Pinto terminou com sabor «agre e doce», mas sonha com título Mundial
À partida para a quinta e última etapa do Rali Raid Portugal de todo o terreno, que finalizou a quarta e penúltima prova do Mundial W2RC com 287 km, 103 dos quais cronometrados entre Coruche e Salvaterra de Magos, havia a expectativa, especialmente a nível nacional, se Alexandre Pinto (Old Friends) iria sagrar-se campeão do mundo de SSV e resolver a luta directa com o italiano Enrico Gaspari (Old Friends).
Apesar de Gaspari ter ficado em 12.º na última especial, com mais 8.07m do que o vencedor Luís Cidade (South Racing, 1.04,25), Pinto terá de aguardar pelo derradeiro duelo no Rali de Marrocos (12-17 outubro) para se tornar no primeiro piloto luso a conquistar o título mundial.
Entre várias lutas, quem não perdeu a oportunidade de ganhar a prova portuguesa foi João Dias (Santag, 12.56,28h), repartindo o pódio com Alexandre Pinto (+18.26) e Ruben Rodrigues (Rio Seco, +28,22).
«Agre e doce», respondeu Alexandre Pinto sobre a que lhe sabia ter concluído o Rali Raid Portugal na segunda posição e viajar para África com 223 pontos, mais 33 do que Gaspari (190) e com o também transalpino Michele Cinotto (Polaris, 105) em 3.º mas fora da luta. «Não pelo 2.º lugar, mas por não ter conseguido ser campeão em casa. Seria perfeito. Agora ainda temos de ir a Marrocos discutir o Mundial, estamos muito perto», vai contando.
«Agre e doce também por não ter entrado na luta com o João, é sempre um enorme prazer andar no nível dos melhores, só que tínhamos de optar e fizemo-lo pelo campeonato. Andar no ritmo que é necessário para estar na frente cria um risco elevado de poder não terminar uma etapa ou prejudicar as contas do Mundial, por isso optámos por um ritmo conservador para pontuar. Conseguimos a pontuação máxima [55 pontos] e com isso saio contente. Vamos ver em Marrocos como é que vai ser», acrescentou Pinto.
Ainda assim, o homem da Old Friends teve oportunidade de celebrar o facto do seu navegador, Bernardo Oliveira, não ter tido a mesma necessidade de aguardar por Marrocos. Em Lisboa tornou-se no primeiro português campeão do mundo de todo o terreno.
«Honestamente ainda não caí na realidade», declarou Oliveira sobre o título como navegador. «Esperava ser campeão ao mesmo tempo com o Alexandre e por isso também para mim tem um bocado sabor agre e doce. Somos uma equipa, disputamos o campeonato juntos e eu estou a ser campeão uma ronda mais cedo do que ele, Mas esperemos que em Marrocos fechemos isto, sejamos campeões do mundo e trazer o título para casa», concluiu Bernardo Oliveira.
De sorriso permanente estava João Dias com a vitória no rali ao lado de Rui Pita. «Vencer a minha primeira prova do Mundial e ainda por cima em Portugal é um motivo de orgulho enorme. Ainda estou mais feliz por fazê-lo por uma equipa portuguesa», foi contando Dias antes de referir algumas dificuldades sentidas pelo modo como a prova é disputada.
«Não sei o que se passava para trás, mas vi muitas vezes o Gonçalo [Guerreiro] ser prejudicado pela saída dos T1 à nossa frente. Chegávamos a ter de passar duas vezes um concorrente que não nos tinha ganho tempo e nos ultrapassado em pista. Isso acabou por ser a maior dificuldade. Mas também tivemos uns problemas no primeiro dia, com pneus, que nos fez atrasar um pouco, mas conseguimos resolver logo».
«O resto dos dias foram limpos, tirando a situação do pó. Não houve problemas de maior, mas a nossa classe não teve muita concorrência como a que existiu nos challenger e porque o Alexandre [2R] esteve a controlar toda a corrida pois o que lhe interessava era o campeonato [mundial] e fê-lo bem. Por isso, as coisas foram acontecendo naturalmente», reforçou Dias, 2.º classificado na derradeira etapa (+0,17s), seguido de Alexandre Pinto (+2,01m).