Bruno Lage, Rui Costa e Roger Schmidt - Fotos: Miguel Nunes

Será que Rui Costa não aprendeu?

Segurar Bruno Lage depois da forma como terminou a época passada foi aposta de alto risco e que o presidente poderia ter evitado. Mais ainda depois de ter visto o que aconteceu a Roger Schmidt

As eleições de 25 de outubro já mexem, e muito, com o universo Benfica e até já Bruno Lage entrou na campanha por Rui Costa. O treinador diz que não, que é «apenas treinador de futebol» e preocupado somente com essa tarefa, mas lembremo-nos que foi o próprio, em fevereiro último, na antevisão a um jogo com o Moreirense, a lançar Rui Costa para a recandidatura. É estranho, por isso, que Bruno Lage atire para a opinião pública a perceção de que tem entrado no jogo político das eleições, quando já várias intervenções do treinador o deixaram bem claro.

Quando João Noronha Lopes garantiu que, se for eleito novo presidente, Bernardo Silva será jogador do Benfica, o treinador ripostou, por meias palavras, que o acarinhado jogador do Man. City também voltará a vestir de águia ao peito se Rui Costa vier a ser reeleito. Será mesmo assim? Há muitas dúvidas, sobretudo pela manifestação pública de apoio do médio a Noronha Lopes em 2020, mas certo é que parece pouco elegante fazer de Bernardo Silva arma de arremesso eleitoral e motivo de braço-de-ferro.

Ao mesmo tempo, Bruno Lage quis mostrar-se agradecido por «ter sido o único mercado em que o presidente e a direção levaram em conta as ideias do treinador», esquecendo-se de que estava a abrir a porta para surgirem dúvidas sobre o funcionamento dos mercados anteriores do Benfica no mandato de Rui Costa. O que aconteceu, então, com Roger Schmidt? O treinador não foi ouvido? Será que, por exemplo, quis mesmo Jurásek ou Arthur Cabral para substituírem Grimaldo e Gonçalo Ramos? Bruno Lage quer sentar-se no tabuleiro político, de forma menos discreta do que, há ano e meio, Sérgio Conceição fez com Pinto da Costa, é certo, mas esse é um jogo perigoso e que poderá ser a sua sentença caso o futuro na presidência não passe por Rui Costa.

E por falar em Roger Schmidt, é impossível não recordar o início da época passada, quando o antecessor de Bruno Lage veio de 2023/24 com o machado em cima da cabeça, quando se constata o burburinho que já existe em torno do futuro de Lage. Rui Costa preferiu atirar dinheiro para cima do plantel, gastando quase 130 milhões de euros em reforços, em vez de olhar para o verdadeiro problema. O treinador gaba-se de saber o futebol de que os benfiquistas gostam e faz questão de lembrar o passado, mas esse agora não joga, e o que se vê é um Benfica encolhido e em transição contra qualquer adversário. É curto.