, é dia de olhar para o que tínhamos de fazer e hoje conseguimos fazê-lo durante 30 minutos. Fico consciente de que a equipa sabia o que tinha de fazer e depois o primeiro golo sofrido trouxe alguma intranquilidade para a equipa. Também o momento que se vive fora não ajudou. Não deixou a equipa tranquila para jogar, mas, acima de tudo, fazer uma autocrítica de nós enquanto equipa técnica, equipa e amanhã lá estaremos com motivação certa para dignificar o Benfica.
- Nunca tomará iniciativa de sair, o presidente decide? Não teme que possa arrastar Rui Costa para uma derrota nas eleições se a equipa voltar a jogar desta maneira e não ganhar?
- Sobre o futuro não lhe posso dizer, porque aquilo que controlamos é o nosso trabalho. Neste momento é olhar para aquilo que fizemos, do jogo que fizemos, olhar para os primeiros 30’, depois olhar para os 60’, olhar muito para a forma como sofremos os três golos. Estou muito triste, porque não é normal nesta equipa, especialmente sofrer o segundo e terceiro.
- Quando saiu das 4 linhas ouviu-se uma assobiadela tremenda, viram-se lenços brancos. Sente condições de continuar?
- Já respondi à pergunta. Próxima pergunta.
- Se fosse adepto? «Ficava muito triste». Sente essa dificuldade a treinar o Benfica?
- Neste momento sou treinador do Benfica, não me ponho noutro papel, sou treinador do Benfica e estou eu, jogadores, estamos todos muito tristes, críticos com aquilo que foi a nossa prestação. Sabemos que fazemos muito melhor, mostrámos na forma como iniciámos o jogo, não conseguimos ser durante 90 minutos.
- Como é que uma equipa que entra tão bem no jogo desce de forma tão drasticamente ao longo da partida?
- Há várias razões para isso, o primeiro golo intranquilizou a equipa, depois tentamos continuar a jogar da mesma maneira. Tentamos também com as alterações colocar homens na frente para continuarmos a ser assertivos na pressão e depois a forma como nós defendemos e como nós jogamos não podemos sofrer aqueles dois golos. O mais importante é que as coisas foram identificadas, nós mesmo no banco vimos a forma como sofremos os dois golos, não podemos, não podemos. A equipa no segundo golo ofereceu muito espaço entre central e lateral, no terceiro a equipa sobe e deixa jogadores para trás em situação de jogo para contra-ataque e depois cria uma situação de finalização. São erros que esta equipa normalmente não comete, mas cometeu hoje, infelizmente.