Osimhen e Lookman marcaram dois dos três golos da Nigéria na vitória por 3-2 com a Tunísia - FOTO IMAGO
Osimhen e Lookman marcaram dois dos três golos da Nigéria na vitória por 3-2 com a Tunísia - FOTO IMAGO

CAN 2025: favoritos confirmam, jogadores decidem

Acácio Santos, antigo adjunto da seleção da Nigéria, analisa em A BOLA a Taça das Nações Africanas (CAN)

A segunda jornada dos Grupos C e D voltou a mostrar aquilo que a AFCON tem de mais exigente: os favoritos confirmam estatuto, mas nunca sem resistência, nunca sem serem obrigados a decidir bem. E, nesses momentos, são quase sempre os melhores jogadores que fazem a diferença. Nem sempre acontece, mas adeptos, colegas de equipa e nós próprios, treinadores, esperamos que a magia surja e incline o jogo.

Tivemos o privilégio de trabalhar com os dois últimos Jogadores Africanos do Ano: Victor Osimhen (2023) e Ademola Lookman (2024). Dois jogadores diferentes em quase tudo, mas unidos por algo essencial — uma capacidade de sobrevivência e de luta extraordinárias, talvez enraizadas em infâncias difíceis.

Havia, da parte do José Peseiro, minha, do Maykel, do Vítor e do Nuno Carrapato, uma preocupação clara: criar um verdadeiro ambiente de casa.

Cada jogador que chegava ao estágio da seleção tinha de se sentir seguro, ouvido e respeitado. Um espaço onde pudesse ser ele próprio, libertar-se e representar a seleção do seu país com confiança e uma pressão saudável. Criámos uma relação de família com todos. Ainda hoje comunicamos, partilhamos momentos e fazemos questão de que sintam que continuam a pertencer a essa família.

A Nigéria venceu novamente e lidera o grupo com seis pontos, após o triunfo frente à Tunísia (3–2). Um jogo aberto, intenso e emocionalmente exigente, onde voltou a ficar clara a importância dos jogadores decisivos. Osimhen e Lookman apareceram nos momentos certos, não apenas pelos golos, mas pela forma como condicionaram a organização defensiva adversária, obrigando o rival a baixar linhas e a jogar desconfortável. Os últimos dez minutos foram de muita ansiedade, preocupação e expectativa.

A Tunísia, apesar da derrota, mantém-se viva na luta pelo apuramento. Tanzânia e Uganda continuam a competir com dignidade, mas precisam que os seus jogadores de referência consigam transformar esforço em decisão nos momentos-chave.

No Grupo D, Senegal e República Democrática do Congo confirmam favoritismo com quatro pontos. Empataram a um golo, dividiram pontos e partem para a última jornada com tudo em aberto. O Benim, porém, pode ser o elemento surpresa do grupo e tem condições para discutir o jogo da terceira jornada frente ao Senegal. O futebol já nos ensinou que tudo é possível.

Nota de destaque para Sadio Mané (33 anos) e Cédric Bakambu (34 anos), autores dos golos das respetivas seleções. Os melhores têm de aparecer no momento mais difícil.

A reflexão do dia é clara: sistemas ajudam, planos orientam, mas são os jogadores que resolvem. Na AFCON, o impacto real está na capacidade de aparecer no momento certo. Mané, Bakambu, Osimhen e Lookman fizeram-no. E é assim que os jogos se ganham.