Marrocos
Marrocos é o anfitrião e um dos grandes candidatos à conquista da CAN-2025. A par do Ruanda, foi o país que mais me impressionou nas inúmeras deslocações que realizámos por África. O investimento é concreto, organizado e visível, tanto nas infraestruturas do país como, naturalmente, no futebol. Estádios modernos, relvados de elevada qualidade, instalações funcionais e um enquadramento exemplar entre cultura, história e futebol.
Jogámos pela Nigéria no Adrar Stadium/Grand Stade d’Agadir, onde alcançámos a vitória mais expressiva da história dos apuramentos para a CAN: 10–0 a São Tomé, com poker de Osimhen. Foi a melhor relva onde jogámos em toda a competição, ao nível dos melhores palcos europeus. Este é o padrão do futebol em Marrocos. Mas há mais. A Cidade do Futebol da Federação Marroquina é impressionante: inúmeros campos relvados de qualidade, hotel de luxo para a seleção principal, edifícios dedicados às seleções jovens, laboratórios de performance e uma ambição definida. Nada disto é obra do acaso. Marrocos organizará o Mundial-2030, foi 4.º no Mundial-2022, é 11.º do ranking FIFA, conquistou o Mundial de sub-20 e parte como favorito à CAN-2025.
Ainda assim, existe um peso histórico. Desde a década de 70 que Marrocos não vence a competição, e essa pressão sente-se.
No jogo inaugural, no domingo, frente às Ilhas Comores, apesar do domínio absoluto na primeira parte, um penálti falhado aumentou os níveis de ansiedade e condicionou a organização ofensiva. No onze destacaram-se Yassine Bounou na baliza, Romain Saiss como líder defensivo, Sofyan Amrabat no meio-campo e Brahim Díaz na ala direita. Nas Ilhas Comores, nota para Iyad (Casa Pia) e Rafiki Said (Standard Liège). Na segunda parte, a pressão alta das Comores abriu espaços e, aos 55', Brahim Díaz fez o primeiro golo. Aos 74, El Kaabi (entrou aos 65') marcou o momento do jogo com bicicleta espetacular a selar o 2-0.