Lookman marcou o segundo golo da vitória da Nigéria por 2-1 sobre a Tanzânia
Lookman marcou o segundo golo da vitória da Nigéria por 2-1 sobre a Tanzânia - Foto: IMAGO

CAN 2025: resultados que confirmam identidades

Uma análise aos jogos desta terça-feira

A fase inicial da CAN 2025 começa a desenhar padrões claros. Os resultados mais recentes mostram menos surpresa do que leitura correta do contexto competitivo.

A RD Congo venceu o Benim por 1–0 num jogo típico de torneio curto. Equilíbrio, pouco risco e uma decisão bem executada. Não foi um jogo vistoso, mas foi um jogo inteligente. O Congo confirmou a capacidade de controlar o ritmo, fechar espaços e transformar um detalhe em vitória. É uma seleção que sabe competir.

O Senegal confirmou estatuto ao vencer o Botsuana por 3–0. Superioridade física, intensidade constante e capacidade para empurrar o adversário para trás desde cedo. Quando o Senegal entra forte e marca primeiro, torna-se extremamente difícil de travar. Vitória clara, sem ruído.

A Nigéria venceu por 2–1 num jogo mais exigente do que o esperado. Houve momentos de domínio, mas também fases em que a equipa teve de sofrer. A diferença voltou a estar na profundidade, na capacidade de atacar o espaço e na maturidade para fechar o jogo quando o resultado apertou. Na CAN, isso vale muito.

A Tunísia bateu o Uganda por 3–1 e mostrou organização, critério e frieza nos momentos-chave. Não é uma equipa exuberante, mas é disciplinada, pragmática e muito bem preparada para este tipo de competição.

Estes jogos reforçam uma ideia central: a identidade numa seleção é talvez o conceito mais subjetivo e um dos mais difíceis de construir. Porquê? Porque não há tempo. Existem poucos momentos ao longo do ano para criar rotinas, padrões comportamentais e relações socioafetivas. A isso junta-se a responsabilidade dos treinadores nacionais em escolher não apenas os melhores jogadores, mas aqueles que estão no melhor momento de forma desportiva e emocional.

Na seleção da Nigéria, analisávamos todos os fins de semana cerca de 70 jogadores espalhados pelo mundo, a que se juntavam relatórios internos do campeonato local. Um processo demorado e muito intenso, mas fundamental para respeitar todos os jogadores e garantir que a seleção entrava em competição com quem estava verdadeiramente preparado — mesmo correndo o risco de perder alguma identidade tática. A emocional, a da dedicação e da entrega, essa é inegociável.

O mister José Peseiro, de forma inteligente, conseguiu criar um espaço de identidade emocional muito forte. Na primeira apresentação oficial, perante um país inteiro e uma imprensa nigeriana intensa e feroz, assumiu claramente que o objetivo era vencer a CAN 2024 — e apenas isso interessava. Criou o farol. A unificação do grupo, a identificação coletiva, a personalidade emocional. A tática? Essa foi sendo construída aos poucos, com os jogadores selecionados.