Pavlidis precisa de amigos
Com 14 golos nos primeiros 22 jogos da temporada no Benfica (participou em todos, foi titular em 20), Pavlidis está a fazer um arranque de temporada bem melhor do que o do ano passado, e que se aproxima do que conseguiu pelo AZ Alkmaar, antes de rumar à Luz — 18 golos nos primeiros 22 jogos de 2023/2024; 16 em 2022/2023.
Há um ano, na época de estreia nas águias, o ponta de lança somava apenas seis golos em 22 encontros — subiria muito de rendimento na segunda metade da época, marcando 24 nos 35 seguintes, para terminar com 30 em 57 partidas.
Só que a subida de rendimento do grego, este ano, não corresponde a uma subida de produção dos encarnados, bem pelo contrário. Há um ano, ao fim de 23 jogos (contando também com aquele em que Pavlidis não saiu do banco, frente ao Estrela da Amadora, para a Taça de Portugal), o Benfica tinha 56 golos marcados, média superior a 2,4 por jogo; agora leva apenas 36 (1,6).
Ou seja, Pavlidis marca mais, mas o Benfica marca menos, denotando a clara dependência da equipa em relação aos golos do grego. Esta época, 38,8 por cento dos golos das águias têm a assinatura do camisola 14; na temporada passada, por esta altura, essa percentagem era de apenas 11,3 por cento — embora tenha aumentado com o passar dos meses e a afinação da veia goleadora do ponta de lança, fixando-se, após o Mundial de Clubes com que encerrou 2024/2025, em 20,7 por cento (30 golos de Pavlidis em 145 do Benfica).
Sendo certo que tem tido mais minutos este ano — na temporada passada tinha apenas dois jogos completos, curiosamente os dois primeiros, nos 22 iniciais, e só voltaria a cumprir os 90 minutos com a camisola do Benfica em março, num duelo contra o Barcelona —, mesmo atendendo a isso este arranque de Pavlidis é consideravelmente melhor: em 2025/2026 está a fazer um golo a cada 126 minutos; em 2024/2025, nos tais 22 jogos iniciais, precisava de 253 para marcar (embora no final da época esse número fosse só de 129 minutos).
Razia em relação a 2024/2025
Onde está, então, a grande diferença nos golos marcados pelo Benfica em relação à época passada? Sobretudo, na falta de companhia para Pavlidis dividir a missão goleadora — o grego precisa mesmo de amigos.
Pavlidis tem 14 golos em 22 jogos. O segundo melhor marcador das águias esta época? Ivanovic, com quatro golos em 18 jogos realizados (9 como titular) e 788 minutos: um golo a cada 197 minutos, de longe a segunda melhor marca nas águias entre os jogadores com dois golos ou mais, que não são muitos — Sudakov (3), Schjelderup, Otamendi e Aursnes.
Na época passada, ao fim dos primeiros 23 jogos, não havia, realmente, ninguém com os 14 golos que Pavlidis leva agora. Di María era o melhor marcador, com 11. Mas depois havia Akturkoglu (10), Pavlidis (6), Amdouni (5), Kokçu (4), Arthur Cabral (4), Álvaro Carreras (2), Beste (2) e Florentino (2).
O que os liga? Tirando o grego, já nenhum está no Benfica.
Atendendo à revolução no plantel encarnado este verão, seria inevitável perder grande parte dos melhores marcadores da época passada. O problema é que quem chegou, sobretudo do meio-campo para a frente, não tem correspondido ao investimento com golos.
Ivanovic custou 22,8 milhões de euros, tem os referidos quatro golos em 18 jogos (788 minutos) e desde que Mourinho chegou só foi três vezes titular. Sudakov (27 milhões), habitualmente no apoio direto a Pavlidis, tem três golos em 14 jogos e 1039 minutos. Richard Ríos (27 milhões) ainda não marcou em 21 jogos (1723 minutos). A seu lado, no meio-campo, joga Barrenechea (3 milhões pelo empréstimo e cláusula de compra de mais 12 que se tornou obrigatória depois de ter completado 15 jogos), que em 21 jogos (1736 minutos) marcou um golo. Registo igual, mas em 11 jogos e 835 minutos, a Lukebakio (20 milhões).
E até nas laterais se nota a diferença — se na época passada, por esta altura, Carreras e Beste já tinham contribuído com dois golos cada um, agora Dedic (18 jogos/1468 minutos; custou 12 milhões) e Dahl (21/1767; o Benfica pagou 9 milhões para ficar com o sueco em definitivo, após meia temporada de empréstimo) têm apenas um cada.
Aursnes, Schjelderup, Prestianni e Leandro Barreiro são os outros jogadores mais utilizados em posições mais avançadas, mas já na época passada mostravam pouca veia goleadora e não conseguiram inverter a tendência.
Em dúvida para a Taça
Dispensado da seleção da Grécia, depois de se ter lesionado no joelho esquerdo no jogo com a Escócia, sábado, em Atenas, de qualificação para o Mundial 2026, Pavlidis submeteu-se na manhã deste domingo a exames complementares de diagnóstico, que confirmaram as primeiras indicações da equipa médica helénica, ou seja, despistaram qualquer lesão grave.
Já sem oportunidade de qualificar-se para o Campeonato do Mundo, a federação grega libertou o avançado do jogo com a Bielorrússia, na Hungria — não havia pois sequer um motivo desportivo para arriscar a presença nessa partida.
Pavlidis sofreu um traumatismo no joelho esquerdo e começará já os tratamentos no Seixal. A presença no jogo com o Atlético, sexta-feira, no Restelo, da quarta eliminatória da Taça de Portugal, está em dúvida. Estará, muito provavelmente, disponível para o duelo com o Ajax, a 25 de novembro, em Amesterdão, da quinta jornada da UEFA Champions League.
A possível ausência de Pavlidis com o Atlético abre a porta da titularidade a Franjo Ivanovic, que nos últimos três jogos foi suplente não utilizado com Vitória de Guimarães (3-0) e Leverkusen (0-1) e esteve apenas dois minutos em campo com o Casa Pia (2-2). Com José Mourinho, foi apenas três vezes titular e soma apenas dois golos, com Aves SAD e Arouca — não marca desde 25 de outubro.