Van Dijk e Diogo Jota foram colegas no Liverpool
Van Dijk e Diogo Jota foram colegas no Liverpool - Foto: IMAGO

Van Dijk: «Queremos honrar o legado de Diogo Jota e lembrá-lo para sempre»

Na véspera de um jogo carregado de simbolismo frente ao Wolverhampton, Virgil van Dijk partilhou um testemunho profundo sobre o impacto da morte de Diogo Jota no balneário do Liverpool e no próprio neerlandês

Virgil van Dijk abriu o coração ao recordar a morte de Diogo Jota, num testemunho que ilustra o impacto profundo que a tragédia deixou no balneário do Liverpool e no próprio capitão dos reds. Na véspera do duelo entre Liverpool e Wolverhampton, o primeiro entre os dois clubes ingleses que o internacional português representou desde o seu falecimento, em julho, o central neerlandês explicou como lidou com o momento de dor coletiva.

«O Diogo significava muito para mim, para a equipa, para o clube. Acho que isso é bastante óbvio, antes de mais, como pessoa. Ele era uma pessoa incrível», começou por dizer Van Dijk, em entrevista ao The Times: «Pela forma como era e como se comportava, nem parecia que era português. Os rapazes diziam que ele era mais escocês - McJota!»

«Era trabalhador, colocava sempre a equipa em primeiro lugar, dava 100% jogasse ou não. Disse-lhe muitas vezes que ele conseguia passar pelos adversários como o Luis Suárez. Lembro-me de um golo que marcou contra o Arsenal: passou por vários jogadores, a bola ressaltou nele e marcou. O Luis tinha essa mesma capacidade. O Diogo era sempre aquele que puxava pelos outros, que estabelecia o padrão, que queria ouvir. Como pessoa dentro do grupo, era uma figura muito importante», continuou.

«Foi um choque para o mundo inteiro»

Van Dijk revelou ainda o momento em que recebeu a notícia da morte de Jota e do irmão, André Silva: «Tinha acabado de aterrar no Reino Unido depois de umas férias em família quando recebi a chamada. É algo que nunca vou esquecer, infelizmente. Foi muito, muito difícil, muito difícil de digerir. Foi um choque para o mundo inteiro.»

«Nos meses seguintes, tentas ser a melhor versão de ti próprio, estar presente para os jogadores, para a equipa, para o staff, mas especialmente para a Rute [viúva de Jota]. Queres garantir que toda a gente está bem - ela, os filhos e os pais do Diogo - e o clube tem feito um trabalho incrível até agora. Mas eu não esperava outra coisa, porque este é um clube incrível, um clube que cuida das pessoas. A coisa mais importante era a família - e continua a ser», acresentou, salientando ainda o apoio vindo de todo o futebol inglês: «O mundo do futebol, em geral, tem sido incrível, obviamente em relação a ele e ao André, e especialmente para com a família. O Everton foi incrível, em particular o Seamus [Coleman]

Apesar do tempo que passou, Van Dijk admite que a ausência de Jota continua presente todos os dias. «É um facto que somos lembrados do que aconteceu todos os dias, porque ele faz parte de nós, faz parte do clube, faz parte da nossa irmandade. Pessoalmente, o meu papel foi observar muito, ver como cada um lidava com isto, ouvir, falar com jogadores, falar com membros do staff.»

«Tivemos uma reunião com a equipa e dissemos que, se alguém quisesse falar sobre as suas emoções, sobre como se sente, estamos aqui e estaremos sempre aqui», revelou. O neerlandês reconhece que há momentos particularmente difíceis, mas sublinha a força do grupo: «Há momentos em que é duro porque, como disse, vais lembrar-te do Diogo quer estejas preparado ou não, quer consigas lidar com isso naquele momento ou não. A questão é como reages depois, e os rapazes têm sido extraordinários.»

«Queremos honrar o legado dele, não apenas durante um, dois ou três anos. Ele tem de ser lembrado para sempre e isso é algo que vamos discutir com o clube, como podemos fazer isso. Temos o cacifo dele aqui no centro de treinos, temos o cacifo dele no estádio. O memorial no estádio está a caminho. Mas acho que podemos fazer muito mais para o lembrar, e isso é algo que eu e os jogadores mais experientes vamos assumir. E sinto essa responsabilidade para que isso aconteça», referiu.

«O Diogo iria querer que tivéssemos sucesso»

Sobre o cântico dos adeptos, entoado aos 20 minutos dos jogos, Van Dijk explicou que o grupo aprendeu a transformar a dor em força: «Falámos sobre isso e estamos numa fase em que já não nos afeta. É claramente um sinal de respeito dos nossos adeptos. No amigável contra o Preston foi muito, muito difícil, mas isso foi apenas duas semanas depois do acidente. O minuto de silêncio no jogo em casa contra o Bournemouth também foi muito difícil. Mas agora queremos usar isso como força.»

«O Diogo iria querer que tivéssemos sucesso, iria querer que fizéssemos bem as coisas, e isso é o mais importante. Os adeptos cantam apenas pelo respeito que têm pelo Diogo, porque ele merece», concluiu.