Cenas lamentáveis na AG do Benfica deste sábado

AG do Benfica: chamem a polícia!

É lamentável que, nas assembleias, que são as casas da democracia, o ambiente seja de insulto, ameaça e violência. Nota: isto não é sobre a Assembleia da República, é mesmo sobre o clube da Luz

Infelizmente, com 2025 a caminhar a passos largos para o seu fim, as cenas tristes repetem-se e o que deveria ser inadmissível acontece vezes sem conta, sempre com o mesmo guião, ainda que o cenário e os atores sejam diferentes.

O que se passou este sábado na Assembleia Geral do Benfica há muito que deveria estar erradicado dos locais onde, ao invés dos insultos, ameaças ou violência verbal e, por vezes, física, a discussão, os argumentos esgrimidos ou as divergências sucedessem num ambiente saudável, onde a lealdade, o bom-senso e as regras básicas da vida em sociedade imperassem.

Não são, afinal, as assembleias, sejam de clubes, sejam de condomínio, sejam a da República, o coração das instituições ou pessoas que ali querem estar representadas? Não são elas o espaço, per si, da democracia em toda a sua plenitude?

Infelizmente (e volto ao advérbio com que dei início a este texto), com o século XXI em plena marcha, é na própria casa dos representantes do povo, a Assembleia da República, que vamos assistindo aos mais lamentáveis comportamentos por parte de um elevado número de deputados e deputadas como se esse fosse, subitamente, o novo normal. No futebol, não é. É um normal que perdura há muito (demasiado tempo) e que ontem ganhou mais um capítulo negro, onde a intolerância, a gritaria e a ameaça se sobrepuseram à honra e recato que um espaço de discussão e voto deveria merecer.

O que aconteceu, começando pela situação de ver Luís Filipe Vieira, um sócio, antigo presidente e candidato às eleições de 25 de outubro, impedido de falar, passando pela troca de insultos e ameaças entre diferentes fações e terminando em cenas lamentáveis em que quase se chegou a vias de facto mancham a história democrática do Benfica — como, sublinhe-se, manchou o episódio de 2019, quando o próprio Luís Filipe Vieira agarrou o pescoço a um sócio encarnado, também numa AG das águias.

Este sábado, 27 de setembro de 2025, num dos pavilhões da Luz, enquanto decorriam as tais cenas lamentáveis, ouvia-se em fundo um sócio a gritar, aflito: «Chamem a polícia!»

Há menos de dois anos, a norte, a propósito de agressões numa AG do FC Porto, a justiça atuou como nunca se vira naquelas paragens e deteve e condenou os agressores. Na Luz, ontem não se chegou a vias de facto, mas à vista do ambiente cada vez mais crispado e radicalizado, já terá estado mais longe de acontecer. Fica o aviso para os próximos capítulos...