Foi com a melhor marca mundial do ano, 17,91 metros, que Pichardo conquistou o ouro. FPA/Sportimedia

«Fiquei cego com o ensaio do italiano, calcei os 'bicos' e consegui!»

Pichardo confessou que pensava ter garantido o ouro quando prescindiu do quinto salto. O ouro no triplo salto é para a família, o pai que esteve internado e a ajuda médica que lhe permitiu estar no Japão

Pedro Pichardo ficou na frente do concurso do triplo salto, com 17,55 metros, desde o segundo ensaio. Consistente, regular e sem que nenhum dos concorrentes parecesse conseguir fazer sombra ao português.

Focado e confiante decidiu abdicar do quinto salto, o que quase enfartou o pai que não sabia que ia fazê-lo. Descontraído. Demasiado, conforme confessou no final.

«Foi um triunfo arrancado do coração. Abdiquei do quinto ensaio e em princípio iria abdicar do sexto. Logo que o italiano saltou, quando ouvi o barulho, levantei-me rápido e fui calçar os meus bicos. Ainda tinha energia, só que pensava que já estava ganho. Tenho de agradecer ao atleta da Itália, que foi ele que fez com que saísse aquele salto, foi ele que puxou por mim. Se não fosse ele teria ficado pelos 17,55 m», contou.

Saltou 17,91 que o empurrou para o ouro e para a história do atletismo português já que repetiu o título mundial de 2022, algo que nenhum atleta luso conseguira até hoje.

«Não sabia que era o primeiro português a ganhar dois títulos mundiais. Não costumo reparar nisso nem fazer comparações. Fico contente por isso», referiu, sem abrir muito as ideias do futuro.

«No ano passado, o meu pai e a minha mãe puxaram-me as orelhas para eu não me aposentar, por isso agradeço-lhes porque foram eles que fizeram com que ficasse mais esse ano. Por enquanto estamos aqui, mas os meus pais e a minha esposa serão fundamentais para a minha decisão», disse, aproveitando para agradecer ao pai, e treinador.

«Foi o meu pai que me passou a energia, fez magia, sobretudo no último mês e meio. Esteve hospitalizado mais de uma semana, a lutar pela vida. Tinha também uma lesão grave nas costas, uma fratura e um edema, e o médico do Comité Olímpico, Dr. José Gomes, e o fisioterapeuta da FPA, Ricardo Paulino, foram incríveis e é graças a eles que estou aqui», elogiou.

Com este resultado, e dois títulos mundiais, Pichardo iguala o feito de Jonathan Edwards (1995 e 2001), ficando ambos atrás de Christian Taylor, que soma quatro títulos (2011, 2015, 2017 e 2019).

«Uau, uau, uau. É para mim uma honra igualar o Jonathan Edwards. Eu só quero ganhar. Penso nos recordes, mas não de medalhas. Só quero ganhar. Não sabia que o Edwards também tinha duas medalhas. É uma grande honra», atirou Pichardo que tem o sonho de bater o recorde mundial (18,29 m) que o britânico estabeleceu em 1995.