Juninho: a mudança que «salvou a carreira» e o pai que defrontou... Pelé!

É o próprio extremo do Celoricense que admite: se tivesse ficado no Brasil, já «teria perdido a chama pelo futebol». Assinou pelo Mértola United e ficou quatro meses sem jogar...

Nascido a 17 de novembro de 2000, em Santa Rita, no estado de Minas Gerais, Juninho começou a dar nas vistas num dos clubes locais: o Santarritense. Foi também aí que atingiu uma fase de estagnação numa etapa embrionária da carreira. A hipótese de se mudar para Portugal, e logo num período muito difícil, após a morte do pai, reacendeu «a chama».

«No Brasil já estava meio parado, já não tinha clube e andava desanimado. Olho para trás, para esse tempo, e quando percebo que vou defrontar o FC Porto… Se tudo der certo, se Deus quiser, vou chegar ainda mais longe. Posso dizer que vir para Portugal salvou a minha carreira de jogador. Acendeu toda aquela chama que eu tinha, aquela sede e vontade de vingar. Algo que, provavelmente, já teria perdido se tivesse ficado no Brasil», admite o extremo do Celoricense.

Mas o percurso de Juninho em solo lusitano não começou no Minho. Foi bem mais a sul, no Alentejo, que as portas se abriram. «Foi através do projeto do Mértola United. Cheguei em julho de 2022, mas houve alguns problemas com a minha inscrição e a de dois amigos que vieram comigo. Na altura, viemos uns seis para o Mértola United... Mas, com essa complicação, fiquei algum tempo sem jogar. Foi desde o início do campeonato, em setembro, até janeiro sem disputar nada. Só a treinar e a fazer amigáveis. Em janeiro consegui ser inscrito e fazer um jogo pelo Mértola. Logo a seguir, fui para o Castrense», recorda o jogador de 24 anos. O hiato fê-lo questionar tudo novamente.

«Foi muito difícil. Ver todos os amigos a jogar, a treinar, a fazerem o que mais gostam, a mostrar talento... E nós parados, por algo que nada tinha a ver a connosco, que fugiu do nosso poder. É uma dor que tivemos de guardar para nós», relata. «O segredo foi olhar para a frente e pensar que as coisas iam dar certo. Felizmente, deram».

Em 2023, Juninho rumou ao Termas de São Vicente, da AF Porto. No Norte de Portugal, encontrou uma forma de viver o futebol distinta. «Sente-se mais o futebol aqui em cima. No Alentejo, o futebol é muito bom, muito competitivo, mas no Norte… Não sei se intenso é a palavra certa, mas parece que comecei a sentir realmente o jogo, tanto nos distritais, como mais acima», refere, sem esquecer pequenas coisas que… também contam: «Adoro francesinha. É a minha comida favorita aqui em Portugal

Tudo em nome de 'Aleluia', o pai que defrontou... Pelé!

Juninho tem «várias referências» no futebol mas nenhuma é maior do que o pai, com quem partilhou o nome. «Chamo-me António Carlos da Silva Campos. O meu pai era António Carlos Campos e eu era para ter sido Júnior, mas assim não poderia ter o Silva, que é o nome da minha mãe. Quando fui registado, toda a gente já me chamava Juninho e, mesmo sem ficar oficialmente com o Júnior no nome, passei a ser conhecido assim», detalha o extremo. «O meu pai é o meu topo. Tudo que faço e conquisto é por ele. Sempre foi e sempre vai ser assim. Deixou-nos em janeiro de 2022, mas esta minha paixão pelo futebol veio toda dele. Sempre foi quem mais me incentivou», recorda.

António Carlos Campos, mais conhecido como 'Aleluia', era o pai de Juninho - Foto: D. R.

O pai de Juninho também foi futebolista. Mais conhecido pela alcunha ‘Aleluia’, passou por clubes como Bahia, Mogi Mirim e Juventude-SP. Uma das maiores honras da carreira aconteceu quando, ainda bem jovem e ao serviço de uma formação secundária do São Paulo, defrontou Pelé — o Rei, esse mesmo —, que representava a seleção do exército paulista. Mais tarde, abraçou a carreira de treinador, ajudando a revelar talentos do futebol canarinho, entre eles Roque Júnior, defesa campeão do Mundo em 2002.