Rui Costa quer fechar o dossier dos direitos televisivos o mais rapidamente possível — Foto: Miguel Nunes
Rui Costa quer fechar o dossier dos direitos televisivos o mais rapidamente possível — Foto: Miguel Nunes

Benfica acelera para fechar contrato de direitos televisivos

Direção conta selar negócio nos próximos dois/três meses ou, preferencialmente, até ao fim do ano. Tem duas ofertas, mas vai exigir mais

A Direção do Benfica vai avançar a toda a velocidade com venda dos direitos de transmissão televisiva para as próximas duas épocas, ou seja, de 2026/27 e 2027/28. O objetivo dos encarnados é fechar o processo nos próximos dois/três meses ou, de preferência, até ao fim do ano.

Os encarnados têm duas propostas superiores ao atual contrato (prevê o pagamento de €40 milhões por época), mas ainda vão tentar negociar valores mais altos, na ordem dos €50 milhões. Esse contrato servirá, depois, para pressionar a Liga, que tem de apresentar até ao final da época o preço mínimo dos direitos audiovisuais das I e II Ligas e a chave de distribuição do dinheiro pelos clubes, no âmbito do Decreto-Lei 22B/2021, que estabelece a comercialização centralizada e a respetiva implementação a partir da época 2028/2029.

Benfica negoceia para receber mais de €100 milhões pelas duas próximas temporadas

O Benfica entende que dificilmente a Liga poderá cumprir a promessa inicial de €300 milhões por época no total e de que nenhum clube ficará a perder em relação aos contratos atuais ou aos que sejam assinados para as épocas 2026/27 e 2027/28. Um contrato de €50 milhões, ou ainda mais, como deseja a Direção, condicionará, na perspetiva dos encarnados, a discussão da chave de distribuição do dinheiro e poderá conduzir, em última análise, à conclusão de que não será possível fechar o assunto da centralização dos direitos.

O Benfica, como se sabe, retirou-se da Liga Centralização, mas continua à espera de solução que beneficie os clubes. Considera, ao mesmo tempo, que haverá a necessidade de sensibilização junto do Governo para revogar o Decreto-Lei 22B/2021, uma vez que não estão asseguradas as condições para a valorização do produto, crescimento real das receitas dos clubes, modernização da indústria e reforço da competitividade.

É, como tal, neste contexto que para o Benfica é urgente fechar o mais depressa possível este processo. E foi isso, justamente, que Rui Costa sublinhou no último debate com João Noronha Lopes, antes da segunda volta das eleições.

O presidente do Benfica confirmou que esse é um dos «dossiers mais prementes», insistiu ter «propostas superiores» ao atual contrato e acrescentou que iria trabalhar para que esse valor «seja maior».

Esclareceu que tudo fará para que «a BTV continue a ser a operadora» dos jogos da equipa em casa. A NOS continua a ser um parceiro preferencial — foi assinado em 2015 contrato de €400 milhões por dez anos —, mas o Benfica está a estudar todas as possibilidades.

Rui Costa também partilhou que, neste momento, o que a Liga tem é «mão cheia de nada» e que só voltará ao processo de centralização «quando forem cumpridas as promessas feitas aos clubes».

«Neste momento aquilo que todos veem é que todos os clubes vão perder. Aquilo que aí vem não está de boa cara», acrescentou, descrevendo a saída da Liga Centralização como «manifestação de interesse para que esse processo não se desenvolva, nem que o Governo tenha de adiar a lei, que é a coisa mais natural do mundo, porque todos os clubes vão perder».

'Rascunho' da Liga sem valorização do produto e chave de distribuição
A Liga apresentou à Autoridade da Concorrência (AdC), a 30 de julho, uma proposta de comercialização centralizada dos direitos audiovisuais, mas sem qualquer valorização do produto ou chave de distribuição. Esse documento, esclareceu então a AdC a A BOLA, é apenas um rascunho e não a proposta final e formal prevista no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 22-B/2021, que determina a titularidade dos direitos de transmissão televisiva e multimédia, e demais conteúdos audiovisuais, relativos aos campeonatos masculinos de futebol das I e II Ligas, e estabelece regras relativas à sua comercialização. Essa proposta final terá de ser apresentada até ao final da época. No documento da Liga não há um preço mínimo definido [€300 milhões por ano foi o objetivo revelado pelo então presidente da Liga, Pedro Proença], nem a chave de distribuição do dinheiro pelos clubes, ou seja, a fatia do bolo a que cada clube terá direito. Estes são, pois, dois pontos fundamentais e potenciadores de discórdia entre os clubes.