NBA 80 anos: Os homens do gelo que apostaram no basquetebol

Os fundadores da Liga, quando tudo começou com o nome de Basketball Association of America (BAA) e só mais tarde Passou a National Basketball Association (NBA), os três clubes que resistiram, o pavilhão mais antigo que é a Meca do basquetebol norte-americanos, o homem que marcou 100 pontos, aquele que ainda não parou de marcar após 23 temporadas ou o pioneiro Neemias Queta no mais competitivo campeonato do mundo, são as 20 primeiras curiosidades, factos e histórias para que conheça melhor a NBA.

Depois da II Guerra Mundial, com o renascimento da popularidade do basquetebol universitário e surgimento de ligas profissionais, alguns donos de clubes de hóquei no gelo da National Hockey League, e de grandes pavilhões como o Madison Square Garden (Nova Iorque), Boston Garden (Boston), Chicago Stadium (Chicago), Olympia (Detroit) ou Maple Leaf Gardens (Toronto), quiseram rentabilizar os seus recintos e juntaram-se a proprietários da liga secundária American Hockey League, para criar uma liga de basquete.

A 6 de junho de 1946 reuniram-se no New York Commodore Hotel e fundaram a Basketball Association of America (BAA), constituída por 11 clubes, num calendário de 60 jogos de 48m cada, com os jogadores a puderem fazer seis faltas e o título a ser decidido em três rodas de play-off.

As coisas estiveram, longe de correr bem e na época seguinte estava reduzida a sete equipas, às quais se juntaram os Baltimore Bullets, vindos da American Basketball League. O calendário foi reduzido a 48 partidas.

Em 1948/49 Maurice Podoloff, primeiro presidente da BAA, convenceu os Fort Wayne Pistons e Indianápolis Jets a deixarem a National Basketball League (NBL), que tinha os melhores jogadores, a integrarem a BAA, com melhores recintos, mercados de público e capacidade de gerar dinheiro. Os Minneapolis Lakers e Rochester Royals seguirem-nos.

Em 1949/50 o resto dos clubes da NBL foram absorvidas pela BAA e a liga passou a chamar-se National Basketball Association (NBA), com 17 clubes.

Actualmente constituída por 30 clubes, alguns deles tendo mudado de cidade e até nome, foram várias as equipas que não sobreviveram no decurso das 80 temporadas da NBA.

Se no primeiro campeonato (1946/47) havia 11 clubes, o segundo ficou reduzido a oito. No total, foram 15 as formações que desapareceram, uma delas, Baltimore Bullets, a segunda campeã, em 1947/48, ainda competiu oito épocas. Nove duraram um ano.

Eis a lista: Toronto Huskies (1946/47), Detroit Falcons (1946/47), Pittsburgh Ironmen (1946/47), Cleveland Rebels (1946/47), Providence Steamrollers (1946/47-1948/49), Chicago Stags (1946/47-1949/50), St. Louis Bombers (1946/47-1949/50), Washington Capitols (1946/47-1950/51), Baltimore Bullets (1947/48-1953/54), Indianapolis Jets (1948/49), Waterloo Hawks (1949/50), Sheboygan Red Skins (1949/50), Anderson Packers (1949/50), Denver Nuggets (1949/59) e Indianapolis Olympians (1949/50-1952/53).

Apesar do primeiro draft se ter realizado em 1947, com Clifton McNeely a ser a primeira escolha de sempre por parte dos Pittsburg Ironmen, durante as primeiras décadas não existia limite de rondas. Elas aconteciam enquanto os clubes necessitassem e era apenas efetuado entre general managers, que habitualmente se reuniam num salão de um hotel em Nova Iorque. Em 1973 chegaram a ser necessárias 20 rondas, porque os Buffalo Braves precisavam de jogadores.

A partir de 1974 o draft ficou limitado a 10 rondas, em 1985 baixou para sete, em 1988 passaram a ser três e as atuais duas foram estabelecidas em 1989. Desde 1985 passou a existir um sorteio pada determinar as primeiras posições do draft e os Knicks ficaram com o n.º 1, tendo depois escolhido Patrick Ewing.

Boston Celtics, New York Knicks e Golden State Warriors são os únicos clubes que sobreviveram dos 11 que disputaram o primeiro campeonato em 1946/49 da então Basketball Association of America (BAA). Celtics e Knicks (Knickerbockers) nunca mudaram de cidade. Golden State eram então Philadelphia Warriors, primeiros campeões da NBA.

Os Celtics são o clube com mais títulos: 18, o primeiro ganho em 1956/57, o último em 2023/24. Conquistou oito consecutivos entre 1958/59 e 1965/66. E 11 em 13 campeonatos (1956/57 a 1968/69). Seguem-se os Los Angeles Lakers (17), Golden State Warriors (7) e Chicago Bulls (6).

Dos 30 clubes existentes, 10 nunca se sagraram campeões — Suns, Pacers, Jazz, Nets, Magic — e cinco desses nem sequer atingiram os Finals uma vez — Clippers, Timberwolves, Hornets, Grizzlies e Pelicans.

Os Washington Wizards, que entraram na NBA em 1961/62, são quem mais vezes alterou o nome e mudou de cidade. Vejamos: começaram como Chicago Packers;  alteraram a designação para Chicago Zephyers logo em 1962/63; mudaram-se o estado de Maryland como Baltimore Bullets em 1964/65; voltaram a transferir-se, agora para a área metropolitana da cidade de Washington em 1973/74, como Capital Bullets; alterando a designação para Washington Bullets na época seguinte (1974/75); até que, após o início de 1997/98 deixaram de jogar, definitivamente, em Landover (Maryland) o fixaram-se na capital como Washington Wizards.

O Canadá é o único país a ter recebido as três equipas da NBA fora dos Estados Unidos: Toronto Huskies (1946/47); Vancouver Grizzlies (1995/96 a 2000/01), atuais Memphis Grizzlies; e Toronto Raptors (1995/96 a…).

A última absorção de clubes vindos de uma liga concorrente da NBA aconteceu em 1976/77, com a extinção da American Basketball Association (ABA) – disputou nove campeonatos - e a integração na NBA dos New York Nets, Indiana Pacers, San Antonio Spurs e Denver Nuggets.

O Troféu Larry O’Brian, entregue ao campeão e que tem o nome do terceiro commissioner da NBA, foi criado em 1976/77, pela primeira vez entregue aos Portland Trail Blazers, mas só adquiriu essa designação a partir de 1983/85. Há quatro épocas, na celebração do 75.º aniversário, teve uma atualização de design, onde a maior alteração foi a mudança da base, de quadrada para redonda, com dois discos.

Antes existiu o Troféu Walter A. Brown, entregue ao campeão desde 1946/47, que se chamava Troféu NBA Finals e em 1963/64 passou a ter o nome do primeiro dono dos Boston Celtics, fundamental para a sobrevivência e sucesso da NBA. O vencedor ficava na sua posse durante um ano. Foi substituído pelo atual troféu em 1976/77, mas manteve o nome de Walter A. Brown até 1982/83.

Apesar de já ter sofrido duas grandes renovações (1991, 2011-13) ao longo dos anos após ter aberto portas em fevereiro de 1968, isto depois de ter tido o mesmo nome ou semelhante em outros três locais diferentes na cidade de Nova Iorque desde 1879, o Madison Square Garden, onde atuam os Knicks, é o pavilhão mais antigo da NBA, com capacidade para 19.812 espectadores em jogos de basquetebol.

O recinto mais recente da Liga é o Intuite Dome, na cidade de Inglewood, Califórnia, casa dos Clippers. Foi inaugurado antes do arranque da temporada de 2024/25, e pode receber 18.000 espectadores. custou 2 mil milhões de dólares (1,711 mil milhões de euros) e possuiu espaço extra nas filas para as pernas. Dispõe de 1400 casas de banho e urinóis, muitos bares são self-service e estão espalhados de forma a que sair da cadeira e ir à casa de banho ou comprar comida não leve mais de 60 segundos para lá chegar e as filas sejas reduzidas.

Apesar de não ir começar a regular season devido a problemas de ciática, LeBron James cumprirá a 23.ª temporada na NBA. Quando atuar, o extremo dos Lakers, que celebrará o 41.º aniversário a 30 de dezembro, superará o recorde de 22 campeonatos que divide com Vince Carter (1998/99 a 2019/20) e é o mais velho em competição, seguido de Chris Paul (40), que se mudou para os Clippers, onde cumprirá a 21.ª época na liga. Kyle Lowry (76’ers), viverá a 20.ª temporada aos 39 anos. Na época passada, nos Spurs, Chris Paul tornou-se no primeiro basquetebolista com 20 temporadas de NBA a disputar os 82 jogos da fase regular. E entrou no cinco em todos.

Com 11 títulos, o poste Bill Russell (1956/57, 1958/59-1965/66) é o jogador que mais vezes celebrou a conquista do campeonato, tornando-se elemento essencial na dinastia do Celtics, que arrebataram 11 títulos em 13 temporadas, com a particularidade dos dois últimos (1967/68, 1968/69) terem sido como jogador/treinador. O base Sam Jones, companheiro de equipa de Russell, soma 10. Apenas não esteve no de 1956/57.

Nas 16 temporadas que jogou na NBA (1992/93 a 2007/08), Robert Horry foi campeão sete vezes, o que torna o extremo no basquetebolista com mais títulos por clubes diferentes: Houston Rockets (1993/94, 1994/95), Los Angeles Lakers (1999/00, 2000/01, 20001/02) e San Antonio Spurs (2004/05, 2006/07).

Neemias Queta é o único português a ter jogado na NBA. Escolhido na 39.º posição do draft de 2021 pelos Sacramento Kings, estreou-se a 17 de dezembro na derrota contra os Memphis Grizzlies (105-124). A 11 de janeiro torna-se no primeiro luso a marcar pontos, 11, no desaire face aos Cavaliers (109-108). Na primeira época no clube disputa 15 partidas, na segunda (2022/23) apenas 5.

Dispensado pelos Kings a 12 setembro de 2023, a 19 assina pelos Celtics para 2023/24, uma vez mais com contrato de duas-vias, que lhe permite atuar na G League. Mas a 8 de abril, pouco antes do final da regular season, consegue um vínculo standard, que lhe permite estar no plantel para o play-off, onde disputa três partidas, incluindo uma nos finals contra os Mavericks, antes de se sagrar campeão.

Se nessa época jogou 28 encontros, em 2024/25 foram 62 (mais quatro de play-of) e pela primeira vez integrou o cinco inicial. Oportunidade que viveu em seis ocasiões. Esta será a quinta época do poste, de 26 anos, na NBA, terceira em Boston.

Ainda que não tenha entrado em qualquer partida no play-off, só 22 na fase regular, o extremo/poste eslovaco Richard Petruska foi o primeiro europeu campeão da NBA, pelos Rockets, em 1993/94. Na época seguinte, o poste croata Zan Tabak tornou-se no segundo europeu campeão, também nos Rockets, mas utilizado 8 jogos no play-off. No entanto, a ter jogado nos Finals, é preciso chegar ao extremo croata Tony Kukoc, tricampeão pelos Chicago Bulls (1995/96 a 1997/98).

Os 100 pontos (23+18+28+31) conseguidos por Wilt Chamberlain (25 ressaltos, 2 assistências) a 2 de março de 1962, na vitória dos Philadelphia Warriors contra os New York Knicks por 169-147, mantém-se como recorde da NBA. O poste continua a ter 11 vezes o seu nome no top 10 de jogos com mais pontos individuais, e cinco no top 5. O segundo melhor registo de Wilt são 78 pontos, na derrota dos Warriors contra os Lakers por 147-151. Pelo meio há apenas o jogo dos 81 pontos de Kobe Bryant a 22 de janeiro de 2006 num Lakers-Raptors que venceu por 122-104.

Com 42.184 pontos na regular season, LeBron James é o jogador com mais pontos na história da NBA. Contagem que se mantém ativa já que o extremo dos Lakers irá cumprir a 23.ª temporada. O recorde foi conseguido a 7 de fevereiro de 2023, no encontro em LA dos Lakers contra os Thunder, numa suspensão em queda para trás a 10.9s do fim do 3.º quarto (99-104), para somar 36 pontos. O que lhe permitiu ultrapassar Kareem Abdul-Jabbar (38.387) por um ponto. Quase 40 anos antes Kareem, ainda segundo do ranking depois de se ter retirado em 1988/89, havia ultrapassado Wilt Chamberlain (31.419), atual 7.º da lista.

A partida com mais pontos de sempre, 370, aconteceu a 13 de dezembro de 1983 com os Detroit Pistons a derrotarem os Denver Nuggets por 186-184, após três prolongamentos. Os 186 pontos dos Pistons é também o máximo de uma só equipa.