Joan Laporta, presidente do Barcelona - Foto: Alvaro Estevez/EPA
Joan Laporta, presidente do Barcelona - Foto: Alvaro Estevez/EPA

Superliga: Barcelona isola Real Madrid

O 'regresso' dos catalães à família UEFA e um aliado e rival que se mantém para já sem reação

Não deve ser fácil ser presidente de um clube como o Barcelona, que goza dum enorme prestígio internacional com adeptos em todos os cantos do mundo do futebol, mas que, ao mesmo tempo, passa por uma séria crise financeira que já dura há vários anos e cujo final não se vislumbra. Joan Laporta herdou do seu antecessor, Josep Bartomeu, essa difícil situação que o tem obrigado a ter de encontrar soluções imaginativas, próximas ao funambulismo, que lhe têm permitido cumprir, quase em cima da hora, as normas de fair play financeiro impostas por LaLiga, algo mais permissivas que as da UEFA que impôs ao Barcelona uma sansão de €60 milhões pela venda de direitos televisivos futuros, multa depois reduzida para 15 milhões com a condição de que essas normas não voltem a ser vulneradas.

Joan Laporta entrega-se agora ao complicado equilíbrio de aproximar-se o mais possível à UEFA sem romper, por agora, pelo menos oficialmente, o seu compromisso, com Florentino Pérez, de sócios no projeto da Superliga. Nesse exercício de fortalecer a amizade com Aleksander Ceferin, Laporta esteve com ele em Paris na cerimónia de entrega da Bola de Ouro à qual, naturalmente, faltou Florentino, depois convidou-o para assistir ao jogo do Barça com o PSG embora isso o tenha obrigado a engolir o sapo de ter de receber o «traidor» Luís Figo no camarote de honra do estádio de Montjuic.

A compensação veio uns dias depois com a autorização da UEFA para que dispute em Miami o Villarreal-Barcelona da liga espanhola. Mas há mais favores que Laporta pode vir a necessitar e o mais próximo será que a UEFA considere que o Nou Camp, ainda em obras, reúna as condições para que nele se disputem os jogos da segunda fase da atual edição da Liga dos Campeões. Por outro lado, o caso Negreira, o vice-presidente dos árbitros a quem o Barcelona pagou durante anos até chegar aos 8 milhões de euros, continua sem ser julgado e uma sentença condenatória poderia levar a UEFA a aplicar o regulamento, expulsando o Barça das suas competições.

Laporta deu, esta semana, outro passo mais no sentido da aproximação: foi a Roma e efusivamente recebido por Ceferin e por Nasser Al-Khelaifi, que o convidaram para assistir à Assembleia Geral do EFC (European Football Clubs). No seu regresso a Barcelona, Joan Laporta afirmou que «o Barcelona tem uma posição muito clara» e que os «afetados» sabem qual é: «Queremos chegar a um acordo com a UEFA, pacificar o futebol europeu e que os clubes que estão na Superliga voltarem à UEFA. Estamos progredindo nas negociações e confio em alcançar um acordo o mais depressa possível, já estamos muito perto de conseguir um entendimento. Tanto Ceferin como Al-Kelahifi estão na posição de promover esse acordo e de nos acolher de novo na UEFA e na EFC.». Al-Kelahifi dá como um facto consumado o regresso do Barcelona e depois de recordar que a Superliga nasceu morta, lançou um apelo: «Queremos que todos voltem, incluindo o Real Madrid, esta é a sua família e a sua casa.» Por enquanto, por parte de Florentino Pérez, não há qualquer reação.