Carlo Ancelotti, selecionador do Brasil, já de olho no Mundial de 2026 - Foto: Imago
Carlo Ancelotti, selecionador do Brasil, já de olho no Mundial de 2026 - Foto: Imago

Brasil: a hora do funil

'JAM sessions' é o espaço de opinião semanal do jornalista João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil

Quando, como o Brasil nesta Operação Ásia, se ganha um jogo por 5-0, à Coreia do Sul, e se perde outro, por 2-3, de virada, com o Japão, a conclusão que se pode tirar é que... não há conclusões a tirar.

Ou talvez haja: com apenas mais duas datas FIFA antes da escolha dos 26, chegou a hora de Carlo Ancelotti começar a estreitar, a afinar, a apontar, a limitar, a restringir e outros sinónimos de afunilar. Chegou, portanto, a hora do funil para o treinador — no italiano de Carletto, l’ora dell’imbuto.

Até agora, os canarinhos sob as ordens do italiano ganharam três vezes, empataram uma e perderam nas duas — Bolívia e Tóquio — em que o treinador decidiu mudar mais de meia equipa e testar as muitas soluções que tem ao dispor.

Aliás, entre quatro jogos a doer e dois particulares, Ancelotti já chamou 45 jogadores. É muita gente, até porque 19 deles, provavelmente mais, se ainda houver novas chamadas, como a do sempre enfermo Neymar, vão ficar necessariamente de fora.

Neste momento, a espinha dorsal do Brasil de Ancelotti tem só oito vértebras garantidas: Alisson na baliza, Marquinhos e Gabriel Magalhães na defesa, Casemiro e Bruno Guimarães, talvez Paquetá, no meio, Raphinha e Vinícius no ataque. Faltam os laterais e um atacante, provavelmente de referência, para formar um onze titular.

Se cavarmos mais nas convocatórias, Ederson deve ser o segundo guarda-redes, Militão opção para lateral conservador ou central e Martinelli, Estêvão e Rodrygo outros avançados móveis na calha. Eis metade, 13.

O terceiro guarda-redes está em aberto mas Bento aparece à frente — 14. Wesley, lateral-direito ofensivo da Roma, Alexsandro, sólido central do Lille, Carlos Augusto, seguro lateral-esquerdo do Inter, vêm sendo (quase) sempre chamados pelo selecionador. Dezassete. Faltam nove.

Beraldo e Léo Ortiz disputam a última vaga no eixo da defesa, 18, o veterano Danilo deve ser lembrado pela experiência, assim como o também flamenguista Alex Sandro, pelos mesmos motivos, 20. Ederson, Gomes, André, Joelinton, Andrey Santos, Jean Lucas ou Gerson dependem da forma nos clubes para sonhar com a reserva do trio Casemiro-Guimarães-Paquetá, 22.

Na posição 9, ou parecido, há Richarlison. E Matheus Cunha. Além de João Pedro. E de Igor Jesus. Todos de Premier League mas só uns dois, no máximo três, terão visto para a América do Norte, 25. Kaio Jorge goleador, até ver, do Brasileirão não cabe. Nem o craque Pedro… Já Luiz Henrique, explosivo, deve ser o último nome para as pontas e o 26.º e último da lista.

Se é suficiente para lutar pelo hexa, depende de Ancelotti conseguir ou não formar uma equipa. Para isso, precisa de afunilar. E já.