Remo de Mar: «Estamos bem encaminhados, mas temos de continuar a trabalhar!»
Portugal tem uma dupla campeã europeia de remo de mar, Patrícia Batista e Afonso Costa, que sonha marcar presença nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-2028. A caminhada para garantir um lugar nesta nova modalidade olímpica começou há um ano e até agora foi coroada de sucesso, terminando com o quarto lugar no Mundial.
— Quando é que começa a nova época?
Afonso: As competições, a sério, começam em março.
— E a preparação?
Afonso: Já começámos, tivemos uma pausa de uma semana, sem treinar, e agora começámos devagar. Corrida, bicicleta...
— E quando é que vão para o mar?
Patrícia: Acho que só para o ano.
Afonso: Não… Não sei.
— Expliquem-me como é um dia vosso de treinos
Afonso: Um dia daqueles mesmo bons? Daqueles que uma pessoa chega à cama e adormece logo... Tivemos aí uns dias muito tramados em que tínhamos três treinos. Íamos correr às 6h30 da manhã. Corríamos meia hora, depois íamos para o clube e começávamos um treino de séries às 10h00. Ou seja, aquela corrida de manhã servia logo para ativar o corpo e estar prontíssimo para as séries. Depois fazíamos as séries, assim uma coisa mesmo dura. E saíamos do clube, já após alongamentos e recuperação, à 13h30. E depois, às 16H30, estávamos outra vez no clube para fazer, por exemplo, uma hora de água ou uma hora de ergómetro. Esses dias foram muito duros.
🚣 REMO EM DESTAQUE! No Mundial de Remo Beach Sprint, na Turquia, Afonso Costa e Patrícia Batista ficaram em 4.º lugar em CMix2x, Dinis Oliveira foi 5.º em CJM1x e Bruna Parente foi 9.ª em CW1x!#avozdodesporto pic.twitter.com/I7R25nXxl9
— Confederação do Desporto de Portugal (@confdesportopt) November 9, 2025
— A Patrícia é do Clube Naval na Figueira e o Afonso, Setubalense. Como é que fazem para treinar? Cada um no seu sítio?
Afonso: Eu vivo na Figueira, apesar de ter representado o Setubalense até esta última época. Este ano sou atleta da Naval também. Ou seja, estamos no mesmo clube.
— O que facilita, claro
Afonso: É tudo muito mais fácil.
Patrícia: Mas o nosso centro de estágio também é na Figueira. Portanto, estamos sempre lá. O Centro de Treinos de Remo de Mar é na Figueira da Foz, no Clube Naval.
— Já sabiam que a modalidade ia passar a ser olímpica ou juntaram-se de propósito?
Afonso: Já sabíamos. Ou seja, oficialmente foi só no ano passado que saiu a decisão, mas já existiam rumores, já havia a proposta. O Comité Internacional aceitou e já sabíamos que ia ser olímpico.
— E nessa altura mudaram?
Afonso: Sim. Ambos mudámos do remo clássico para o remo de mar apostando nisso.
— E é muito diferente? Como foi a experiência?
Patrícia: A experiência em termos de resultados foi ótima, não é? Campeões da Europa, quartos no Mundial.
Afonso: Sim, tem sido... Felizmente tem sido.
Patrícia: O plano de treinos é completamente diferente do remo de pista.
Afonso: Além disso, a água...
Patrícia: Temos muito mais condicionantes e se calhar somos um bocadinho mais vulneráveis. Porque temos a condicionante das ondas, do vento... Nem sempre temos as vantagens todas... Não é tão exato.
🥇 CAMPEÕES da EUROPA!
— Comité Olímpico de Portugal (COP) (@COPPORTUGAL) October 12, 2025
Afonso Costa e Patrícia Batista vencem final do Europeu de Remo de Mar, disciplina de "beach sprint", em Antália, Turquia. Dupla da #EquipaPortugal impôs-se aos alemães Franz Werner e Sophie Leupold 👏👏#COPortugal pic.twitter.com/Yo635WJQns
— Podem planear uma coisa espetacular para daqui a duas semanas e depois não acontecer. Têm de fazer como os surfistas.
Afonso: É, exato, é ir pelo forecast.
— O que foi mais difícil? O que é que estranharam mais na mudança?
Patrícia: Para mim, foi o plano de treino. Porque como é uma distância mais curta, o planeamento é completamente diferente.
— São 250 metros para cada lado, certo?
Afonso: Exatamente.
Patrícia: E trabalhamos muito mais séries curtas, mais potência, mais força.
Afonso: A resistência fica um bocadinho para trás.
Patrícia: Bom, mas não muito, porque temos sempre de treinar também um bocadinho a parte da resistência para a recuperação de prova para prova. Porque normalmente quando chegamos aos quartos [de final], temos só 15 minutos de intervalo entre cada prova.
Afonso: Ou seja, a distância reduziu, mas é quatro vezes 500 metros. Antes fazíamos uma de 2000 e esta agora é 500 metros, 10 minutos [de intervalo], entra e sai, entra e sai. Ou seja, essa resistência acaba por ter de estar lá na mesma. Mas a Patrícia notou isso no plano de treino e eu notei mais, não propriamente na técnica, mas como temos de saber correr!
😍Itália volta a ser um local feliz para os portugueses no Troféu de Remo de Mar Filippi Beach Sprint
— Comité Olímpico de Portugal (COP) (@COPPORTUGAL) May 4, 2025
Patrícia Batista e Afonso Costa venceram a prova de duplas mistas e Bruna Parente foi 3.ª em singulares femininos
Saiba mais ⬇️ https://t.co/4DZ1k1tcBC#COPortugal | 📸FPRemo pic.twitter.com/DSp54BSF6Q
— Na prova vocês saem da praia a correr, saltam para o barco, fazem 250 m, contornam, regressam à praia após mais 250 m e têm de sair a correr para ir tocar num botão na praia, é isto?
Afonso: Isso, termina quando tocamos no botão, que está lá na areia. É importante entrar no barco, saber e aprender a entrar no barco, a saltar do barco e começar a correr, não é tão simples como parece. Ou seja, bem feita podemos ganhar muitos segundos e também podemos perder muitos segundos. E isso, para mim, foi uma das grandes diferenças. Mas, na minha opinião, é muito mais divertido.
— Por ser mais curta a distância?
Afonso: Porque estamos na praia, para começar [risos]. E tem este lado...
🏝️ Today’s morning session is devoted to the under-19 rowers, racing in men’s and women’s solos and doubles and mixed double sculls.
— World Rowing (@WorldRowing) November 6, 2025
The top eight are confirmed. These athletes will not have to race again in the second timetrial tomorrow.
Ignacio Ramon-Borja, Spain; Felix… pic.twitter.com/L24xWeDsaK
— Mais atribulado, mais emocionante?
Afonso: Exato, é muito mais emocionante. Sobre isso não há dúvida.
Patrícia: Sim, sim. E depois também tem a emoção de irmos lado a lado contra o nosso adversário e temos de o eliminar. Há aquele mata-mata. E aí acaba por ser mais divertido. E como é uma distância mais curta, normalmente vamos sempre lado a lado durante a prova e só no final é que decidimos quem ganha.
— Podem ganhar quase na corrida e não a remar…
Afonso: Agora com o nível a aumentar, é isso que tem acontecido. É sempre na corrida que se decide. Porque lá dentro as condições são iguais para todos. Posso ser muito rápido no mar, mas chego à praia e não corro nada, o adversário vai tirar a melhor de mim, não é?
— Sagraram-se campeões da Europa já este ano, estavam à espera?
Afonso: Essa pergunta é difícil… Nós sabíamos que tínhamos condições para ser campeões. Ou seja, estávamos à espera sim, se aplicássemos e fizéssemos bem todo o trabalho que preparámos.
— Tinham a fórmula certa?
Afonso: Sim, exatamente, tínhamos a fórmula. Agora só tivemos de cozinhar bem o bolo. E o bolo foi bem cozinhado.
— E o que é que fez a diferença para os outros? Não foi a experiência... Há quanto tempo é que competem juntos?
Patrícia: Há um ano.
Afonso: Até tínhamos menos experiência do que os atuais campeões do mundo, na verdade, a equipa da Lituânia, porque que eles já tinham remado mais tempo juntos. Mas temos a felicidade de treinar no mesmo local. Não temos de ir para estágio para nos juntarmos. Vivemos na mesma cidade, treinamos no mesmo clube.
— Podem estar juntos todos os dias
Afonso: Exatamente e isso acabou até por ser uma vantagem. Conseguimos ter uma dinâmica do barco muito mais coesa do que se calhar alguns adversários. Não sei o que é que os outros fazem, na verdade. Quer dizer, sabemos, vamos vendo nas redes sociais, mas nós também não andamos a expor a nossa preparação abertamente.
— E em que momento perceberam que iam ser campeões?
Patrícia: O Afonso percebeu mais cedo que eu. Foi para aí nos quartos, acho...
Afonso: Eu percebi logo nos quartos... Se fizéssemos a prova, não precisava de ser perfeita, se fizéssemos uma boa prova conseguíamos ser campeões da Europa.
— A Patrícia não acreditou?
Patrícia: Acreditei, só que acho que sou um bocadinho mais 'pés assentes na terra', gosto de estar mais cautelosa...
— Esperar para ver?
Patrícia: Não, eu confio plenamente no Afonso e no que ele diz, e isso potencia-me ao máximo. Mas tenho sempre aquela dúvida porque também sei que os outros trabalham muito e são muito bons. E as pessoas que foram contra nós na final já nos tinham ganho uma vez, esta época. Então tu ficas sempre naquela ‘OK, temos hipótese, mas eles também são bons'.
— E o Campeonato do Mundo, como foi? A expectativa com que iam era já mais elevada?
Patrícia: Eu também estava otimista. Estava muito otimista.
Afonso: Pois, depois de termos sido campeões da Europa há três semanas!
Patrícia: No mesmo sítio. Exato.
Afonso: Íamos a contar com uma medalha, sim. Não, íamos a contar ser campeões do Mundo. Nós queríamos, não é? Tínhamos esse objetivo.
— No remo, as equipas mais fortes estão no Mundial ou no Europeu?
Afonso: As maiores potências são na Europa, na verdade, por isso, à partida, o Mundial seria uma prova com as mesmas expectativas. Entravam algumas nações de respeito, mesmo a essas pensávamos que conseguíamos ganhar. Fizemos umas boas progressões, correu-nos bem até chegarmos aos quartos de final, entrámos nas meias-finais e acabámos por perder com os Estados Unidos.
— Como foi essa prova?
Afonso: Mentalmente, para mim, foi muito dura. Eu estava mesmo confiante que conseguíamos ganhar. Mas, lá está, foi um choque. Ficámos de fora. O objetivo, que era a medalha de ouro, já não conseguíamos ganhar. Já só conseguíamos ganhar o bronze. E depois na Final B... Acho que estávamos um bocado mentalmente destruídos. E a França esteve bem, venceu. Venceu justamente. Estava melhor que nós mentalmente. Infelizmente ficámos com o quarto lugar. Na altura ficámos tristes, fiquei... Aquilo bateu-nos forte. Mas hoje, já passou... Já passou.
— Foi uma lição? Ou ganhamos ou aprendemos…
Afonso: Exatamente. Agora é começarmos a ver o que correu mal.
— E já conseguem perceber? Foi a água ou a terra? Foi a corrida?
Afonso: Ainda não nos sentámos... Acabámos o Mundial e fomos de férias. Tivemos uma pausa. E ainda não nos sentámos para analisar os vídeos e ver. O que é que podemos melhorar aqui? O que é que faltou? E o que é que poderá ser melhor na próxima época.
Patrícia: Tem de ser feito em equipa.
Afonso: Tem de ser feito com o treinador, com calma.
Patrícia: Que é o Pedro Fraga.
Afonso: Ex-olímpico também. Mas do outro remo. Fui companheiro dele nos Jogos de Tóquio-2021. No barco de dois, no double scull. E ele agora é o nosso treinador.
— E como é que o remo aparece na vossa vida?
Patrícia: Eu... fui obrigada pelo meu pai [risos]. Esta história é verídica. Eu era miudinha, tinha 13 anos, e o meu pai queria que eu fizesse algum desporto, mas eu queria ir para o basquetebol. E como o meu irmão estava no remo, pôs-me no remo. E eu fui contrariada. O problema é que ganhei a primeira prova que fiz e então criou-se ali aquele bichinho de competir. E pronto. Foi a partir daí, foi sempre a querer mais e a ter sempre objetivos altos e a querer ir mais longe.
— Mas não é fácil chegar a este nível. Nunca pensou desistir? Há quanto tempo está no projeto?
Patrícia: Comecei este ano no projeto olímpico. Em 2010, fui aos Jogos Olímpicos da Juventude. Depois abandonei o remo, em 2013, durante cinco anos.
— Por que razão?
Patrícia: Tive alguns problemas com a Federação, na altura. Não era muito de apoiar ou não era muito boa a tomar decisões. E para quem está num alto nível, o suporte é fundamental para continuares, então foi muito difícil para mim. E parei... Estava tão farta que parei durante cinco anos. Não fiz mesmo nada ligada ao desporto durante cinco anos. Acabei a faculdade e fiz as minhas coisas. E depois voltei outra vez e voltou outra vez o bichinho. Comecei a ganhar outra vez e comecei a ter objetivos cada vez mais altos e a querer mais. E agora, pronto, estamos a tentar lutar.
— E como é que o Afonso aparece?
Patrícia: O Afonso aparece no remo de mar no ano passado. Por acaso. Foi com a prova daquela do Nacional em que eu disse para tu fazeres double comigo? Ou se querias ir... [olha para Afonso]
Afonso: Sim.
Patrícia: Eu já tinha feito o skiff e tinha sido vice-campeã da Europa no skiff no remo de mar. E depois estava a apostar um bocadinho mais no remo de mar no final da época e ele estava parado, tinha falhado a qualificação. E ele estava em modo desportivo. ‘Ah, vou aproveitar, vou-me divertir, conhecer coisas novas’. E perguntei-lhe: ‘Queres vir fazer double comigo no Nacional? Só para perceber se gostas...’.
Afonso: Só para ver como é que corre.
Patrícia: E ele disse logo que sim.
Afonso: Vamos em frente!
Patrícia: E depois fomos e... Correu super bem o Nacional. Acho que o nosso treinador, o Fraga, também ficou agradado com a nossa prestação. E começámos a apostar no double esse ano.
Afonso: Em 2024
Patrícia: E apostámos no double no campeonato no Mundo em Génova.
— E que resultado fizeram?
Afonso: Fizemos quinto.
— Na primeira vez?
Afonso: Foi logo assim... ‘Afinal temos jeito para isto!’, pensei.
— Tinham feito o quê, um quilómetro juntos?
Afonso: Não, não. Depois dessa prova do Nacional treinámos bastante. Só que foi a nossa primeira prova, tirando o campeonato nacional, não é? Eu já vinha da alta competição e do desporto olímpico quase toda a minha carreira. E gostei daquilo, daquele ambiente, daquela nova disciplina do remo. E sendo olímpico, pensei: ‘Sim, é mesmo isto que eu quero’. E vou continuar mais um ciclo a fazer o remo olímpico. Agora em remo de mar.
Patrícia: Percebemos que tínhamos potencial com aquilo que nós treinámos. E sabíamos que havia equipas lá que já estavam há mais tempo e que já tinham feito os outros campeonatos do Mundo. E percebemos: ‘Isto funciona’. Foi muito bom.
— E o Afonso, como é que começou no remo?
Afonso: A minha história é uma história clássica. Foi uma história bonita, acho. Simples. Amor à primeira vista. E casámos e fomos felizes para sempre. Basicamente isto.
— Mas ninguém nasce num barco, não é?
Afonso: Não [risos]. Eu tinha 9 anos, sempre fiz muito desporto e gostava muito de mar. Em Setúbal... Conheci o remo e inscrevi-me. E os meus pais não são desportistas, nunca fizeram desporto, mas a minha mãe sempre achou que o desporto devia fazer parte da nossa educação. E depois foi afunilando. Vi que era mesmo bom no remo, larguei a natação, depois deixei o aikido. E ficou o remo. Comecei a ganhar provas, comecei a ver que tinha jeito. E é aquela velha história: foca-te no que realmente és bom, não tentes focar-te em tudo. E no que eu era bom era no remo, por isso, comecei a focar-me só no remo e a treinar a sério. Quis entrar na Seleção, tinha o sonho de ir aos Jogos Olímpicos e trabalhei para isso. E, felizmente, tive condições para o fazer e estar nos Jogos Olímpicos em 2020. Com o Pedro Fraga.
— E agora completamente focados em 2028?
Afonso: Completamente focados em 2028.
— E, entrando para o projeto olímpico, têm condições para ser profissionais?
Afonso: Agora sim. Agora conseguimos, com este resultado no Mundial, este quarto lugar. Felizmente dá-nos condições financeiras para nos focarmos totalmente no desporto e na preparação olímpica.
— Os Europeus, Mundiais não têm 'prize money', certo? Mas e outras provas internacionais?
Afonso: Não. Os Europeus e Mundiais não, mas existem algumas provas promovidas por marcas de barcos que têm. Mas estamos a falar de prize moneys muito residuais, atenção. Fomos agora a um Open de uma marca italiana, um circuito de quatro provas, somando pontos, e os vencedores ganhavam prémio. Nós ganhámos. Foram 1.200 euros para cada um. Sem querer desdenhar, mas em voos e o resto... Claro que é bom, mas não é uma realidade que se aproxime de um Open de ténis ou uma qualquer outra coisa...
— Precisam mesmo do Estado para poderem competir.
Afonso: É uma modalidade, ao contrário de muitas outras, que está totalmente dependente de financiamento estatal. Totalmente dependente.
— E os clubes também não têm condições para ajudar
Afonso: O Naval faz o que pode.
— Mas não pode suportar integralmente dois atletas olímpicos profissionais?
Afonso: Impossível, impossível. As autarquias talvez possam fazê-lo. O remo está a crescer, os patrocinadores também podem começar a aparecer. Mas é uma modalidade em crescimento. E eu não digo que sejamos reféns do financiamento estatal para sempre. Mas, para já, sim.
— Se começarem a ter resultados, também começam a ter mais visibilidade, não é? Isso é quase uma bola de neve.
Afonso: Nós começamos a aparecer, e fazemos para aparecer. E estamos a começar a fazer bem. Felizmente temos estado a aparecer aos pouquinhos. Muita gente ainda confunde o remo com a canoagem. A começar por órgãos de comunicação social.
— Há modalidades, como é o caso, com muitas especificidades, que não são fáceis de compreender
Afonso: É verdade, a nossa modalidade chama-se Beach Sprint.
Patrícia: Nós chamamos remo de mar
Afonso: Ah, existem três embarcações no Beach Sprint. O Mix Double...
Patrícia: E a outra é o Skiff masculino e Skiff feminino.
— Já está definida como será a qualificação para LA -2028?
Afonso: Não. Já há uma proposta, mas não é pública. E nós não sabemos mesmo. Mas creio que sai nesta época desportiva. Algures durante 2026 terá de sair. Mas é quase certo que será em 2027.
— Joga-se tudo nesse ano?
Afonso: Mas não é a única hipótese, atenção. Há mais uma, digo eu pelo que acontecia. Mas quase de certeza que o Mundial 2027, será a prova de apuramento. Inclusive, Portugal candidatou-se à realização desse Mundial. [e ganhou a organização]
— Seria espetacular conseguir o apuramento em casa
Afonso: Vamos ver como é que as coisas correm. Portugal é tido em muito boa conta na Federação Internacional. Já organizámos em 2021, ainda não era modalidade olímpica.
Patrícia: Foi em Oeiras. Na praia da Torre.
Afonso: E a Federação Internacional ficou muito contente porque correu tudo muito bem. Era bom. Apurar em casa era top.
— Mas há ainda um longo percurso
Afonso: É, nós estamos bem encaminhados, mas não podemos estagnar. ‘Ah, campeões da Europa, quartos do mundo... Nada mau’. Sim, é verdade, nada mau, mas o desporto olímpico cresce e nós temos de continuar a trabalhar, a inovar, porque isto é um desporto novo. Estamos, como toda a gente, a tentar descobrir como ganhar um, dois segundos, o que quer que seja. Sempre, sempre, sempre! E nós também temos de estar nessa carruagem da frente, não podemos parar, estagnar ou perder o embalo. Precisamos sempre de aprender, crescer, testar e evoluír.