Gasperini: «Em Roma há uma paixão incrível»
O treinador da Roma, Gian Piero Gasperini, concedeu uma extensa entrevista ao jornal italiano «Corriere dello Sport», onde abordou temas relacionados com o seu antigo clube, a Atalanta, e os seus primeiros meses no comando dos romanos.
A saída da Atalanta e os primeiros meses na Roma
«Claudio Ranieri contactou-me em dezembro passado. Na altura, já tinha a sensação de que seria a minha última época na Atalanta. No ano anterior, o Nápoles também me tinha procurado, mas decidi ficar devido ao triunfo na Liga Europa, pois pensávamos que poderíamos conquistar mais troféus. Nos meus primeiros meses na Roma, fiquei impressionado tanto com os jogadores quanto com o clube. Todos sentem responsabilidade. Em Roma, há uma paixão incrível. Algo que só pode ser comparado a Nápoles num triunfo. Assinei por três anos e continuarei em frente, desde que haja paixão. Sem resultados, tudo o que se obtém são conversas. Sempre acreditei na prática de um futebol eficaz para alcançar a vitória. O meu verdadeiro crescimento deu-se em Bérgamo, a jogar na Europa. Agora, o meu estilo de jogo é bem conhecido e tornou-se um ponto de referência.», começou por dizer o técnico.
O mercado de transferências
«Prefiro falar dos jogadores que tenho à disposição do que das transferências que não se concretizaram. Alguns estão prestes a terminar contrato, outros estão emprestados, mas há sempre uma grande coesão. Normalmente, a janela de transferências de janeiro é para os futebolistas que não jogam muito, o que os leva a mudar de equipa. Por isso, nunca fiz grandes mudanças no plantel durante esta janela de transferências. Na minha opinião, o mercado deveria fechar antes do início da Serie A, ou pelo menos os treinadores deveriam decidir se continua ou não.», comentou em seguida.
A importância do ataque e da condição física no futebol atual
«É uma pena que Artem Dovbyk tenha tido de ir para a sua seleção. Vejo que ele está a melhorar e quero colocá-lo em plena forma. Quando tivermos Lorenzo Pellegrini, Paulo Dybala e Leon Bailey saudáveis, teremos uma presença diferente no ataque. A minha equipa não está ao nível da UEFA Champions League, o que só aumenta o mérito dos jogadores. Atualmente, todos se focam apenas no ataque, inclusive no mercado de transferências. Todos os principais clubes italianos compraram avançados. Na Atalanta, contratámos Duván Zapata e chegámos à Liga dos Campeões. Com Luis Muriel, voltámos lá, e com Charles De Ketelaere e Gianluca Scamacca, vencemos a Liga Europa. Alessandro Del Piero tem razão, agora os clubes olham para a condição física. As habilidades já não são valorizadas, exceto em Espanha. A Noruega marcou três golos à Itália, e deveriam vencer-nos no hóquei no gelo, não no futebol.», referiu.
As acusações de que os sucessos da Atalanta se devem a doping
«Estão a brincar? Qualquer um que tenha sequer pensado tal coisa, dessa forma, ofendeu-me a mim, à minha equipa técnica, ao clube, aos jogadores e ao seu trabalho e dedicação. Quando as pessoas não conseguem encontrar respostas verdadeiras, recorrem a calúnias e às piores fantasias possíveis. Sempre fomos limpos. Acredito no respeito pelas regras desportivas. Sempre lutei contra o doping. Odeio ver jogadores a simular em campo. Detesto quaisquer truques ou jogos sujos. Tudo isso é um ataque ao desporto que mais amo. Aquele que todos nós amamos e aceitamos como parte das nossas vidas. É por isso que muitas vezes fico furioso. Há uma diferença entre qualidade técnica e enganar ou simular. Tentar driblar na área para forçar um penálti também é uma habilidade, mas não consigo suportar o VAR. Este sistema de vídeo afasta-me do futebol que sempre conheci.», finalizou o técnico.
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