Alan Varela, médio do FC Porto, em exclusivo: «Todos nos querem ganhar»
Discurso ambicioso e mentalidade «à Porto». Alan Varela falou com A BOLA sobre os objetivos para a época, as mudanças incutidas por Farioli e fez eco das palavras de André Villas-Boas: «Contra tudo e contra todos...»
—É inevitável começarmos pelo registo do FC Porto até ao momento: são nove vitórias em 10 jogos esta época. Como se explica este arranque?
—A equipa está muito bem, temos mostrado o que é jogar à Porto. Tudo isto também é mérito do corpo técnico e de todos os jogadores que estão a trabalhar ao máximo a cada dia para podermos enfrentar e ganhar cada partida.
—Um arranque que contrasta com a época passada, que o Alan viveu por dentro. Como se muda de forma tão rápida?
—É como diz, a última temporada não correu bem. Não correu bem e não concretizámos nenhum dos objetivos que tínhamos projetado. É verdade que foi um ano muito mau. Mas usar este emblema dá-nos mais ganas de virar a página, de enfrentar todos os desafios e de ganhar o máximo possível, como exige o clube.
—Já falou do mérito da equipa técnica de Francesco Farioli. E os jogadores? Houve uma mudança de chip da vossa parte?
—Claro que sim. As coisas não saíram bem no ano passado e essa mudança de chip foi muito importante para que este ano seja muito melhor.
—O FC Porto sofreu apenas dois golos até ao momento. Sendo o Alan médio-defensivo, como se justifica tamanha solidez?
—É muito trabalho. O míster dá-nos as ferramentas e nós, jogadores, aplicamo-las. Como já disse, trabalhamos todos os dias para que não nos marquem golos e para nós podermos marcá-los. É só trabalho...
—Vocês acabam os treinos visivelmente cansados... É sempre assim ou Farioli vai abrandando o ritmo de vez em quando?
—É sempre assim. Esta equipa técnica chegou com muita atitude, com uma ideia de jogo diferente, mas também com muito trabalho. As sessões de treino são muito intensas e parece-me que estamos a mostrar isso em cada jogo.
Esta equipa técnica chegou com muita atitude. As sessões de treino são muito intensas e parece-me que estamos a mostrar isso em cada jogo
—O que é que Farioli trouxe de novo para o Olival?
—O estilo de jogo e a atitude da equipa. Em comparação com a temporada passada, estamos muito melhores.
—Ainda assim, o treinador diz que há muito a melhorar. A que se refere em concreto?
—Todas as equipas têm a sua forma de jogar. Há alguns adversários que complicam mais a nossa missão, mas também somos uma equipa jovem. Precisamos de trabalhar mais, crescer mais e juntos, ser humildes na forma como enfrentamos cada jogo e melhorar nos treinos a cada dia que passa.
—Falando em forma de jogar, há quem defenda que a melhor maneira de bloquear este FC Porto é limitar o Alan. Como contorna essa situação?
—Entramos sempre com 11 em campo, não creio que o jogo passe apenas por mim. Mas temos várias ferramentas para enfrentar cada adversário, mesmo os que se tornam mais difíceis para nós. Mas não acho que o jogo do FC Porto passe só por mim.
—André Villas-Boas disse que, esta época, o FC Porto voltará a ter de lutar contra tudo e contra todos. Esse sentimento também reina no plantel?
—Claro que sim. Quando chegas ao clube, já te incutem essa ideia de muitas equipas estarem contra nós, de que todos nos querem ganhar. Isso e muito mais. Sempre foi assim e continuará a ser.
—Na Liga Europa, já venceram dois jogos em cima do apito final. Que efeito é que triunfos assim têm no grupo de trabalho?
—O nosso grupo está muito unido, trabalha muitíssimo. Nunca nos damos por vencidos. Lutamos sempre até ao final e esses resultados mostram um pouco aquilo que somos.
—A nível de objetivos, o campeonato é prioridade declarada no FC Porto. Os jogadores estão em sintonia com essa forma de pensar?
—Sim, claro. Temos o campeonato e também outras provas para jogar. Nós apontamos a todas as competições. O clube exige que sejamos capazes de competir por todas e vamos dar o máximo em cada uma delas. O campeonato é o objetivo principal, sim, mas queremos lutar por tudo.
—Esta edição da Liga Europa não está tão recheada de tubarões… É algo que obriga o FC Porto a assumir-se como um dos favoritos?
—O FC Porto é uma equipa muito grande e sinto que também é assim em termos europeus. Portanto, vamos lutar ao máximo. Ganhar a Liga Europa é um dos nossos objetivos.
«Jorge Costa era muito importante para nós e queremos honrá-lo com o título»
—A época estava a começar e o universo portista foi abalado pela morte de Jorge Costa. Como foi lidar com a partida de alguém tão próximo do plantel?
—O Jorge era uma pessoa muito importante para nós. Viveu muitos momentos connosco, apoiou-nos sempre, estava ao nosso lado no dia a dia… Foi uma perda muito grande, mas vamos recordá-lo sempre. Queremos lutar até ao final por ele e espero que possamos dar-lhe o título.
—Ia precisamente chegar aí. Honrá-lo é uma motivação extra?
—Claro. O Jorge era um de nós. Esteve sempre connosco e seria uma honra podermos poder dar-lhe o título.
—Esse fator, aliado à desilusão da época passada, faz com que, esta época, falhar seja proibido?
—Aprendemos com os erros, não é? E a verdade é que cometemos muitos [na época passada]. Temos de virar a página e continuar a trabalhar ao máximo. Isto ainda agora começou, não ganhámos nada.