Vitinha no Alemanha-Portugal
Vitinha saltou do banco Alemanha-Portugal. Hoje é quase certo que será titular (foto Imago) - Foto: IMAGO

Vitinha: Bola de Ouro para o banco

Francisco Conceição resolveu o jogo, Ronaldo marcou, Nuno Mendes brilhou (e também chegou mais tarde ao estágio), mas a bola é de Vitinha. Deixem-nos desfrutar

Está um pouco estranho este junho, com a época terminada mas ainda com tanta coisa por acontecer. Não há descanso, sobretudo para os jogadores, mas também para quem aproveitava estas semanas de paragem para respirar, ler mais livros e passar mais tempo com aqueles amigos que não ligam a futebol. A canseira é tanta que passaram apenas quatro dias entre a final da Liga dos Campeões mais desnivelada de sempre e a vitória de Portugal sobre a Alemanha, 25 anos depois daquela noite, também em junho, do hat trick de Sérgio Conceição.

Assistimos a duas partidas com muita história para contar, daquelas que contrariam as preocupações com a atenção dos mais novos e o futuro de 90 minutos por vezes muito chatos, e com quatro portugueses em comum. Gonçalo Ramos, Nuno Mendes, João Neves e Vitinha tornaram-se campeões europeus muitos jovens e conseguiram o milagre de pôr tanta gente a torcer pelo PSG. Ainda nem tinham recuperado da ressaca da festa e já estavam no estágio da Seleção todos sorridentes, que é coisa que malta da minha idade já não compreende muito bem como é possível.

Contra os alemães, Gonçalo Ramos não jogou, Nuno Mendes foi titular e um dos melhores em campo, João Neves foi lateral e não sabe fazer nada mal e Vitinha foi o melhor suplente do mundo (ao lado de outro Conceição). Após a exibição do médio português do PSG, fica a sensação que a Seleção esteve a 58 minutos de um resultado tão desnivelado como o do Euro 2000.

Numa coisa Roberto Martínez tem razão: Vitinha estava preparado para fazer Portugal terminar bem o jogo, e o resultado e a sua influência no domínio da bola a partir do momento em que entrou provam isso. Mas também arrisco suspeitar que Vitinha estava preparado para fazer Portugal iniciar bem o jogo. Nunca saberemos.

No final, o selecionador elogiou muito Vitinha, mas sublinhou que era importante entrar em campo com a equipa equilibrada contra a intensidade da Alemanha e mostrar que a Seleção é «flexível taticamente». Os jogadores que entraram deram-lhe motivos para estar orgulhoso, não sei contudo se devia estar tão seguro das suas opções. Vitinha não é só o maestro do campeão europeu e um jogador que faz a diferença a cada toque na bola: é também o melhor português da atualidade e talvez no domingo esteja a tentar disputar uma Bola de Ouro com craques que partem na frente - literalmente. Cada minuto com Vitinha em campo conta, porque torna este futebol de junho mais bonito. O que me cansa é não se jogar com os melhores.