'Guernica' de Barcelos é assinado por... Pablo (crónica)
Não nasceu em Espanha: nasceu em Portugal. Não é pintor: é goleador. Não é Picasso: é (apenas) Pablo. Falamos, claro está, do ponta de lança do Gil Vicente.
Se Pablo Picasso foi (e será eternamente recordado como) um dos mais conceituados artistas do século XX — por entre as variadíssimas obras de alto quilate que produziu, talvez tenha tocado o céu em 1937 quando assinou o icónico Guernica, uma das mais belas obras de arte de que há memória —, Pablo Felipe é (e promete continuar a ser) uma das grandes figuras dos gilistas.
O jovem ponta de lança, de apenas 21 anos, tinha chegado à mão cheia de golos na época passada (em 23 jogos e numa altura em que estava em Barcelos por empréstimo do Famalicão), mas na presente campanha já superou essa marca (e em apenas oito partidas). O bis que apontou na receção aos tricolores permitiu ao matador chegar à meia dúzia de tentos em 2025/2026 e o emblema de Barcelos deve estar inevitavelmente feliz de ter garantido o concurso do jogador a título definitivo (contrato válido até junho de 2029).
O excelente arranque de época da formação orientada por César Peixoto já não é propriamente novidade para ninguém — nem mesmo o desaire (1-2) da ronda anterior, frente ao Benfica, beliscou a qualidade que os minhotos têm vindo a apresentar, até porque o Gil fez, na Luz, (mais) uma grande exibição — e a verdade é que, por esta altura, os de Barcelos são donos e senhores do 4.º lugar.
Por entre os vários artistas da obra de Peixoto (que grande trabalho!) voltou a emergir Pablo. O filho de Pena (antigo jogador do FC Porto) abriu o ativo com um remate forte, no coração da área, na sequência de um mau passe de Kikas (32'), e ainda antes do intervalo não vacilou da marca dos 11 metros —falta de Atanas Chernev sobre Jonathan Buatu que foi descortinada (e bem) pelo VAR.
Com o jogo perfeitamente controlado, o Gil Vicente teve um revés na etapa complementar: Andrew tocou a bola com a mão fora da área e foi expulso, mas Dani Figueira, que entrou para a baliza, negou todas as investidas dos estrelistas.
E o terceiro golo até poderia ter sido... a favor da casa. Renan derrubou Gustavo Varela, mas, chamado à marcação do penálti, o ponta de lança permitiu a defesa do guarda-redes. E na recarga, com a baliza aberta, atirou à barra!
Sem ser Picasso, Pablo pinta o Guernica de Barcelos.
As notas dos jogadores do Gil Vicente:
Andrew (4), Zé Carlos (7), Marvin Elimbi (6), Jonathan Buatu (6), Konan (6), Santi Garcia (6), Facundo Cáseres (5), Luís Esteves (7), Murilo (6), Pablo (8), Joelson Fernandes (6), Dani Figueira (6), Jonathan Mutombo (5), Zé Carlos Ferreira (5), Gustavo Varela (4) e Antonio Espigares (-).
As notas dos jogadores do Estrela da Amadora:
Renan Ribeiro (5), Luan Patrick (5), Bernardo Schappo (5), Atanas Chernev (4), Sidny Cabral (6), Paulo Moreira (5), Jorge Meireles (5), Guilherme Montóia (5), Kikas (5), Rodrigo Pinho (4), Ianis Stoica (4), Jefferson Encada (6), Ryan (5), Alan Godoy (5), Leandro Antonetti (5) e Robinho (-).
As reações dos treinadores:
César Peixoto (Gil Vicente)
É nos momentos de dificuldade que se demonstra o espírito de grupo. Na primeira parte e até à expulsão foi um jogo todo dominado por nós, marcámos dois golos e até podíamos ter feito mais, a partir desse momento soubemos ajustar e estivemos sempre juntos. Parabéns a este grupo fantástico que tem fome de vencer.
Luís Silva (adjunto do Estrela da Amadora)
«Na primeira parte não conseguimos suster a pressão como desejávamos e a infelicidade no lance do primeiro golo retirou-nos alguma confiança. Depois surge o penálti, outro soco no estômago. Mas tivemos caráter, corrigimos algumas coisas ao intervalo e fizemos uma segunda parte de qualidade. Merecíamos mais.