Lucas Moraes não abrandou, João Ferreira só acelerou
Após quatro dias em que aconteceu de tudo um pouco, sobretudo entre alguns dos principais candidatos nos carros, a quinta e derradeira etapa do Rali Raid Portugal de todo o terreno, com 103 km cronometrados entre Coruche e Salvaterra de Magos, de um total de 287 km com partida e chegada a Lisboa, trouxe, novamente, emoção e expectativa à penúltima prova do W2RC.
Mas também: desobediência na luta pelo título nos carros por parte de Lucas Moraes (Toyota Hilux), que permitiu a estreia em vitórias no Mundial para um brasileiro; um campeão do mundo inédito nas motos com o australiano Daniel Sanders (KTM 450 Rally); a comprovação de que João Ferreira (Toyota Hilux) poderia ter ganho em casa ao vencer, pela segunda vez, uma etapa (59,29m) em que deixou o tricampeão Nasser Al-Attiyah (Dacia Sandrider) a 1.13m, e o espanhol Carlos Sainz (Ford Raptor) a 1.16m; e que Alexandre Pinto (Old Friends) se mantém à beira de sagrar-se campeão do mundo nos SSV, onde luta com o italiano Enrico Gaspari (Old Friends).
Classe em que o seu navegador, Bernardo Oliveira, não esperou pelo Rali de Marrocos (12-17 outubro), última prova do campeonato, e tornou-se no primeiro português campeão do Mundo de todo o terreno.
No entanto, a grande história do dia foi, sem dúvida, Lucas Moraes ter desobedecido às ordens da Toyota Gazzo Racing para tirar o pé do acelerador e deixar passar o colega sul-africano Henk Lategan (Toyota Hilux) para este aproximar-se do qatari Al-Attiyah. Haviam partido separados por 34s,
Moares (12.13,05h), que na próxima época muda-se para a Dacia, disse que não e venceu a prova portuguesa, seguido de Lategan (+53s) e do francês Sébastien Loeb (Dacia, +10.05m), com Al-Attiyah, que teve problemas de travões em três dias, a ser 5.º (24.13m) e Gonçalo Guerreiro (Tauris, 23,53m) como o melhor português e vencedor nos Challenger.
«Era uma corrida especial desde que, no ano passado, tinha ficado no pódio e ver todos os fãs brasileiros que temos em Portugal. Sabia que era uma prova muito importante para o campeonato, fomos consistentes e isso deu frutos no final. Estou contente por ter ganho pelo Brasil. É a primeira vez que um piloto brasileiro ganha uma etapa do W2RC. O carro esteve perfeito todos os dias, boa luta entre colegas de equipa e conseguimos o 1.º e 2.º lugar, assim como o título de construtores. Grande fim de semana e estou orgulhoso do que fizemos como equipa», referiu Moraes (130 pts) que nas contas do Mundial, onde é 3.º, passou a estar a 10 pontos do líder Al-Attiyah (140), com Lategan (131) em 2.º, mas poderia estar a 4 pts.
«No início havia, digamos, uma estratégia de equipa porque o Hank estava um pouco à frente no campeonato. Ela era que ele talvez pudesse ganhar e aproximar-se mais de Nasser, mas fizemos uma prova limpa todo o dia e agora estamos os dois muito próximos do Nasser e com uma boa hipótese em Marrocos », vai contando Lucas.
«Não, não houve uma ordem para o deixar passar, era mais uma estratégia, mas nós íamos tão bem durante a etapa, com ritmo, que decidimos que tínhamos hipótese de vencer e continuamos, mas mantendo o 1.º e 2.º lugar sem colocar em risco ambos os carros. Foi o que fizemos», justificou.