Aí está a LaLiga: Real Madrid quer evitar o bicampeonato do Barcelona
Dá-se esta sexta-feira o pontapé de saída na LaLiga com a receção do Girona ao Rayo Vallecano.
Depois de um surpreendente terceiro lugar em 2023/2024, com 81 pontos, mais cinco que o Atlético Madrid, o Girona conseguiu uma inédita qualificação para a estreante fase de liga da UEFA Champions League. A temporada seguinte – 2024/2025 –, acabou, contudo, por ser algo dececionante. Os catalães fizeram menos 40 pontos que em 2023/2024 e o perigo da descida ao segundo escalão esteve presente até ao fim. Os comandados de Míchel acabaram o campeonato com apenas mais um ponto que Leganés, primeira equipa despromovida. Para a nova época, o Girona já garantiu o ex-Benfica Axel Witsel, que tinha terminado contrato com o Atlético Madrid.
O Rayo Vallecano pretenderá dar seguimento a uma temporada positiva. Oitavo lugar, com 52 pontos, e apuramento para a fase de liga da UEFA Conference League. O vallecanos escaparam por pouco à descida há duas épocas, tendo ficado uma posição acima da primeira equipa que caiu para o segundo escalão.
O primeiro candidato ao título a entrar em campo é o Barcelona, que se desloca ao reduto do Maiorca, do médio internacional português Samuel Costa. Os blaugrana sobem ao relvado com um claro objetivo: o bicampeonato, que foge desde 2018/2019.
De resto, Barcelona e Real Madrid têm dividido os títulos nos últimos anos, sempre o Atlético Madrid à espreita a tentar tirar o protagonismo aos dois clubes mais titulados da LaLiga. A equipa orientada por Diego Simeone conseguiu-o por duas ocasiões nas últimas épocas: 2020/2021, com João Félix no plantel, e 2013/2014, quando estava ainda Tiago nos colchoneros.
Nas últimas 10 edições da LaLiga, o Barcelona conquistou cinco, o Real Madrid quatro e o Atlético Madrid uma.
O Atlético Madrid faz a estreia na LaLiga no domingo, na Catalunha, frente ao Espanhol. Os colchoneros perderam pontos nas últimas duas épocas em que se deslocaram ao terreno dos pericos (1-1 em 2024/2025 e 3-3 em 2022/2023 – catalães jogaram na segunda divisão em 2023/2024).
O novo Real Madrid, que contratou Álvaro Carreras ao Benfica, é o último candidato ao título a entrar em campo e o único a jogar em casa. O Bernabéu recebe o duelo entre os merengues, de Xabi Alonso, que sucedeu a Carlo Ancelotti, e o Osasuna.
As restantes 17 equipas podem não ter aspirações pelo título, mas têm outros objetivos, passem eles pela qualificação para as competições europeias ou simplesmente pela manutenção entre a elite do futebol espanhol.
Tal como na época passada, Athletic Bilbao, Villarreal, Betis e Celta de Vigo devem a Europa debaixo de olho. Nessa luta não tem estado o Sevilha, que tem desiludido nas últimas temporadas. Em 2024/2025, os andaluzes livraram-se por pouco da descida: um ponto acima do primeiro despromovido. O mau desempenho levou à contestação por parte dos adeptos em mais do que uma fase da época.
A Real Sociedad, que contratou o ex-Benfica Gonçalo Guedes ao Wolverhampton, pode intrometer-se na luta pelos lugares europeus.
Rayo Vallecano, Osasuna, Espanyol, Alavés, Girona, Maiorca, Getafe, de Domingos Duarte, e Valência, de Thierry Correia e André Almeida, olham para a permanência, embora possam surpreender.
Levante, Elche, que garantiu Martim Neto junto do Benfica, e o Real Oviedo – 24 anos depois –, voltaram ao primeiro escalão.
Nova era no Real Madrid com Xabi Alonso
O Real Madrid inicia uma nova etapa com Xabi Alonso no comando técnico. O treinador espanhol sucedeu a Carlo Ancelotti, que liderou os merengues nos últimos quatro anos.
O antigo futebolista já teve a possibilidade de orientar os blancos no Mundial de Clubes. O emblema espanhol foi afastado nas meias-finais após ser goleado pelo campeão europeu PSG, por 0-4. Foi uma primeira amostra de Xabi Alonso como treinador do Real Madrid, após se ter destacado no Bayer Leverkusen, ao qual conduziu ao inédito título, em 2023/2024. Nessa época, os alemães não sofreram qualquer derrota a nível interno em 40 jogos. A única derrota em todas as competições foi na final da UEFA Europa League com a Atalanta.
Xabi Alonso sabe o que é triunfar no Real Madrid como jogador. Conquistou uma UEFA Champions League (2013/2014), uma LaLiga (2011/2012), duas Taças de Espanha (2013/2014 e 2010/2011) e uma Supertaça de Espanha (2012/2013). Xabi Alonso procura quebrar uma maldição. Desde 2003, com a saída de Vicente del Bosque, que um treinador espanhol não consegue singrar no Real Madrid.
Despedida de uma lenda
Real Madrid e Barcelona mantiveram a base das suas equipas. Nomes como Lamine Yamal, Raphinha, Gavi, Pedri e Lewandowski, no Barcelona, e Bellingham, Vinícius Júnior e Mbappé, no Real Madrid, continuam em 2025/2026.
Contudo, registam-se saídas e entradas. O grande destaque vai para a saída do croata Luka Modric, aos 39 anos. A lenda do Real Madrid terminou contrato e saiu para o Milan. O médio despediu-se dos merengues ao fim de 13 anos e muitos títulos na bagagem. Além da Bola de Ouro (2018), Modric arrecadou seis edições da UEFA Champions League, quatro LaLigas, cinco Supertaças Europeias, uma Intercontinental, cinco Mundiais de Clubes, duas Taças de Espanha e cinco Supertaças de Espanha. Um futebolista que deixa saudades pela sua qualidade e experiência que trazia ao Real Madrid.
Lucas Vázquez também se despediu do Bernabéu, depois de uma ligação de 18 anos. O ala chegou a Madrid em 2007, com 16 anos, onde terminou a formação, e saiu com 34 anos e mais de 400 jogos.
Em sentido inverso, a preparar uma nova etapa com Xabi Alonso, o Real Madrid já garantiu alguns reforços, entre eles Álvaro Carreras, contratado ao Benfica por 50 milhões de euros. Alexander-Arnold, Huijsen e Franco Mastantuono também são caras novas.
Ao Barcelona chegaram o guarda-redes Joan García e os avançados Roony Bardghji e Rashford, cedido pelo Manchester United de Ruben Amorim. São reforços para Hansi Flick atacar o bicampeonato.
Forte investimento do Atlético Madrid
O Atlético Madrid quer recuperar um título que lhe foge desde 2020/2021 e, por isso, já fez um forte investimento nesta janela de transferências: mais de 100 milhões de euros.
Álex Baena trocou o Villarreal pelo Atlético Madrid, num negócio avaliado em 42 milhões de euros. O médio-ofensivo/extremo é o reforço mais caro, até agora, dos colchoneros na janela de transferências de verão. O defesa-central Hancko deixou os neerlandeses do Feyenoord e custou mais de 25 milhões de euros. Por um valor semelhante chegou o médio Johnny Cardoso (ex-Betis) e o avançado Raspadori (ex-Nápoles). Thiago Almada, médio-ofensivo argentino, foi fortemente associado ao Benfica, mas o seu destino acabou por ser Madrid. Custou cerca de 21 milhões de euros por 50 por cento do passe. O lateral-esquerdo Ruggeri /ex-Atalanta) e o lateral-direito Marc Pubill (ex-Almería) obrigaram o Atlético Madrid a pagar mais de 15 milhões de euros (por cada).
O Atlético Madrid também perdeu alguns jogadores que valeram um encaixe superior a €50 milhões. O ex-Gil Vicente Samuel Lino rumou ao futebol brasileiro – Flamengo –, por €22 milhões, e Arthur Vermeeren assinou pelo RB Leipzig, por €20 milhões. Santiago Mourino trocou Madrid por Villarreal e permitiu um encaixe de €10 milhões. Riquelme (Betis - €8 M) e Ángel Correa (Tigres - €8 M), o último 10 épocas depois, também deixaram o Metropolitano.
Seis portugueses em campo: um estreante
A LaLiga arranca com seis portugueses, número abaixo do da época passada (foram utilizados 10). São cinco os clubes que contam com jogadores lusos nas suas fileiras.
O lateral Thierry Correia, que sofreu uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em outubro de 2024, e o médio-ofensivo André Almeida partem para uma nova época no Valência.
Samu Costa, médio internacional português, vai iniciar a terceira época no Maiorca, depois de também já ter passado pelo Almería. É, de resto, o português mais valioso na LaLiga, avaliado em 15 milhões de euros pelo Transfermakt.
Domingos Duarte, defesa-central de 30 anos, está no Getafe desde 2022/2023. Fez 78 jogos nas últimas três temporadas, acrescentando dois golos e duas assistências.
Após passagens por Valência, onde se evidenciou, e Villarreal, o ex-Benfica Gonçalo Guedes está de regresso à LaLiga pela porta da Real Sociedad.
O único estreante no campeonato espanhol é Martim Neto. O médio deixou o Benfica a título definitivo para rumar ao recém-promovido Elche.
Argentina e França no topo
No que a nacionalidades diz respeito, sem contabilizar Espanha, Argentina e França aparecem no topo, com 19 e 18 jogadores, respetivamente. Importa sempre dizer que é o registo à entrada para a primeira jornada da LaLiga, podendo haver mudanças até ao fecho do mercado.
Julián Álvarez, avançado do Atlético Madrid, é o argentino mais valioso, avaliado em €100 milhões. Giuliano Simeone, também dos colchoneros, aparece na segunda posição (€35 milhões), seguido de Franco Mastantuono, reforço do Real Madrid (€30 milhões).
Kylian Mbappé, como seria de esperar, é o francês com valor de mercado mais elevado: €180 milhões de euros. A fechar o pódio está o Uruguai, sendo Federico Valverde, do Real Madrid, o mais valioso (€130 milhões). Portugal surge no sexto lugar, igualado com Inglaterra e Colômbia.
Villarreal-Barcelona para a história... mas com polémica
O encontro entre Villarreal e Barcelona, da 17.ª jornada da LaLiga, deverá jogar-se no Hard Rock Stadium, em Miami, a 21 de dezembro. A possibilidade foi debatida pelos máximos dirigentes do futebol espanhol e aprovada pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). O próximo passo da RFEF será obter a autorização por parte de UEFA e FIFA.
A ideia desagrada ao Real Madrid, que pronunciou-se publicamente, falando numa «alteração» do equilíbrio competitivo.
«A medida, promovida sem prévia informação ou consulta aos clubes participantes na competição, viola o princípio essencial da reciprocidade territorial que rege as competições de duas voltas (um jogo em casa e outro no clube adversário)», apontaram os merengues, em comunicado.
Esta proposta faz parte da ambição de longa data de Javier Tebas, presidente da LaLiga, em globalizar o futebol espanhol.
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