O limite de tempo que veio para ficar modificar o negócio

NBA 80 anos: 24s que salvaram o basquete profissional, limites salariais, a linha de três pontos

PARTE 2 de 4. Ainda que a Liga só vá celebrar, oficialmente, o seu 80.º aniversário em 2026/27, quando arrancar a 81.ª 'regular season', a NBA começou, esta semana, a disputar o seu 80.º campeonato. Liga de sucesso desportivo e financeiro para todos no mundo, com transmissão do campeonato em mais de 215 países e territórios, com superestrelas que marcam o desporto mundial. Ao longo destes dias, A BOLA vai apresentar 80 curiosidades, factos e histórias do percurso que atravessa oito décadas

Como a diminuição do tempo de ataque, limite que há quem diga que tem as contas mal feitas, modificou o basquetebol e trouxe mais pontos e público aos pavilhões, a adopção, algo relutante da linha de três pontos, o primeiro jogo de sempre foi no Canadá, Kings são os mais velhos, treinadores campeões por clubes diferentes e quando Boston foi o berço do All-Star Game. Este são alguns de mais 20 temas que atravessam 80 anos da NBA.

21 - 24 segundos que salvaram a NBA

Nos anos 50 do século passado, apesar da fusão entre a Basketball Association of America (BAA) e a National Basketball League (NBL), o negócio do basquetebol corria mal. O desejo de ganhar levava as equipas, com as táticas dos seu treinadores, a controlarem a bola por tempo indeterminado a partir do momento em que estavam a liderar. Sobretudo após o intervalo. A única maneira de recuperar a bola era fazendo faltas.

Ficou marcado, para sempre, o encontro a 22 de novembro de 1950, no qual os Fort Wayne Pistons, para derrotarem os Minneapolis Lakers, com a primeira grande estrela da NBA George Mikan, gelaram a bola. Terminou em 19-18. Até hoje mínimo de sempre da Liga. A partida teve oito(!) cestos de campo marcados, o resto foi de lance livre, e no último quarto registou-se 3-1.

Semanas depois os Rochester Royals e os Indianapolis Olympians disputaram um encontro que obrigou a seis prolongamentos, com cada conjunto a fazer um único lançamento, no último segundo, de cada tempo extra.

Em 1953, o embate de play-off entre os Boston Celtics e os Syracuse Nationals registou 106 faltas e 128 lances livres. Bob Cousy converteu 30 pontos de lance livre.

Já em 1954, outra vez no play-off, os Syracuse Nationals venceram os New York Knicks por 75-69 num embate com mais lances livres (75) do que lançamentos de campo (34).

Com dificuldade para vender bilhetes para o pobre espetáculo e com receio do fim do basquetebol profissional, Danny Biasone, ex-treinador de futebol americano e basquetebol de equipas semi-profissionais e dono dos Syracuse Nationals, achou que teria de existir uma regra que mudasse o rumo do jogo e obrigasse os técnicos e basquetebolistas a abdicarem das táticas de congelar a bola por tempo indefinido.

Com a ajuda do seu general manager Leo Ferris, construiu um cronómetro de 24s de ataque para colocar junto à linha de fundo de cada campo. Pegaram nos 48 minutos do jogo e dividiram o total de segundos (2.880) pela média de lançamentos (120) num encontro em que a bola não fosse congelada. Deu 24s.

O Board of Governors aceitou ambas as ideias e incluiu o limite de faltas por período de cada equipa cuja violação dá lances livres, e a experiência foi feita em 1954/55. O impacto foi imediato. A média de pontos por jogo da época anterior de 79,5 pts passou para 93,1 pts e os Celtics, que usavam a tática de segurar a bola por tempo indefinido contra os principais adversários, tornaram-se na primeira equipa a registar média de 100 pontos/jogo na temporada. Três anos mais tarde, todas já o conseguiram.

22 - Estreia com entrada à borla de 2,03m

O primeiro jogo de sempre da NBA foi disputado a 1 de novembro de 1946, uma sexta-feira, no Maple Leaf Gardens, em Toronto. Os New York Knickerbockers baterem os Toronto Huskies por 66-68. O primeiro cesto de foi conseguido pelo nova-iorquino Ossie Schectman. Curiosidade, quem medisse mais do que o poste dos Huskies George Nostrand (2,03m) não pagava. Nostrand terminou com 16 pontos.

23 - Do primeiro presidente ao quinto commissioner

Por incrível que possa parecer, em 80 anos da NBA apenas existiram cinco commissioners: Maurice Podoloff (16 anos) foi o primeiro desde a criação da Basketball Association of America (BAA) e era simultaneamente presidente da American Hockey League, sede onde foi arranjado um espaço para a NBA ter o primeiro escritório. Seguiu-se-lhe J. Walter Kennedy (12), Larry O’Brien (8), David Stern (30) e Adam Silver (há 11). Apenas se deixou de chamar presidente para se passar a designar commissioner a partir de 1967, durante a vigência de Walter Kennedy (1963-1975), por decisão dos donos dos clubes, que lhe deram maior poder, depois de ter sido decisivo para a liga ter passado de nove para 19 equipas e agora de costa a costa.

24 - Salários há 80 anos e já com limite por equipa

Para a primeira temporada da NBA, 1946/47, então Basketball Association of America (BAA), foi estabelecido um tecto salarial de 55 mil dólares (47.200 euros) por equipa. Os clubes foram instruídos a pagar salários anuais entre 3 mil (2.574) e 10 mil dólares (8.600), mas eram poucos os que recebiam mais de 6 mil (5.150).

Atualizando as quantias à inflação aos dias de hoje, seriam 914 mil dólares (€784 mil) por formação, com salários entre os 50 mil (€43 mil) e 166 mil (€142 mil).

Stephen Curry (Golden State Warriors) durante jogo com os Miami Heat na NBA
Stephen Curry (Golden State Warriors) durante jogo com os Miami Heat na NBA

25 - Liga que melhor paga aos trabalhadores

O tecto salarial para 2025/26 está nos 155 milhões de dólares (€133 milhões), mas a equipa com o volume de ordenados mais elevado são os Cleveland Cavaliers, com mais de 232 milhões (199 milhões). Nenhum clube pode ter menos de 139 milhões em salários dos jogadores (205 milhões). O basquetebolista mais bem pago volta a ser Stephen Curry (Warriors) com um salário de 59,6 milhões (51,1 milhões). O salário médio é de 11,8 milhões (10,13 milhões).

26 - Mais antigo clube da NBA

Apesar de só terem ingressado na NBA, então BAA, em 1948/49, os Sacramento Kings são considerados o clube mais antigo da Liga, ainda que tenha nascido fora dela. Fundados em 1923 como Rochester Seagrams, uma formação semi-profissional da cidade de Rochester, no estado de Nova Iorque, foram mudando de nome até entrarem na BAA como Rochester Royals. Com limites financeiros por estarem numa cidade pequena, em 1957/58 mudaram-se e passaram a ser Cincinnati Royals, depois Kansas City-Omaha Kings (1972/73), Kansas City Kings (1975/76) e, finalmente, em 1985/86 estabelecem-se na Califórnia como Sacramento Kings.

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27 - 20 Finals de Jogo 7

Em 2024/25, o título foi decidido no Jogo 7 dos Finals entre os Oklahoma City Thunder e Indiana Pacers (4-3). Foi apenas a 20.ª vez em que tal aconteceu em 79 edições da competição, que sempre teve essa possibilidade. A primeira aconteceu em 1950/51 entre os Rochester Royals e New York Knicks (4-3). As equipas que tiveram a hipótese de fechar o campeonato em casa levam vantagem de 16 v-4 d.

28 - Linha de três pontos

Apesar das quatro equipas da American Basketball Association — Nets, Pacers, Spurs, Nuggets — terem integrado a NBA em 1976/77, a linha de três pontos, a partir dos 7,24m, que existia na ABA desde 1967, apenas foi implantada na NBA no campeonato de 1979/80, à experiência por uma temporada. Chris Ford, dos Boston Celtics, converteu o primeiro triplo.

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29 - Phil Jackson, treinador recordista

29 – Phil Jackson é o treinador com mais títulos de campeão ganhos: 11. Seis pelos Chicago Bulls, cinco à frente dos Lakers. Feito conseguido em 20 temporadas. Êxito que lhe permitiu superar os nove de Red Auerbach com os Celtics, também em 20 épocas. John Kundla, que venceu cinco com os Minneapolis Lakers, e Pat Riley com quatro nos Los Angeles Lakers e um já com os Miami Heat têm mais um ceptro conquistado do que os quatro de Steve Kerr com os Golden State Warriors, único em atividade.

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30 - Campeões por clubes diferentes

Ao contrário do que acontece com jogadores, nenhum treinador em 79 campeonatos conseguiu levar três clubes diferentes ao título. O máximo foi por dois, são os casos de: Phil Jackson, à frente dos Chicago Bulls e Los Angeles Lakers, Pat Riley, liderando os Los Angeles Lakers e Miami Heat, e Alex Hannum com os St. Louis Hawks e Philadelphia 76’ers.

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31 – Gregg Popovich e as 1.390 vitórias

Com Greg Popovich oficialmente reformado, a 2 de maio de 2025, do cargo de treinador dos San Antonio Spurs depois de 29 anos a liderar os texanos, tendo conquistado cinco títulos (1998/99, 2002/03, 2004/05, 2006/07, 2013/14) em seis Finals (2012/13), o carismático técnico de 76 anos, que já não estava à frente da equipa devido a um acidente vascular cerebral a 2 de novembro de 2024, retirou-se ainda assim como o técnico com mais vitórias da regular season: 1.390. É seguido por Don Nelson (1.335), Lenny Wilkins (1.332), Jerry Sloan (1.221), Pat Riley (1.210), George Karl (1.175) e Phil Jackson (1.155). Todos já retirados.

32 – 135 jogadores não americanos

No arranque da temporada de 2025/26 verificou-se um recorde de 135 jogadores de 43 países na NBA, incluindo o português Neemias Queta (Celtics), e com o Canadá a ser o mais representado, com 23 jogadores, onde figura o MVP da época anterior Shai Gilgeous-Alexander. Foi a quinta vez consecutiva que a liga contou com, pelo menos, 120 não americanos, e a 12.ª com 100 estrangeiros. Todas as 30 equipas tinham pelo menos um.

Entre europeus, contabilizavam-se 71 basquetebolistas, com França a atingir o máximo de 19, seguido pela Alemanha com 7, e Sérvia, com 6. A Austrália iguala o seu recorde de elementos na NBA com 13.

O anterior recorde da NBA era 125 jogadores, registado em 2024/24, enquanto a sua origem ser de 43 países já acontecera em 2017/18, 2023/24 e 2024/25.

33 – Quinze mais três

Cada equipa tem de ter um mínimo de 12 jogadores e só pode ter um máximo de 15 jogadores ativos durante a regular season e play-off, a que se acrescentam mais três com contratos de duas-vias, que permite jogarem na G League em simultâneo. No entanto, estes estão limitados a um máximo de 50 partidas na fase inicial e impedidos de atuar no play-off. No banco têm de estar pelo menos oito suplentes. No entanto, existem algumas exceções durante certos períodos de tempo.

Ao longo do defeso, entre o final da época e até 24 horas antes de começar o campeonato cada clube pode ter 21 jogadores inscritos.

34 – Os mais altos

Com 2.31m, o romeno Gheorghe Muresan (6 épocas) e o sudanês Manute Bol (12) são os jogadores mais altos de sempre da NBA. Seguem-se-lhes o americano Shawn Bradley (14), o chinês Yao Ming (8), o montenegrino Slavko Vranes (1), e o senegalês Tacko Fall (3), todos com 2,29m.

35 – Os mais baixos

Os quatros basquetebolistas mais baixos de sempre a atuarem na NBA, todos com menos de 1.70m, são todos americanos. São eles: Muggsy Bogues (14 temporadas), com 1,60m; Earl Boykins (13), com 1,65m; Mel Hirsch (1) e Spud Webb (13), ambos com 1,68m.

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36 – Surpresa! Não é o n.º 23 mas o 12

O número 12 será o mais utilizado de sempre nas camisolas na NBA, calcula-se que 451 jogadores o terão escolhido ao longo de 79 campeonatos. Esta época, 15 das 30 equipas têm a camisola 12 ocupada, como é o caso de Ja Morant (Grizzlies), Stevem Adams (Rockets), De’Andre Hunter (Cavaliers), Tobias Harris (Pistons) e Zach Collins (Bulls). Os números 11 e 5 estarão igualmente entre os mais escolhidos da história.

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37 – 6 de Bill Russell eterno

A camisola n.º 6 utilizada por Bill Russell nas 13 temporadas em que jogou e nos quais conquistou 11 títulos pelos Boston Celtics é a única que foi retirada pela própria Liga para todos os clubes pouco depois do falecimento do icónico poste em julho de 2022, aos 88 anos. Os Celtics já o haviam feito em 1972, três anos depois de se ter retirado, mas numa cerimónia privada no Boston Garden a pedido do próprio jogador devido ao conflito que tinha desde sempre com a cidade e alguns devido a questões de racismo. No entanto, em 1999, o clube voltou a repetir o momento, agora com o pavilhão cheio.

Michael Jordan é um dos apenas quatro jogadores a ter o número retirado, 23, num clube onde nunca jogou, Miami Heat, além dos Chicago Bulls.

38 – Boston, o berço do All-Star Game

Apenas quatro épocas depois de ter sido criada a NBA, a liga passou a celebrar o All-Star Game, com as duas primeiras edições a terem lugar em Boston, já que o presidente dos Celtics Walter Brown colocou o Boston Garden à disposição da Liga sem custos para apoiar a ideia que teve origem do director de relações públicas da NBA Haskell Cohen, para repicar o que acontecia no basebol, e apoiada de imediato pelo presidente da Liga Maurice Podollof.

Nas 74 edições disputadas do All-Star Game, só não se realizou em 1999 devido ao lockout, a cidade de Boston, apenas voltou a receber o evento, que hoje em dia tem outra dimensão e passou a ser de três dias, em mais duas ocasiões (1956/57), a última em 1963/64.

39 - All-Star de regresso a LA no 75.º aniversário

Esta temporada, celebra-se a 75.ª edição do All-Stra Games tendo como palco o moderno Intuit Dome, em Inglewood (Califórnia), o mais recente pavilhão da Liga. Será a sétima vez que o All-Star acontece na área metropolitana de Los Angeles, mas a quarta com os Clippers como anfitriões. A última ocasião em que se jogara em Inglewood havia sido em 1982/83, quando os Lakers ocupavam o The Forum. Já a última mesmo na cidade de Los Angeles, aconteceu em 2017/18, no Staples Center, então casa dos Lakers e Clippers.     

Moda Center, pavilhão do Portland Trail Blazers Fotografia Imago

40 – Cidades sem All-Star

Das atuais 28 cidades da NBA, se considerar-mos que Nova Iorque tem duas equipas, New York Knicks e Brooklyn Nets, e Los Angeles outras duas, Los Angeles Lakers e Los Angeles Clippers, apenas Portland (Blazers), Sacramento (Kings), Memphis (Grizzlies) e Oklahoma City (Thunder) nunca receberam um All-Star Game.