Stephen Eustáquio é um dos capitães do FC Porto - Foto: IMAGO

Eustáquio: o título que «anda a fugir», o papel no FC Porto e as «cargas» de Farioli

Médio dos dragões concedeu uma entrevista ao canal OneSoccer e falou sobre a nova era no clube e também dos objetivos para 2025/26

Stephen Eustáquio está «muito motivado» e de pedra e cal no FC Porto. A ideia foi transmitida pelo próprio, em entrevista ao canal OneSoccer, durante a concentração da seleção do Canadá em Bucareste, capital da Roménia.

A iniciar a quinta temporada de azul e branco, o médio de 28 anos sente que tem um «papel importante» no Dragão e, à semelhança do que sempre fez no clube, vai «dar a vida» dentro de campo. «É a minha quinta temporada num clube grande como é o FC Porto. Se, há sete anos, me dissesses que estaria cinco épocas no FC Porto, eu chamar-te-ia louco. Mas aqui estou, com muito tempo de jogo no clube», começou por afirmar Eustáquio.

«Este verão teve a maior janela de mercado de sempre do FC Porto e isso traz muita competição interna, mas, ao mesmo tempo, sinto que sou importante na equipa, pela experiência que acumulei no clube. Sinto que estou ligado aos valores e às pessoas do FC Porto e sinto que posso transmitir essa mentalidade aos mais jovens e aos jogadores que estão há pouco tempo no clube. Tenho dado a vida todas as épocas e esta não será diferente. Tenho de lutar pelo meu lugar. Sei que vai ser difícil, mas também depende de mim», sublinha o centrocampista, que é um dos capitães de equipa dos dragões.

Além de somar o máximo de minutos possível em ano de Mundial, Eustáquio traça os objetivos coletivos de forma clara. «O meu objetivo é ajudar o FC Porto a ser a melhor equipa possível. O título nacional anda a fugir-nos há três temporadas e isso é algo que quero muito dar de volta aos nossos adeptos. Não sou de fugir aos desafios, nem posso fugir», atira Eustáquio.

Com esse desígnio em mente, o camisola 6 dos azuis e brancos vê a equipa motivada. Para esse estado de espírito, muito tem contribuído a intensidade das sessões de treino lideradas por Francesco Farioli. «Estou a adorar os nossos treinos no FC Porto. São muito exigentes, com alta intensidade e uma carga forte. Também têm muita bola, o que, para mim, é fantástico. Sinto-me muito, muito motivado», atesta o jogador, já de olho numa participação meritória do Canadá no Mundial-2026, onde os canucks serão um dos três anfitriões, a par de Estados Unidos e México.

«Para mim, será um orgulho poder contar com duas participações em Mundiais. Lembro-me que cheguei ao Qatar [em 2022] na melhor fase da minha carreira. Andava a marcar golos e a fazer assistências no FC Porto, a jogar 90 minutos com muita regularidade, Liga dos Campeões... Infelizmente, depois, não consegui estar à altura a nível físico e não consegui jogar a segunda parte com a Croácia e o terceiro jogo, com Marrocos», recorda Stephen Eustáquio, ciente de que um dos aspetos mais importantes no dia a dia de um futebolista passa por cuidar do corpo. «Tenho de ter cuidado com o tempo de jogo que acumulo, mas também não posso estar sem jogar. Agora, compreendo melhor o meu corpo do que compreendia há quatro anos. Tenho ideias muito claras e sei o que preciso de fazer. Tenho trabalhado com pessoas que me podem deixar em boa forma», acrescenta.

Aprender a ser líder com os 'professores' Pepe e Otávio

Na ausência de Alphonso Davies, ainda a recuperar de uma lesão grave, é Stephen Eustáquio quem assume a braçadeira de capitão da seleção canadiana. O «fator liderança» foi um dos temas predominantes da entrevista e o médio do FC Porto revela de quem absorveu conhecimentos.

«Joguei com futebolistas que são grandes líderes e aprendi muito com eles. Posso falar de três ou quatro. Na seleção havia, obviamente, o Atiba Hutchinson e também o Steven Vitória, que é alguém que tem um enorme conhecimento. A nível de clubes, joguei com o Pepe e o Otávio, um médio fantástico que me ajudou muito no FC Porto. E a lista podia continuar... O mais engraçado é que quando eu tinha 23, 24 e 25 anos ouvia determinadas coisas vindas destes jogadores que não percebia bem, mas agora já entendo o que queriam dizer. É este tipo de coisas que tenho tentado absorver e passar aos meus companheiros, que ainda são jovens e têm um potencial muito maior do que eu tinha com a idade deles. Se eles começarem a adquirir estes conhecimentos agora, não vão ter um teto onde bater», afiança Eustáquio. A experiência de vários anos no FC Porto também tem ajudado nesse sentido, admite.

«Como capitão, tenho de pensar na equipa e não apenas em mim. Tenho de comunicar mais, ser um exemplo, o que, por vezes, é muito desafiante. E a juntar a tudo isto tenho de cumprir a minha missão dentro de campo. Em simultâneo, sinto-me confortável neste papel, porque é algo que já fui fazendo no FC Porto. Já falhei muito, mas a maioria das coisas boas que faço agora também se devem a isso. Já passei por algumas etapas boas na minha carreira», reconhece o médio.