Piloto de Leiria conta que tem melhorado o carro e agora só falta aparecerem os resultados «como a equipa merece» no Mundial Fotografia GoAgency/BIGPRESS

João Ferreira: «As vitórias consolaram, mas não apagaram o estrago»

Apesar de ter ganho duas etapas, João Ferreira conta que não saiu totalmente feliz do Rali Raid Portugal em todo o terreno, mas acredita que tem cumprido parte daquilo que lhe pediram quando o contrataram

Desde a primeira etapa do Rali Raid Portugal de todo o terreno que João Ferreira impôs um ritmo intenso com a Toyota Hilux que poucos, mesmo os companheiros da Toyota Gazoo Racing, ainda que esteja TGR South Africa, apoiada pela SVR, tiveram dificuldade de acompanhar. Assim como o espanhol Carlos Sainz (Ford Raptor) e o francês Sébastian Loeb (Dacia Sandrider).

A vitória e liderança no final do segundo dia da quarta prova do Mundial de todo o terreno, única realizada na Europa, prometia que o leiriense, de 26 anos, estava na luta pelo mais alto degrau do pódio.

Porém, um erro que levou à saída de estrada provocou um incêndio no carro e uma jante partida. Acidente que o deixou a 1.51h (52.º) do vencedor da etapa Lucas Moraes (Toyota Hilux) e atirou-o para a 32.º da geral.

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Moraes nunca mais largou o comando e tornou-se no primeiro brasileiro a ganhar um rali do Mundial, aproximando-se do líder do campeonato e tricampeão Nasser Al-Attiyah (Dacia Sandrider), futuro colega, e do atual companheiro de equipa, o sul-africano Henk Lategan (Toyota Hilux).

Sem nada a perder e muito a querer mostrar, no quinto e último dia João Ferreira voltou ao ataque e, já sem hipóteses na geral, terminou em 26.º, a 18.03,43 de Lucas Moraes, mas nos 103 km cronometrado entre Coruche e Salvaterra de Magos voltou a ser o mais rápido do dia (59,29m), deixando o qatari Nasser a impressionantes 1.13m e Sainz a 1.16m. Razões suficientes para falar com o piloto de Leiria que no início do ano trocou a Mini pela Hilux da Toyota Gazoo Racing SF.

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Depois do último dia sensacional em que ganhou a etapa e muito tempo à mais directa e forte concorrência, serviu para compensar a desilusão do que lhe aconteceu no terceiro dia? «Ah não, não serviu de consolo. Foi bom ter ganho a última etapa, mas não serviu para compensar o estrago que havia feito na terceira. Mas é o que é, não vale a pena lamentarmos. São coisas que podem acontecer, mas a culpa foi totalmente minha, portanto, foi bom estas duas vitórias para consolar um bocadinho, mas não apagaram o estrago todo feito para trás», afirmou João Ferreira que agora viajará para Marrocos para participar na última prova do Mundial, onde segue em 7.º (55 pts), a 16 pontos do campioníssimo Sébastian Loeb.

E depois de ter criado tanta expectativa de vitória nos portugueses após os dois primeiros dias, provavelmente em si também, para esta etapa final a mentalidade com que partiu era igual há dos dias anteriores ou sentiu que havia algo mais a provar? «Não, a mentalidade é sempre a mesma», responde de imediato. Obviamente que depois, em algumas partes, temos de ser inteligentes com a estratégia, mas, como pudemos ver, o vencedor, o Lucas [Moraes], ganhou a corrida por escassos segundos [53], no total de mais de 12 horas de condução, já nem sei quantas... Significa que temos que ir sempre com um ritmo muito forte e foi isso que aconteceu», salienta o estudante universitário de engenharia eletromecânica.

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«Tivemos a sorte com uma boa ordem de partidas, partimos atrás, a pista estava bem marcada e impondo o mesmo ritmo que tivemos nos outros dias, a pista acabou por nos dar a restante vantagem. Por isso vencemos o setor por 1.13m», conta.

Foi a sua primeira prova que disputou em Portugal desde que se mudou para a equipa e nos últimos meses já sabe o que consegue tirar do carro e até onde espera que possa chegar. O que é que o faz mover neste momento? «Fomos contratados pela equipa para ajudar no desenvolvimento e fazermos bons resultados e parte disso temos conseguido. Acho que temos melhorado muito o carro em conjunto com a equipa, agora faltam os resultados. Apesar de já termos ganho a Baja Aragon e a Baja de Reguengos, agora no Rali duas etapas, falta apenas fazer resultados como a equipa merece no Campeonato do Mundo e por isso é que, daqui a uma semana, vamos rumar para Marrocos e tentar novamente as nossas chances», afirma.

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E quais são as diferenças entre uma prova mais no deserto em Marrocos com a que disputou no Rali de Raid de Portugal? Qual é que prefere? «Gosto dos dois, são coisas completamente diferentes. Obviamente que estou mais habituado às corridas em Portugal, mas também já tenho alguma experiência de deserto e, portanto, gosto das duas. Não diria que escolhia uma mas, sinto-me mais confortável em Portugal», garante.

Por outro lado, também já fizemos excelentes etapas no deserto, um 2.º lugar numa etapa no Dakar e vencemos várias na categoria Challenge e SSV, portanto, sinto-me confortável uns dias. E é como disse, a equipa contratou-nos para andarmos bem e ganharmos corridas e é o que vamos tentar daqui a uma semana», reforçou o melhor português da classe ultimate do W2RC.