África do Sul e Angola: venceu o favorito do grupo
Nas meias-finais da CAN 2023, disputada no início de 2024, defrontámos a África do Sul ao serviço da Nigéria. Honestamente, foi o jogo mais difícil de toda a competição. Uma abordagem extremamente complexa, flexível e eclética nos comportamentos. Para mim, é a seleção que melhor interpreta o futebol moderno em África.
Esse jogo ficou também marcado por um episódio que ilustra bem a qualidade do VAR na competição. Vencíamos por 1–0, com o jogo controlado: eles com bola, nós a retirar espaço e profundidade. Num lance na nossa área, recuperámos e marcámos o 2–0 em transição. Explosão de alegria e presença na final praticamente garantida. De repente, VAR em ação. Após uma análise rigorosa, foi assinalado penálti contra nós. Custou, mas era a decisão correta. A África do Sul empatou. A verdade desportiva prevaleceu. Vencemos depois nas grandes penalidades e seguimos para a final.
O líder deste processo é Hugo Broos, treinador belga de 73 anos, com um percurso marcado mais pela ideia do que pelo currículo. O destaque não está na idade nem nos títulos — apesar de contar com duas ligas belgas e uma taça turca — mas na forma como a equipa joga: futebol apoiado, múltiplas linhas de passe, coragem para assumir a posse e capacidade para controlar o adversário com bola. A presença de vários jogadores do mesmo clube, o Mamelodi Sundowns, com princípios idênticos aos da seleção, torna o processo mais fluido, quase como se se tratasse de uma equipa regular.
O onze apresentado contou com um dos melhores guarda-redes africanos da atualidade, Ronwen Williams, seguro e ágil. No meio-campo, Sithole (Tondela) e Mokoena, o verdadeiro líder da equipa, garantem equilíbrio tático, variação rápida do centro do jogo e reação eficaz à perda da bola. Na frente, Lyle Foster, do Burnley, oferece frieza e critério nos momentos decisivos.
Angola merece uma nota especial. Defrontar seleções com a nossa língua-mãe tem sempre um sabor diferente. Nos quartos de final, vencemos por 2–0, controlando bem os pontos fortes, sobretudo Fredy, o maestro da equipa, e Nzola, avançado a atuar na liga italiana. Metade do estádio estava pintado de Angola, com um apoio impressionante. Voltarei a esta seleção noutra análise.
O jogo de hoje soube a pouco à seleção angolana. Houve emoção até ao fim, mas a vitória foi justa para a África do Sul, o favorito do grupo.
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