Bruno Lage sobre Rui Costa e o trabalho que considera ser o mais importante

«Bom futebol e golos vão aparecer»; a Champions e Bernardo: tudo o que disse Bruno Lage

Treinador das águias fez a antevisão do jogo desta terça-feira com o Qarabag, 1.ª jornada da fase de liga da Champions

- Qual vai ser abordagem frente ao Qarabag? A equipa está pronta para responder?
- Sinto a equipa motivada para voltar a dar a imagem que deu nos quatro jogos internacionais que fizemos este ano, com uma vontade enorme de voltar a repetir os bons jogos que fizemos o ano passado na Liga dos Campeões. O grande objetivo para este jogo é vencer, conquistar os três pontos, jogar bom futebol e mais uma vez oferecer aos nossos adeptos uma grande noite europeia.

- Como está a equipa depois do empate e contestação no jogo com o Santa Clara? O que não pode suceder neste jogo da Champions?
- Quem treina o Benfica sabe da exigência estratosférica que nós temos. Não basta só ganhar títulos, nós temos que jogar bem, por isso, depois de um mau resultado, jogadores e equipa não têm tempo para olhar para trás, temos é que olhar para a frente. Temos um longo caminho a fazer, enquanto evolução do nosso jogo, principalmente em termos ofensivos, porque em termos defensivos rapidamente voltámos aos índices do ano passado, somos uma equipa muito forte, talvez das melhores da Europa, a pressionar a saída de bola na construção do guarda-redes. Na transição defensiva, e falámos muito sobre isso, estamos muito mais agressivos desportivamente; ofensivamente, estamos a trabalhar muito para tentar resolver uma questão, que já tínhamos o ano passado, na construção do jogo, na construção a partir dos guarda-redes, a partir dos centrais, a nossa ligação pelos médios, controlar o jogo mais com bola. E temos um espaço enorme para evoluir, fundamentalmente no terço ofensivo. Temos de criar mais dinâmicas, mais movimentos, colocar os nossos melhores jogadores em posição de finalização, temos de criar mais situações de finalização e temos de marcar mais golos. Temos consciência disso e temos um longo caminho, à medida que vamos tendo tempo para treinar e trabalhar, vamos falando com os jogadores e acredito que há condições para fazermos agora um bom jogo e um bom resultado.

- A equipa já está perto dos níveis de agressividade e intensidade que pretende? Sudakov pode trazer mais ideias ao ataque?
- Noto isso, e até quando olhamos agora para o nosso registo de cartões amarelos... Aquilo que peço e reforço aos nossos jogadores é que temos de ter uma agressividade desportiva muito maior. Esse foi ponto fundamental quando iniciámos a época. No terço ofensivo é onde temos de evoluir. Acho que estamos pragmáticos na construção do jogo, no controle do jogo, temos claramente de fazer uma evolução grande naquilo que são as nossas dinâmicas... vários movimentos e contramovimentos, movimentos ao terceiro homem para arrastar as marcações... fundamentalmente quando se joga contra uma linha de cinco [defesas], em que os espaços são curtos, perceber quais são os espaços entre, à frente e nas costas dos defesas, ter um leque de dinâmicas e movimentos, e é nesse sentido que vamos trabalhar. Nove golos e 13 golos em nove jogos, é a amostra desta época, prefiro olhar para o meu registo enquanto treinador do Benfica: 140, 141 jogos e 300 e poucos golos marcados. Por isso acredito que o bom futebol e os golos vão surgir porque conheço muito bem esta casa. No primeiro dia disse que sabia bem qual o futebol de que os adeptos gostam. As minhas equipas jogavam bem nas escolas, iniciados, juvenis, juniores, muito bem na equipa B, na minha primeira passagem pelo Benfica [equipa A] jogávamos bem, marcávamos muitos golos, vencíamos títulos, o ano passado tivemos bons momentos em que esse bom futebol apareceu, é uma questão de tempo e trabalho que o bom futebol vai voltar a aparecer, seguramente.

- Mas se fosse adepto estaria satisfeito com as exibições?
- Não ficámos satisfeitos com o que fizemos no último jogo. Sou o primeiro a identificar aquilo que temos de fazer. É importante olhar para o que trouxemos da época passada e depois a questão de agressividade da transição defensiva, que acho que estamos no bom caminho; na construção a partir dos centrais e controlar o jogo com bola, também estamos no bom caminho, falta efetivamente trabalhar muito mais o terço ofensivo. O objetivo desde o início foi logo atacar isto em vinte e poucos dias, tínhamos logo uma Supertaça para jogar. E fomos muito pragmáticos: queríamos vencer a Supertaça, conquistar o acesso à Liga dos Campeões e conquistar o maior número de pontos até o final do primeiro ciclo. Fizemos isso, umas vezes a jogar bem e outras menos bem, estamos a iniciar um novo ciclo. Depois, se não ficámos satisfeitos com o último jogo, é perceber como continuar a fazer a equipa crescer.

- Disse que acreditava que Bernardo Silva voltaria ao Benfica com qualquer presidente. Também está disponível para ser treinador com qualquer presidente?
- Sobre o Bernardo, acho que disse o óbvio, que qualquer adepto do Benfica tem dito publicamente. Também disse que acredito que um dia, independentemente do treinador ou presidente, o Bernardo vai regressar. Quiseram levar para o lado político, lamento imenso que o tenham feito. Sobre o mercado, não disse [na conferência antes do jogo com o Santa Clara] de verão, digo agora, mas é um facto que foi o único, na perspetiva do treinador, em que as ideias convergiram. É um facto. Quiseram levar para o lado político. Eu só vou meter-me no lado político se a linha vermelha for ultrapassada. Se sentir que algums dos candidatos ataca a equipa de alguma maneira, tenho de dar passo em frente e ultrapassar essa linha. Não estou preocupado em ser consensual. Sou treinador e a minha única preocupação é fazer crescer a equipa e ajudar o Benfica a ganhar títulos e a jogar bom futebol.

- Para este jogo, espera encontrar de novo uma equipa de bloco baixo, como frente ao Santa Clara, e isso causa-lhe maior preocupação?
- O Santa Clara faz este trabalho muito bem. São três anos, o Vasco [Matos, treinador do Santa Clara] está a fazer um trabalho fantástico, vejam o registo dos resultados que tem contra os três grandes... se pedir aos meus jogadores aquele posicionamento, eles não o vão fazer. O que vi do nosso adversário [Qarabag], é uma equipa com posicionamento diferente, por isso acredito que a estratégia e o jogo serão completamente diferentes.

- Rui Costa [presidente do Benfica] pediu-lhe explicações depois do empate com o Santa Clara
- Temos um trabalho a fazer. Jogar bem, conquistar títulos, o mais importante é saber o que estou a fazer, sentir uma enorme confiança em mim do presidente e da direção técnica. 

- Quais são os objetivos do Benfica para esta época na Liga dos Campeões? Vai surpreender na equipa titular? 
- Preparamos sempre o jogo da melhor maneira e escolhemos o melhor onze para cada jogo. Temos mais um dia para perceber o estado de toda a gente e escolher o melhor onze. O nosso espírito tem sempre de ser de conquista. Sabemos o que representa jogar pelo Benfica e temos objetivo muito claro: independentemente do local e hora, vencer o jogo, com muitos golos e jogar bom futebol. Essa é a nossa exigência e sabemos disso.