Do ataque à faca à despedida: Campeã de Wimbledon põe ponto final na carreira
Petra Kvitova emergiu no início de 2010 como um dos maiores talentos da sua geração. Em 2011, conquistou o título em Wimbledon ao derrotar Maria Sharapova na final e, três anos mais tarde, voltou a triunfar na relva sagrada de Londres. Com os seus potentes golpes de esquerda e uma postura serena, tornou-se uma das favoritas do público e uma presença constante na elite mundial.
Do pesadelo a «uma segunda carreira»
Em dezembro de 2016, o destino desferiu-lhe um golpe duro. Um assaltante atacou Kvitova na sua casa com uma faca, ferindo gravemente a mão com que jogava. Seguiu-se uma cirurgia delicada e meses de reabilitação. Durante muito tempo, foi incerto se conseguiria voltar a jogar ténis, quanto mais ao mais alto nível.
Incrivelmente, regressou em maio de 2017, no Roland Garros. A própria descreveu esse momento como o início da sua 'segunda carreira'. E essa carreira trouxe grandes sucessos. Logo em 2017, alcançou os quartos de final do US Open; em 2019, disputou a final do Australian Open contra Naomi Osaka; e em 2020, chegou às meias-finais de Roland Garros. Além disso, adicionou mais títulos WTA à sua coleção, terminando a carreira com mais de seiscentas vitórias e 31 torneios conquistados. A sua melhor classificação no ranking mundial foi o segundo lugar.
Uma lutadora dentro e fora do court
O regresso físico foi impressionante, mas Kvitova admitiu mais tarde que a batalha mental foi especialmente difícil. Lutou durante muito tempo com pesadelos e memórias traumáticas do ataque. Foi precisamente por isso que se tornou uma inspiração para colegas e adeptos.
«Chorei em court, tive flashbacks horríveis, tive pesadelos. Mas eu sabia: se consigo superar isto, sou uma lutadora de uma forma completamente diferente», disse há tempos.
Apesar das adversidades, Kvitova, 35 anos, olha para a sua carreira sem amargura: «Ainda adoro o ténis, mas tudo o que o rodeia – as viagens, a espera, a pressão – é desgastante. Com o meu filho, a minha vida mudou. Simplesmente quero passar mais tempo com ele. Não me arrependo de nada.»
Ainda adoro o ténis, mas tudo o que o rodeia – as viagens, a espera, a pressão – é desgastante. Com o meu filho, a minha vida mudou. Simplesmente quero passar mais tempo com ele. Não me arrependo de nada
A despedida no maior palco
O US Open é agora o palco para o seu último torneio. Na primeira ronda, Kvitova defronta a francesa Diane Parry. Para a checa, será, acima de tudo, uma despedida em grande estilo. A última vez no grande palco, sob os aplausos dos adeptos que a admiram há anos. Independentemente do quão longe chegue em Nova Iorque, este torneio marca o fim de uma impressionante jornada no ténis.