Algarve recebe sexto duelo entre Borges e Lage (foto: IMAGO)
Algarve recebe sexto duelo entre Borges e Lage (foto: IMAGO)

Risco de escaldão algarvio

Bruno Lage enfrenta um risco de exposição maior do que Rui Borges, mas qualquer um dos treinadores pode sair escaldado do Algarve, palco da Supertaça Cândido de Oliveira

Há mais a perder do que a ganhar na Supertaça Cândido de Oliveira. A frase não deve ser levada a letra, que todos os troféus devem ter lugar digno nos museus, mas a primeira final da época assume, muitas vezes, esse contexto muito particular. Toda a gente quer ganhar, mas a celebração parece sair sempre a perder, quando comparada com a desilusão de quem deixa fugir o troféu. Para alguns será uma bela noite de verão, outros ficarão a rogar pragas à areia nos pés e às marcas do sol no corpo.

Este duelo entre Sporting e Benfica não fugirá à regra, tendo em conta o risco de escaldão que incide sobre ambos os técnicos. Até para aquele que chega ao Algarve com bronze duplo de quem foi de férias com estatuto de campeão e vencedor da Taça. Rui Borges tem agora a missão de ganhar para lá dos méritos de Ruben Amorim, e sem a ajuda desse cabeça de cartaz chamado Viktor Gyokeres.

O plantel leonino pouco ou nada mudou, mas uma peça pode fazer muita diferença, até porque a troca só ocorreu em cima da viagem para o Algarve. Para além de que o treinador mirandelense, inteligente na gestão imediata da herança, ainda procura o melhor equilíbrio entre as dinâmicas que aproveitou e as ideias próprias. A versatilidade é benéfica, mas antes uma ideia antiga do que uma hesitação nova.

O desconforto de Bruno Lage é ainda maior. Não ganhou cor antes do verão e nem teve tempo de fazer praia entre o Mundial de Clubes e a Supertaça, o que aumenta o risco de escaldão nesta viagem ao Algarve.

Remodelada de trás para a frente, a equipa parece dar mais garantias na lateral direita e no meio-campo, mas perdeu Carreras para acelerar pela esquerda e tem carência de soluções que alimentem o ataque. João Félix foi sonho de verão que fez perder tempo precioso à estrutura encarnada, e a lesão grave de Bruma ainda veio agravar essa carência.Três reforços não eram demasiados, mas o orçamento pode nem dar para tudo, até porque é preciso garantir ainda a presença na Liga dos Campeões. Com mais do que uma final para disputar logo entre julho e agosto, Bruno Lage sabe bem que não há tempo para relaxar, até porque terá plena consciência de que as eleições de outubro representam risco acrescido de exposição. Se o arranque for em falso, a troca de treinador será opção inevitável para que o presidente Rui Costa tente salvar a recandidatura.

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