O elogio da estupidez
Não é estúpido por ter sido o segundo cartão amarelo, é estúpido mesmo que ainda não tenha recebido nenhum cartão amarelo. Se eu marcasse um golo como ele marcou esta noite, virar-me-ia para Chiesa e diria: 'É tudo graças a ti, Federico - excelente assistência, excelente corrida e eu não tive de fazer muito'.
Arne Slot, treinador do Liverpool, sobre a expulsão de Ekitiké contra o Southampton
Nunca joguei futebol a sério, talvez por isso não perceba o conceito de tirar a camisola quando se marca um golo.
No basquetebol, um jogador que marque um triplo em cima do final para dar a vitória é mais provável que celebre como Cantona (mas sem gola levantada, que as camisolas não as têm), a olhar em redor durante dez centésimos de segundo antes de ser esmagado pelos companheiros de equipa.
No andebol, no voleibol, no râguebi, no hóquei em patins, ninguém tira a camisola para celebrar. E quando o festejo vale cartão amarelo obrigatório, não posso deixar de concordar com Arne Slot, treinador do Liverpool: é uma estupidez.
Mas, convenhamos, há diferentes graus de estupidez. Uma coisa é já ter um amarelo, como Ekitiké contra o Southampton, e empurrar a bola para a baliza a cinco minutos do final; outra é fazer o que William Gomes, do FC Porto, fez em Salzburgo. Marcar um golo daqueles, ao terceiro minuto de compensação, pede uma celebração especial.
Seria boa ideia pensar numa que não envolvesse ver um cartão amarelo? Claro. Mas caramba, tirar a camisola é assim algo tão grave? Ofende alguém? Custa tempo? Não será altura de FIFA e International Board mudarem a regra e deixarem de castigar a alegria?