Nem tudo foram rosas no mercado do Benfica: afinal, o que falhou?
O Benfica teve mercado produtivo, contratando jogadores importantes, mas alvos de peso ficaram pelo caminho. Jogadores internacionais, jogadores caros, primeiras escolhas que por um motivo ou por outro não puderam ser apresentadas na Luz.
Nélson Semedo entrou cedo no raio encarnado. Em final de contrato com o Wolverhampton, o lateral-direito internacional português de 31 anos rapidamente apareceu na órbita da águia, que precisava de um nome importante para a posição.
Sendo jogador da casa, o apelo ao coração foi feito, mas Semedo teve sempre na cabeça um contrato muito superior àquele que o Benfica poderia oferecer. Nem o Wolverhampton chegou onde chegaria, afinal, o Fenerbahçe, então de José Mourinho, com a Turquia a beneficiar de um regime de impostos muito leve.
O primeiro grande sonho de verão foi, no entanto, Thiago Almada, 24 anos, criativo argentino, que faz lugares no meio campo e nas linhas, jogador de classe internacional. Estava no Lyon, cedido pelo Botafogo, clubes da alçada de John Textor, o tal norte-americano que tentou investir na SAD do Benfica.
O negócio nunca esteve muito favorável, mesmo quando as autoridades francesas decidiram despromover o Lyon por incumprimento financeiro. O Benfica tinha o Almada do seu lado, mas nunca conseguiu convencer Textor, que não se mostrou disponível para negociar na fasquia dos €25 milhões.
PRINCIPAIS OPERAÇÕES NÃO REALIZADAS
O negócio arrastou-se, até ao ponto em que o Atlético Madrid apareceu: Almada gostou do clube e da La Liga e assinou. Os números oficiais nunca foram conhecidos, alguns meios avançaram custo de €21 milhões por metade do passe.
Anis Hadj Moussa, extremo-direito argelino de 23 anos, foi apontado, a dada altura, como o homem que iria substituir Di María. O Feyenoord tem facultado jogadores de qualidade ao Benfica e o clube da Luz sabia o que queria.
Uma proposta na ordem dos €15 milhões, acompanhada de prémios por objetivos no valor de €3 milhões, viajou para os Países Baixos, o jogador estaria mais do que convencido sobre a mudança para a Luz, mas o emblema de Roterdão nunca aceitou, agarrado aos €20 M. Van Persie, antigo craque do ataque neerlandês e atual treinador do Feyenoord, fechou a porta, explicando que Moussa era jogador determinante na equipa.
O segundo grande sonho de verão, que viria a revelar-se pesadelo, ganhou vida em julho: João Félix. Primeiro, Bruno Lage, treinador do Benfica, fez trabalho importante, convencendo o jogador, fazendo Félix compreender que voltar a casa para trabalhar com a pessoa que o lançara poderia reavivar-lhe a carreira.
A seguir, o Benfica reuniu-se com Jorge Mendes, que representa o internacional português de 25 anos, definindo estratégias, depois o agente português começou a trabalhar diretamente com o Chelsea, com acesso a Behdad Eghbali, o milionário iraniano-americano que manda no futebol.
O Chelsea nunca terá abdicado de um negócio que lhe permitisse chegar aos €50 milhões que pagara por João Félix no verão de 2024 e o melhor que o Benfica conseguiria, após várias semanas de negociações, seria um pagamento inicial de €25 milhões por metade dos direitos. Teria mais tarde de pagar ao Chelsea o remanescente do passe, a partir de 2027/28, se não transferisse o jogador entretanto.
Tal como no processo de Almada, a operação arrastou-se, ficando à mercê da Arábia Saudita. No colo do Chelsea caiu o Al Nassr, de Jorge Jesus e Cristiano Ronaldo. E CR7 foi determinante: telefonou a João Félix ao fim da tarde de sexta-feira, 25 de julho, véspera da Eusébio Cup, e logo o jogo mudou.
Os valores eram incríveis para o avançado de 25 anos e na madrugada seguinte tudo ficaria formalmente decidido, ficando arrumada a possibilidade de o Benfica apresentar o seu menino bonito na festa do Pantera Negra, perante os seus adeptos, com a Luz a rebentar pelas costuras.
O último alvo conhecido foi Amoura. Atacante internacional argelino, 25 anos, craque do Wolfsburgo, na Bundesliga, só viria para a Luz se Akturkoglu saísse para o Fenerbahçe, por bom dinheiro, negócio que tardou a finalizar. Amoura agradava pela facilidade com que faz qualquer posição de ataque, mas os números do negócio eram uma loucura.
O Wolfsburgo nunca admitiu baixar da fasquia dos €35 M, o Benfica só poderia chegar perto dos €30 M e integrando prémios por objetivos. Não demorou muito, pois, a notícia de que o Benfica saíra de campo.