Pedro Henriques analisa momento do Alemanha-Portugal, meia-final da Liga das Nações, quarta-feira, dia 5 de junho

A análise de Pedro Henriques à arbitragem do Alemanha-Portugal

Arbitragem irregular em termos disciplinares, mal assistido ao nível dos pontapés de canto e uma má interpretação ao nível do fora de jogo posicional

Pedro Henriques, especialista em arbitragem d'A BOLA, analisou os principais lances ajuizados por Slavko Vincic no embate entre Alemanha e Portugal, nas meias-finais da Liga das Nações.

15' Cristiano Ronaldo rematou e a bola foi claramente intercetada pelo pé direito de Tah. Era pontapé de canto e o árbitro deu pontapé de baliza, com campo de visão perfeito e sem nenhum jogador português por perto, Não se entende esta decisão e a não ajuda do assistente.

19' Gonçalo Inácio estica a perna direita, mas pára o seu movimento fixando o pé no chão e é Pavlovic que acaba por, de forma deliberada, provocar o contacto, quando foi com a sua coxa direita contra o joelho direito do central português.

33' Boa decisão do árbitro ao não assinalar qualquer infração — seria penálti — aquando do contacto que foi promovido por Pedro Neto sobre Robin Koch. É o jogador português que, na tentativa de driblar, leva o seu joelho direito contra o joelho esquerdo do defesa alemão.

40' Uma infração muito dura que passou despercebida ao árbitro em matéria disciplinar. Florian Wirtz, com o seu pé direito, de sola e com os pitons, pisou o pé e tornozelo direito de Bruno Fernandes. Uma entrada muito negligente que era passível de cartão amarelo.

49' Wirtz, que marcou o golo, saiu de posição legal. Contudo, Woltemade, que estava em fora de jogo posicional, acabou por tomar parte ativa na jogada ao tocar por trás em Rúben Dias que, desta forma ficou impedido de intercetar o cruzamento. Há infração de fora de jogo quando um jogador, mesmo não tocando na bola, interfere com o adversário, tomando uma ação óbvia que tenha impacto claro na capacidade de o adversário jogar a bola (lei 11, fora de jogo, página 100). O golo foi ilegal. O VAR chamou o árbitro ao monitor exatamente para lhe mostrar isso mesmo, contudo a interpretação do árbitro principal foi outra — na minha opinião, errada.

52' Roberto Martínez, selecionador nacional, foi advertido no banco por protestos. Temos sempre de aceitar estas decisões disciplinares por parte do árbitro, pois mesmo com razão, não se pode protestar por gestos e palavras das decisões dos árbitros.

52' Rúben Neves foi advertido por protestar a decisão do árbitro. Gestos e palavras como forma de protesto são sempre punidos com cartão amarelo.

57' Bruno Fernandes remata e a bola é claramente intercetada e desviada pelo pé esquerdo de Robin Koch. Era pontapé de canto, mas mais uma vez o árbitro e o seu assistente não viram e deram pontapé de baliza.

68' Golo de Cristiano Ronaldo foi legal e sem motivo para fora de jogo. A lei é clara: quando um jogador, no momento do passe do seu colega, está em linha ou atrás da linha da bola, nunca está em posição de fora de jogo. Foi o que aconteceu quando Nuno Mendes passou o esférico para o capitão da seleção. A linha de fora de jogo mostrada pelo VAR é muito clara e elucidativa.

80' Jonathan Tah acaba por ser corretamente advertido por uma rasteira por trás sobre Bruno Fernandes. A entrada em si é negligente, mas também impediu através desta falta que o jogador português pudesse criar uma jogada de algum perigo, pois, se passasse, ia pela zona central na direção da área adversária.

84' Florian Wirtz pisa, sem bola, o pé de Bernardo Silva, acabando por, desta forma, não só ter uma atitude e comportamento antidesportivos como por gerar um ajuntamento de jogadores com vários empurrões. Amarelo bem mostrado.

85' No seguimento da confusão gerada pela atitude de Wirtz, o árbitro acaba por mostrar amarelo a dois jogadores, um de cada seleção, por serem os que mais se evidenciaram nas atitudes e comportamentos incorretos. Foram eles Niclas Fullkrug e Rúben Dias.

90'+3 Fullkrug pede penálti por suposta falta cometida por Bruno Fernandes aquando da marcação de um pontapé de canto, mas as repetições são muito claras: ambos os jogadores estão a agarrar-se e, quando assim é, o árbitro nada assinala. Decisão correta.

O tempo de descontos dado em ambas as partes (nome técnico: recuperação do tempo perdido), foi incorreto e escasso. No primeiro tempo deu apenas 1 minuto, quando só a assistência em campo por parte da equipa médica portuguesa ao Bruno Fernandes, por si só, foi mais de 1 minuto, mas foi no segundo tempo que os 5 minutos foram claramente escassos, pois tivemos seis amarelos, três golos, sendo que um deles levou o árbitro ao monitor, e cinco paragens para efeitos de substituições, além daquele momento de confusão gerado pela pisão de Wirtz sobre Bernardo Silva. Esta falta de rigor em matéria de 'descontos' tem sido uma nota dominante em quase todos os jogos e, nesta meia-final, voltou de novo a acontecer.