Mikel Arteta fala com Gyokeres no jogo do Arsenal contra o Manchester City
Mikel Arteta fala com Gyokeres no jogo do Arsenal contra o Manchester City - Foto: IMAGO

Gyokeres, o Arsenal e o banho de realidade

'Remate de letra' é o espaço semanal de opinião de Hugo Vasconcelos

Disse-lhe, na nossa primeira reunião, que quero um 9 que consiga lidar com não marcar por seis ou oito jogos. Senão, teria de ir para outro lado. A pressão e a expectativa vão estar sempre lá.

Mikel Arteta, treinador do Arsenal, sobre Viktor Gyokeres, em conferência de imprensa na última sexta-feira

Começa a parecer sina: os últimos leões que saíram de Alvalade para a Premier League têm sofrido, e muito, com a adaptação.

O rendimento, primeiro de Ruben Amorim, que já vai num ano de insucessos no Manchester United, e agora de Gyokeres, no Arsenal, tem estado muito aquém das expectativas — de quem os contratou, mas também dos portugueses, depois de os verem tomar de assalto a Liga cá do burgo.

Mas talvez não seja sina, em que não acredito, e também não me parece que seja adaptação, pelo menos no caso de Gyokeres, que já tinha jogado vários anos em Inglaterra. Acho, sobretudo, que é um tremendo banho de realidade.

Gyokeres, na época passada, fez 63 golos em 58 jogos, por clube e seleção. Na atual, leva três golos em 14 jogos e está há oito sem marcar. Mikel Arteta defendeu o sueco na conferência de ontem, dizendo que dá muito à equipa, mesmo quando não marca. Pode ser. Mas um ponta de lança não consegue viver sem golos...

Qual será o problema de Gyokeres no Arsenal? Algo parecido com o de Amorim em Manchester: a tremenda competitividade da liga inglesa, que não perdoa deslizes.

Em Portugal, o Sporting podia falhar duas oportunidades e três passes no último terço, tal o volume ofensivo que tinha; na Premier League, todos os jogos são no mínimo de Liga Europa, e tudo o que seja abaixo da perfeição é castigado. Têm, simplesmente, de aprender a viver com isso.