A redenção de Casemiro: dos momentos baixos a figura fulcral no Man. United
Uma pequena viagem pelos fóruns de adeptos do Manchester United permite concluir que grande parte dos simpatizantes dos red devils têm um desejo maior que todos os outros no que diz respeito ao mercado de transferências: é preciso comprar um médio com foco na recuperação, para fazer par com Bruno Fernandes no meio-campo a dois do 3x4x3 de Ruben Amorim.
Casemiro e Ugarte são os dois atletas que ocupam essa posição e não podiam viver momentos mais diferentes. O segundo, que ganhou a titularidade ao primeiro na época passada, tem sido suplente utilizado, mas não mais que isso. Por seu turno, o internacional brasileiro vive, em 2025/26, um período de redenção.
No ano passado, como o próprio admitiu, deixou de ser opção para Ruben Amorim. «Foi um dos anos mais importantes da minha carreira. Até mesmo pela escolha do treinador, acabas por ficar de fora, mas nunca deixei de trabalhar. Esse é o meu grande êxito», disse o médio numa entrevista em junho. Além do reconhecido impacto que tem no balneário, onde é visto como um líder, as melhorias no controlo do miolo com o tetracampeão pentacampeão têm sido fator de diferença, não só face à época passada, como também quando em comparação com o concorrente direto pela posição.
Os números mostram essa melhoria. Em 17 dos 18 golos sofridos pelo Manchester United na Premier League, Casemiro ou Ugarte estavam em campo. O brasileiro jogou 620 minutos e a equipa sofreu cinco golos, o uruguaio jogou 300 minutos e a equipa sofreu… 12. Mais do dobro dos golos sofridos em menos de metade do tempo. Não se pode dizer que a presença de um ou de outro médio seja, por si só, razão explicativa de todos os problemas defensivos da equipa de Manchester, mas não deixa de ser uma diferença clara.
Além do impacto defensivo, Casemiro é também uma figura importante no ataque. Nunca foi um médio goleador mas, em 2025/26, tem sido uma arma ofensiva de indiscutível importância para Ruben Amorim. Leva já quatro contribuições diretas para golo no campeonato — três golos e uma assistência — que só ficam atrás das cinco de Bruno Fernandes e das seis de Bryan Mbeumo.
O inegável contributo que dá esbarra na questão física: aos 33 anos, só disputou os 90 minutos numa das 10 partidas. Está em final de contrato, é o mais bem pago do plantel (recebe cerca de 400 mil euros por semana) e, apesar de o Manchester United ter opção de renovar por mais uma época, a imprensa inglesa avança que não deverá fazê-lo a não ser que o brasileiro baixe o salário. Para assumir esse papel, o clube tem sido associado a nomes como Elliott Anderson, do Nottingham Forest, ou Carlos Baleba, do Brighton. Mas não deverá ser Ugarte.
«Irreconhecível» e «confortável»
Segundo o The Athletic, o médio uruguaio, que foi treinado por Ruben Amorim no Sporting, foi alvo de críticas após a derrota na final da UEFA Europa League frente ao Tottenham, na época passada, tal como outros jogadores, como Alejandro Garnacho. A publicação avança que o treinador português disse a Ugarte, em frente a todo o plantel, que este estava «irreconhecível» face aos dias em que conviveram em Alvalade e que este havia ficado «confortável», o que teria levado a uma redução da intensidade em campo. Os números de Ugarte nesta temporada não demonstram que haja melhoria coletiva quando o médio, que chegou a Inglaterra vindo do PSG por 50 milhões de euros, é a opção principal ao lado do capitão Bruno Fernandes.
A ida ao mercado em janeiro é, segundo a imprensa inglesa, uma hipótese descartada, mas deverá acontecer no final da época. Um médio-defensivo será prioridade para o Manchester United, que, na altura, já contará — ou não, se não renovar — com Casemiro com 34 anos. Ainda não se sabe qual será o futuro do brasileiro após o Mundial, mas, em 2025/26, está a viver uma história de redenção.