Para o Benfica, o essencial está feito. Pode agora começar a jogar à bola?
O Benfica atingiu o grande objetivo do primeiro mês da temporada e garantiu a qualificação para fase de liga da UEFA Champions League.
Era essencial. Os muitos milhões de diferença para uma participação na UEFA Europa League (à volta de 45, presumindo duas campanhas normais, progredindo até aos oitavos de final) tornavam a presença na Champions quase obrigatória. Mas também o lado desportivo, do prestígio, da motivação, até da valorização de jogadores, que obviamente não é igual na segunda prova europeia, pediam nova presença do Benfica na prova milionária.
Com uma pré-época mais curta, devido à participação no Mundial de Clubes, Bruno Lage foi pragmático. Montou a equipa para ser eficaz e a verdade é que, em sete jogos oficiais, ainda não sofreu golos — e com isso, além da conquista de um lugar na Champions, venceu também a Supertaça Cândido de Oliveira contra o grande rival Sporting.
Claro que houve felicidade pelo meio, não se está 630 minutos sem sofrer golos sem alguma sorte. Ontem, na Luz, frente ao Fenerbahçe, Trubin viu a bola descrever um arco, a sobrevoá-lo, até esbarrar na trave, depois de cabeceamento de En-Nesyri. Há uma semana, em Istambul, o guarda-redes ucraniano falhou e foi um fora de jogo que o salvou, e à águia, do embaraço.
Mas tirando dez minutos de tremedeira, e de pressão do Fenerbahçe, que terminaram com a expulsão de Talisca aos 82', o Benfica foi mandão e seguro, esta quarta-feira, e mereceu vencer e passar.
Mas não encantou. Mais uma vez. Não era, lá está, o essencial. Mas cumprido o mês mais difícil, e provavelmente mais importante, da temporada (convém não perder pontos em Alverca no domingo, mas seria o jogo menos grave para ter uma escorregadela nesta fase inicial), será tempo de Bruno Lage começar a trabalhar outras coisas além da segurança e da eficácia.
O Benfica não pode esperar estar outros sete jogos sem sofrer golos, não é realista. Haverá vários, então, em que terá de marcar mais que um para vencer. Consegui-lo com um total de 15 remates, e apenas três dirigidos à baliza, como ontem, parece quase impossível. Por isso, começa a chegar a hora da equipa começar a jogar mais à bola.
«Neste momento, temos de vencer e com certeza depois teremos tempo de convencer», disse Bruno Lage há uma semana, antes de defrontar o Tondela. Em setembro, chegará esse tempo de convencer.