«Sudakov vai crescer muito no Benfica»

O empresário Vadim Shablii negociou Sudakov do Shakhtar Donetsk para o Benfica. Em declarações a A BOLA, conta pormenores do processo, fala da morosidade, da expetativa que tem para o médio-ofensivo e das razões que convenceram o jogador a assinar pelos encarnados.

— Negociações por Sudakov foram fáceis ou complicadas?
— O processo de negociação foi longo. O interesse do Benfica durou bastante tempo e vários clubes mantiveram conversas diretas com o Shakhtar durante esta janela de transferências. Mas, graças ao profissionalismo e à determinação do Benfica, representado por Rui Pedro Braz, tudo correu bem, e Heorhii tornou-se jogador do Benfica.

— Foi difícil negociar com Rui Pedro Braz [diretor desportivo das águias]?
­— Gostaria de agradecer e destacar o profissionalismo de todos os representantes do Benfica com quem tivemos de nos comunicar durante todo o processo. Rui Pedro Braz não foi exceção, claro. Como em qualquer transferência, houve algumas dificuldades, mas no final chegámos a um acordo que satisfez todas as partes. Posso dizer que foi em grande parte graças a ele que esta transferência foi concretizada.

— Sudakov ficou com o número 10. Rui Costa [presidente do Benfica] ligou-lhe?
— Sim, para Heorhii [Sudakov] é uma grande honra e responsabilidade vestir a camisa número 10, que pertenceu ao lendário Rui Costa. Esse número não é confiado a qualquer um, e o facto de ele ter sido escolhido demonstra o grande respeito e confiança que o clube tem por ele. O primeiro a informar Heorhii sobre a decisão do Benfica e de Rui Costa foi Rui Pedro Braz, quando ficou claro que a transferência seria concretizada e faltavam apenas os detalhes finais. E já durante a assinatura oficial do contrato, o próprio Rui Costa lhe entregou pessoalmente a camisa número 10.

— Qual foi o papel de Trubin neste processo?
— Anatoliy [Trubin] e Heorhii conhecem-se desde a juventude. Estamos felizes que Heorhii não esteja sozinho no novo clube e, claro, o compatriota vai ajudá-lo na adaptação, não apenas ao clube.

— Acredita que Sudakov está no clube certo para evoluir?
­— Sem dúvida. O Benfica é uma escolha forte e acertada para o desenvolvimento dele. O clube joga consistentemente na Liga dos Campeões e na Liga Europa, garantindo um alto nível competitivo e participação regular em competições europeias. Heorhii acaba de completar 23 anos, idade excelente para ganhar experiência em torneios europeus, para afirmar-se no cenário internacional e para aumentar o seu valor de mercado. Além disso, o Benfica é conhecido pela sua filosofia de desenvolver jovens jogadores e levá-los ao nível das principais ligas. Todos nós conhecemos as transferências bem-sucedidas de João Félix, Darwin Núñez, Rúben Dias, João Neves — jogadores que tiveram a chance de se estabelecer no Benfica e foram vendidos com sucesso para as principais ligas no momento certo. Este pode ser um passo importante na carreira de Heorhii, mudar-se para o Benfica vai dar-lhe a oportunidade de progredir.

— Há muito que grandes clubes seguem Sudakov; porque é que ele não saiu mais cedo da Ucrânia?
— De facto, Heorhii está há muito tempo na esfera de interesse dos principais clubes europeus. No entanto, tanto o Shakhtar quanto nós, como seus representantes, acreditávamos que era extremamente importante para um jovem escolher o momento certo e o clube certo para a transferência. No Shakhtar, teve a chance de se tornar um líder da equipa, ganhar experiência internacional em competições europeias e construir um caráter forte. Isso permitiu-lhe crescer como jogador e provar que está pronto para o próximo passo.

— O que o atraiu no projeto do Benfica?
­— Vários fatores-chave. Acima de tudo, a abordagem sistemática do clube ao desenvolvimento dos jogadores. O Benfica sabe como combinar ambições europeias com a integração inteligente de jovens. Era importante não apenas entrar num clube forte, mas também ter tempo de jogo regular e oportunidade de atuar a alto nível internacional. Também vale a pena destacar o ambiente competitivo do campeonato português. Permitirá que o jogador se mantenha no ponto e aprimore constantemente habilidades. Estou certo de que isso ajudará Heorhii a adaptar-se rapidamente ao novo clube e às exigências do técnico Bruno Lage.

— Acredita que irá surpreender?
— Acredito sinceramente no talento e na ética de trabalho do Heorhii. Dá tudo em campo e luta sempre até ao apito final, seja no ataque ou ajudando os companheiros na defesa. Desejo muito que ele mostre todo o seu potencial e surpreenda o futebol europeu. Heorhii já demonstrou a sua qualidade em jogos pela seleção ucraniana e em competições europeias. Mas o seu potencial ainda está longe de ser plenamente explorado. No ambiente certo, como o do Benfica, poderá crescer e atingir um novo patamar.

— Em que posição no campo pode render mais?
— Jogará com o número 10, isso já diz muito. Acredito que o equilíbrio entre a qualidade e o ritmo de trabalho dele o ajudarão a adaptar-se rapidamente ao jogo do Benfica e a tornar-se um dos principais jogadores do ataque. Pode jogar como criador de oportunidades e a ditar o ritmo do jogo. Heorhii tem bom drible, visão de jogo, resistência à pressão e um remate forte. Acredito que, com o tempo, irá aprimorar e desenvolver ainda mais suas qualidades, tem apenas 23 anos. Por enquanto, o mais importante é que ele se adapte às exigências do técnico e ao ritmo da nova liga.

— Também representa o médio grego Konstantelias. Houve interesse de Portugal no jogador?
— Sim, houve de fato interesse em Konstantelias por parte de gigantes portugueses. Os clubes portugueses tradicionalmente dão atenção a jovens jogadores talentosos, enxergando neles tanto valor esportivo quanto investimento a longo prazo. Acredito que em num futuro próximo ele terá novas oportunidades de continuar a sua carreira fora da Grécia.

— Há mais estrelas na Ucrânia à espera de oportunidade?
— A agência ProStar conta com diversos clientes talentosos e promissores. Estamos muito satisfeitos que os jogadores nos escolham entre outras agências no mercado. No entanto, assim como no caso de Sudakov, é importante escolher o momento certo e o clube certo para que um talento não apenas chegue à Europa, mas também se desenvolva de verdade. Na janela de transferências deste verão, clubes europeus demonstraram interesse em Volodymyr Brazhko, Oleh Ocheretko, Artem Bondarenko, Dmytro Riznyk e Denys Popov. Também houve interesse em Mykola Matviyenko, tanto de gigantes portugueses quanto de outros clubes europeus. Entre os nossos clientes, também temos jogadores muito jovens que já atuam em clubes europeus e continuam atraindo a atenção de outras ligas — como Artem Rybak (Barcelona), Bohdan Olychenko (Bayern), Dmytro Zudin (Hajduk) e outros.