Ancelotti abre o livro: da peça chave de Amorim ao lamento sobre Neymar
Carlo Ancelotti abandonou o Real Madrid em maio para abraçar um novo desafio como comandante da seleção do Brasil. Seis meses depois, o técnico italiano frisou que se afastou do futebol de clubes no momento certo: «Pensar em ir para outro clube era complicado para mim pelo legado que tinha deixo aqui [Madrid]. Custava imaginar-me noutro clube, mas o Brasil chama-te e torna-se num grande desafio. »
«Ser selecionador é um trabalho distinto. Gosto muito do que estou a fazer. Receberam-me muito bem. Tomei a decisão correta», defendeu o técnico de 66 anos, já de olhos postos no Campeonato do Mundo. Ancelotti destacou a história da seleção brasileira, campeã mundial em cinco ocasiões distintas, mas garantiu que festejar nos Estados Unidos a 9 de julho de 2026 faz parte dos planos.
«Temos qualidade para competir e lutar. O objetivo é levantar o sexto Mundial. Para nos motivarmos temos de ter isso na cabeça», garantiu Ancelotti. O técnico italiano abriu o livro sobre algumas das caras que podem figurar na convocatória para a competição disputada nos EUA, no México e no Canadá.
Casemiro é, aos 33 anos, uma peça «vital» para o plano de jogo de Ancelotti. O ressurgimento do médio defensivo sob a batuta de Ruben Amorim no Manchester United foi aproveitado pelo italiano, que o treinou no Real Madrid: «O Case voltou, é um líder e um jogo muito importante para nós. Temos muita qualidade e uma equipa completa.»
Vinícius Junior integra o lote de jogadores diferenciados da canarinha, mas Ancelotti admite que na seleção, o extremo «não tem sido capaz de chegar ao nível do Real Madrid». A qualidade, ainda assim, é indiscutível: «O Vini é top. Está próximo do melhor nível, a jogar muito bem e a ser determinante. Tem um carácter forte, não se foca demasiado em erros ou críticas.»
Em sentido contrário, Neymar Jr. parece cada vez mais longe do Mundial 2026. O selecionador da canarinha realça o talento individual do n.º 10 do Santos, mas lamenta todos os problemas que o têm fustigado: «Ninguém pode discutir o talento do Neymar, mas nos últimos tempos tem tido problemas com lesões. Voltou a jogar, mas precisa de recuperar a melhor condição física.»
Endrick também tem perdido espaço, fruto da parca utilização (11 minutos) em Madrid esta época. «Não é verdade que tenha dito que devia sair de Madrid para ir ao Mundial. É um assunto do Real e do jogador. O clube sabe muito bem o que tem de fazer», frisou o técnico que lançou o avançado brasileiro nos merengues.
A paixão de Ancelotti pelo Brasil reflete-se no desejo de continuar no país depois de abandonar os bancos de suplentes: «Viver em Madrid depois da reforma? Porque não o Rio? Estou encantado.»