Gabriel foi... Pensador para Linha que estava enviesada (crónica)
Se o jogo tivesse terminado ao intervalo, o espaço desta página talvez não fosse suficiente para retratar fielmente tudo o que se passou no relvado da Amoreira durante os primeiros 45 minutos. Porque esse período foi extraordinariamente ativo, com incidências quase de minuto a minuto e cuja parada-resposta originou oportunidades de golo em catadupa.
Caro leitor, ao apito para o descanso, o marcador eletrónico do Estádio António Coimbra da Mota poderia marcar 3-3 ou 4-4...
Joel Robles foi o garante da segurança canarinha nesse período, com intervenções superlativas a remates de Brenner Lucas (2') e Gabriel Silva (6' e 9'). A excelente entrada dos açorianos permitiu ainda a Matheus Pereira abrir o ativo, mas o ala brasileiro ainda deve estar a pensar como desperdiçou um golo cantado (20').
Respondeu (e muito bem) o Estoril. Os canarinhos tomaram, então, conta do jogo e João Carvalho viu o poste devolver-lhe um remate (demasiado) colocado (24'). Pizzi também tentou a sua sorte (31'), tal como André Lacximicant (35') e Ricard Sánchez (41'), mas a mira de todos os estorilistas continuava... desafinada.
Caro leitor, ficou devidamente justificado por que razão o resultado ao intervalo podia ser 3-3 ou 4-4? Foi literalmente assim...
O intervalo fez melhor à formação insular que, logo após o reatamento, logrou fazer... o que ainda não tinha sido feito: golo. A equipa de arbitragem entendeu que o chega para lá de Patrick de Paula sobre Matheus Pereira era suficiente para a marcação de um castigo máximo e, chamado à conversão do pontapé de penálti, Gabriel Silva atirou com conta, peso e medida, não dando (desta vez) qualquer hipótese de defesa a Joel Robles.
Nesse momento, o Santa Clara escrevia uma página de história neste campeonato: foi o primeiro tento apontado pelos encarnados de Ponta Delgada na presente edição da Liga. Custou... mas foi. Um golo que, mais importante ainda, valeu a conquista dos três pontos.
Apenas Felix Bacher (81') ousou beliscar a vantagem dos forasteiros, mas a verdade é que ainda não foi desta que o Estoril conseguiu estrear-se a ganhar na competição. Ao contrário do Santa Clara, que logrou o primeiro triunfo na prova.
A polémica (que levou à troca de comunicados) sobre a marcação deste jogo - em atraso da 3.ª jornada e que fora adiado devido aos compromissos europeus dos insulares - não entrou (felizmente) em campo e o duelo foi muito nivelado por cima. Gabriel foi o Pensador e endireitou uma Linha que estava claramente... enviesada.
As notas dos jogadores do Estoril:
Joel Robles (7), Ferro (5), Felix Bacher (6), Pedro Amaral (6), Pedro Carvalho (6), Patrick de Paula (5), Jordan Holsgrove (6), Ricard Sánchez (6), Pizzi (5), André Lacximicant (5), João Carvalho (6), Rafik Guitane (5), Tiago Brito (5), Yanis Begraoui (5), Alejandro Marqués (5) e Or Israelov (5).
As notas dos jogadores do Santa Clara:
Gabriel Batista (7), Sidney Lima (6), Frederico Venâncio (6), MT (5), Lucas Soares (6), Adriano Firmino (6), Serginho (6), Paulo Victor (5), Brenner Lucas (6), Gabriel Silva (7), Matheus Pereira (5), Pedro Ferreira (5), Vinícius Lopes (5), Anthony Carter (5) e José Tavares (-).
As reações dos treinadores:
Ian Cathro (Estoril)
Nos primeiros 10 minutos custou-nos acertar nas dinâmicas, mas depois crescemos e conseguimos entrar no nosso jogo com bola. Criámos algumas situações com boa qualidade, mas nunca podemos fugir que um golo tem grande impacto na narrativa de um jogo de futebol. Talvez também tenhamos sofrido pelo facto de sentirmos que o mundo está um bocadinho contra nós. Havia um peso que foi difícil para o grupo recuperar logo, mas depois demonstrámos resiliência e postura para tentarmos a igualdade. A partir do momento em que o jogo começou não podíamos olhar para o que tinha acontecido antes. Não quero andar com aquela história de que afetou o jogo. Disse, na altura, o que tinha para dizer. Mas não vamos chorar, vamos seguir em frente, é essa a nossa atitude. Trabalharemos todos os dias para melhorarmos e a certeza de que vamos ganhar muitas vezes. Estamos bem, não se preocupem connosco. Só queremos fazer bons jogos, com boas condições.
Vasco Matos (Santa Clara):
Foi uma grande entrada da nossa equipa, criámos muitas oportunidades de golo e merecíamos ter ido para o intervalo com outro resultado. O Estoril, como boa equipa que também é, equilibrou o jogo e criou-nos algumas dificuldades. Mas conseguimos estancar esse momento. Na segunda parte fizemos o golo e a equipa esteve sempre bem posicionada e equilibrada, pelo que foi uma vitória justa. Depois de um mês de agosto muito desgastante, a equipa tem vindo a crescer e vamos continuar a nossa caminhada. Sabíamos que teríamos um início de época difícil, mas isso foi fruto do bom trabalho que fizemos na temporada passada. Demos respostas, a equipa tem vindo a trabalhar bem e os jogadores estão focados nos objetivos do clube. Claro que as vitórias trazem mais alento e confiança, mas temos um caminho longo a percorrer para continuarmos a ser uma equipa sólida no campeonato.
Notícia atualizada às 23h43