José Mourinho, treinador do Benfica - Foto Miguel Nunes
José Mourinho, treinador do Benfica - Foto Miguel Nunes

Grandes sob grande pressão

Mais do que nunca, é proibido perder pontos na Liga e qualquer deslize pode ser fatal para os candidatos ao título; por isso, é tão 'final' uma visita a Braga como uma receção ao último

O Benfica vai a Braga, Sporting e FC Porto recebem adversários da segunda metade da tabela (no caso dos dragões o último classificado, que ainda não venceu), mas o nível de pressão que vivem nesta última jornada da Liga do ano civil é igual. O mesmo de sempre. José Mourinho definiu ontem, em conferência de imprensa, os jogos do Benfica no campeonato como finais, e são — mas não só os das águias.

A diferença de valores entre os três candidatos ao título e os outros é tal que qualquer deslize pode ser fatal, seja em Braga ou numa receção ao Rio Ave ou ao Aves SAD. Porque vão ser raros, e se no passado havia a ideia de que dois pontos perdidos em dezembro podiam bem ser recuperados, agora, pelo menos esta época, é fácil duvidar disso.

Basta ver: em 15 jogos, o FC Porto venceu 14 e só empatou, em casa, com o Benfica; o Sporting venceu 12, empatou com SC Braga e Benfica e perdeu no Dragão. E o Benfica, que ainda não perdeu, vê-se a oito pontos do líder, e a três do segundo lugar, culpa dos empates caseiros com Casa Pia, Rio Ave e Santa Clara, a juntar aos outros dois contra os rivais. Por esta altura, na época passada, 38 pontos (Benfica) chegavam para liderar o campeonato, Sporting e FC Porto tinham 37. Agora, os 38 pontos dos leões significam um atraso de cinco pontos para o primeiro lugar...

Seja em Braga, seja em casa contra adversários da metade inferior da classificação, é proibido perder pontos, e qualquer deslize pode custar o campeonato. E é com essa pressão que as equipas têm de saber conviver. Até ver, têm-no conseguido — no caso do Benfica, apenas nas últimas semanas, e a análise de Mourinho às melhorias da equipa, depois da lesão de Lukebakio, acertaram na mouche. Mas a verdade é que temos visto os grandes — os três — tremerem mais do que os resultados indicam.

Que o FC Porto só tenha perdido dois pontos no campeonato depois do que se viu nas receções ao SC Braga ou ao Estoril ou na deslocação a Moreira de Cónegos; que o Sporting tenha vencido 12 jogos considerando o que aconteceu nos Açores, com o Santa Clara, ou em Famalicão; que o Benfica não tenha perdido ainda mais pontos lembrando as dificuldades na Madeira, com o Nacional, ou na receção ao Gil Vicente — são sinais da força psicológica dos candidatos ao título.

Quem conseguir manter essa força vai ser campeão, mais do que quem jogar melhor ou pior, porque o pior é muitas vezes suficiente para vencer na nossa Liga.